domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Despedida em Grande Estilo – Refilmagem melhorada com temas atuais

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Três Velhos Rabugentos

É muito bom perceber que nos tempos cínicos atuais, aonde o cinema de Hollywood se afunda cada vez mais em superproduções bilionárias, deficientes de elementos humanos, a maioria dando mais prejuízo do que outra coisa, e voltadas puramente para o escapismo da puberdade, riscos como este ainda são tomados. Despedida em Grande Estilo é uma produção mainstream de cinema entretenimento, no entanto, de um tipo diferente, com mais valor e próximo ao que era feito nas décadas de 1980 e 1990.

Apesar de ser uma refilmagem – o que neste caso funciona, justamente por refazer uma obra desconhecida do grande público e verdadeiramente antiga (de 1979 mais precisamente) – o longa entre outras coisas valoriza seus protagonistas, todos atores veteranos da terceira idade, dentro de uma indústria que raramente dá espaço para eles. É interessante notar também que filmes do tipo ainda possuem seu público, e que novas investidas em roteiros como este – que vêm se tornando quase um subgênero (com filmes como Antes de Partir, Última Viagem a Vegas, Ajuste de Contas e Amigos Inseparáveis, por exemplo)  – continuam a interessar os estúdios.



Além disso, o remake supera o original por acrescentar mais conteúdo ao núcleo motivador da trama, centrando o roteiro no hoje e servindo como reflexo de problemas atuais da política norte-americana e mundial. Desta forma, continuamos tendo os três amigos geriátricos inseparáveis Willie, Joe e Albert, agora nas peles dos vencedores do Oscar Morgan Freeman (Menina de Ouro), Michael Caine (Hannah e Suas Irmãs e Regras da Vida) e Alan Arkin (Pequena Miss Sunshine), substituindo os atores igualmente lembrados pela Academia Lee Strasberg (indicado por O Poderoso Chefão II), George Burns (vencedor por Uma Dupla Desajustada) e Art Carney (vencedor por Harry, o Amigo de Tonto), nos mesmos papeis respectivos.

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A diferença é que enquanto na versão original, os velhinhos decidem roubar um banco apenas para rechear o fim de suas existências de adrenalina, assim se sentindo vivos novamente, na reimaginação o crime é cometido por um motivo bem mais nobre, vingança – ou justiça fora da lei, chame como quiser. O trio passa seus dias finais, apenas contemplando a morte, até que seu tapete é puxado com força debaixo de seus pés. Willie (Freeman) não possui economias suficientes para ir visitar sua filha e neta em outra cidade. Joe (Caine) precisa dar respaldo para a filha e a neta, vivendo sob seu teto. E o rabugento Al (Arkin) cultiva sua empatia com gosto.

Na cena de abertura, em uma visita ao banco, na qual é avisado que pode perder a casa, o personagem de Caine presencia um assalto realizado com extremo requinte e eficiência. Para piorar a situação, entra em jogo o mote da trama e elemento mais urgente. Os três, que por mais de 30 anos trabalharam para a mesma empresa e coletam dela seus cheques de aposentadoria, assim como muitos outros funcionários presentes na fatídica reunião, são avisados de que a companhia está fechando as portas nos EUA e se mudando para um país asiático, terminando assim suas pensões também. O fato ressoa próximo aos brasileiros, e a polêmica envolvendo o tempo de contribuição de trabalho para a aposentadoria em nosso país.

Dito e feito, assim o personagem de Caine junta um mais um e ao lado de seus inseparáveis cúmplices decidem roubar seu próprio banco e sair do vermelho. O interessante deste roteiro, escrito por ninguém menos que Theodore Melfi, indicado ao Oscar pelo recente e cativante Estrelas Além do Tempo, baseado no texto original de Edward Cannon, é justamente acrescentar mais à mistura, dando credibilidade de sobra para a motivação dos infratores idosos, assim como encaixar comentários sociais e políticos relevantes, em especial ao que diz respeito à forma com que os idosos são tratados – mesmo num país de Primeiro Mundo como os EUA.

Apesar destas pinceladas de criatividade, como esperado, Despedida em Grande Estilo segue de perto uma fórmula que recai num tipo de filme seguro e sem grandes reviravoltas ou novidades em sua jornada. Mesmo assim, quando este caminho é feito ao lado de verdadeiros monstros da sétima arte, ele se torna menos tortuoso, e muito mais crível e prazeroso. Muitos afirmam que atores do naipe de Freeman e Caine, em especial, são convincentes até mesmo em comerciais de margarina. Pois bem, Despedida em Grande Estilo ganha muito ao incluir talentos gigantescos e dar-lhes espaço para fazerem o que sabem de melhor.

Quem comanda tudo é, inusitadamente, Zach Braff, ator da série Scrubs, e diretor de produções indie como os aclamados Hora de Voltar (2004) e Lições em Família (2014). Aqui, trabalhando pela primeira vez para um grande estúdio, a Warner, num filme com grandes nomes, o cineasta não faz feio e entrega uma obra redondinha, com bom ritmo, alívios cômicos eficientes e uma mensagem importante. Numa era de filmes barulhentos e de montagens epiléticas, Despedida em Grande Estilo surge como opção de cinema à moda antiga, com atores à moda antiga e diversão à moda antiga. Receitado para todo tipo de público, em especial os necessitados de nostalgia.

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É muito bom perceber que nos tempos cínicos atuais, aonde o cinema de Hollywood se afunda cada vez mais em superproduções bilionárias, deficientes de elementos humanos, a maioria dando mais prejuízo do que outra coisa, e voltadas puramente para o escapismo da puberdade, riscos como este ainda são tomados. Despedida em Grande Estilo é uma produção mainstream de cinema entretenimento, no entanto, de um tipo diferente, com mais valor e próximo ao que era feito nas décadas de 1980 e 1990.

Apesar de ser uma refilmagem – o que neste caso funciona, justamente por refazer uma obra desconhecida do grande público e verdadeiramente antiga (de 1979 mais precisamente) – o longa entre outras coisas valoriza seus protagonistas, todos atores veteranos da terceira idade, dentro de uma indústria que raramente dá espaço para eles. É interessante notar também que filmes do tipo ainda possuem seu público, e que novas investidas em roteiros como este – que vêm se tornando quase um subgênero (com filmes como Antes de Partir, Última Viagem a Vegas, Ajuste de Contas e Amigos Inseparáveis, por exemplo)  – continuam a interessar os estúdios.

Além disso, o remake supera o original por acrescentar mais conteúdo ao núcleo motivador da trama, centrando o roteiro no hoje e servindo como reflexo de problemas atuais da política norte-americana e mundial. Desta forma, continuamos tendo os três amigos geriátricos inseparáveis Willie, Joe e Albert, agora nas peles dos vencedores do Oscar Morgan Freeman (Menina de Ouro), Michael Caine (Hannah e Suas Irmãs e Regras da Vida) e Alan Arkin (Pequena Miss Sunshine), substituindo os atores igualmente lembrados pela Academia Lee Strasberg (indicado por O Poderoso Chefão II), George Burns (vencedor por Uma Dupla Desajustada) e Art Carney (vencedor por Harry, o Amigo de Tonto), nos mesmos papeis respectivos.

A diferença é que enquanto na versão original, os velhinhos decidem roubar um banco apenas para rechear o fim de suas existências de adrenalina, assim se sentindo vivos novamente, na reimaginação o crime é cometido por um motivo bem mais nobre, vingança – ou justiça fora da lei, chame como quiser. O trio passa seus dias finais, apenas contemplando a morte, até que seu tapete é puxado com força debaixo de seus pés. Willie (Freeman) não possui economias suficientes para ir visitar sua filha e neta em outra cidade. Joe (Caine) precisa dar respaldo para a filha e a neta, vivendo sob seu teto. E o rabugento Al (Arkin) cultiva sua empatia com gosto.

Na cena de abertura, em uma visita ao banco, na qual é avisado que pode perder a casa, o personagem de Caine presencia um assalto realizado com extremo requinte e eficiência. Para piorar a situação, entra em jogo o mote da trama e elemento mais urgente. Os três, que por mais de 30 anos trabalharam para a mesma empresa e coletam dela seus cheques de aposentadoria, assim como muitos outros funcionários presentes na fatídica reunião, são avisados de que a companhia está fechando as portas nos EUA e se mudando para um país asiático, terminando assim suas pensões também. O fato ressoa próximo aos brasileiros, e a polêmica envolvendo o tempo de contribuição de trabalho para a aposentadoria em nosso país.

Dito e feito, assim o personagem de Caine junta um mais um e ao lado de seus inseparáveis cúmplices decidem roubar seu próprio banco e sair do vermelho. O interessante deste roteiro, escrito por ninguém menos que Theodore Melfi, indicado ao Oscar pelo recente e cativante Estrelas Além do Tempo, baseado no texto original de Edward Cannon, é justamente acrescentar mais à mistura, dando credibilidade de sobra para a motivação dos infratores idosos, assim como encaixar comentários sociais e políticos relevantes, em especial ao que diz respeito à forma com que os idosos são tratados – mesmo num país de Primeiro Mundo como os EUA.

Apesar destas pinceladas de criatividade, como esperado, Despedida em Grande Estilo segue de perto uma fórmula que recai num tipo de filme seguro e sem grandes reviravoltas ou novidades em sua jornada. Mesmo assim, quando este caminho é feito ao lado de verdadeiros monstros da sétima arte, ele se torna menos tortuoso, e muito mais crível e prazeroso. Muitos afirmam que atores do naipe de Freeman e Caine, em especial, são convincentes até mesmo em comerciais de margarina. Pois bem, Despedida em Grande Estilo ganha muito ao incluir talentos gigantescos e dar-lhes espaço para fazerem o que sabem de melhor.

Quem comanda tudo é, inusitadamente, Zach Braff, ator da série Scrubs, e diretor de produções indie como os aclamados Hora de Voltar (2004) e Lições em Família (2014). Aqui, trabalhando pela primeira vez para um grande estúdio, a Warner, num filme com grandes nomes, o cineasta não faz feio e entrega uma obra redondinha, com bom ritmo, alívios cômicos eficientes e uma mensagem importante. Numa era de filmes barulhentos e de montagens epiléticas, Despedida em Grande Estilo surge como opção de cinema à moda antiga, com atores à moda antiga e diversão à moda antiga. Receitado para todo tipo de público, em especial os necessitados de nostalgia.

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