segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | Deu Ruim: Aroma de comédia indie, mas com sabor fraco

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Cada um lida com a dor do amor perdido à sua maneira. Se assemelhando muito às cinco fases do luto, o fim de um relacionamento muitas vezes é cercado pelo conflito de emoções diversas e adversas, que extravasam em comportamento até mesmo doentios. Em Deu Ruim, a extensão de um relacionamento – obviamente – ruim gera um efeito dominó catastrófico, quando uma dupla de amigos decide assaltar a casa de uma ex-namorada, na tentativa de talvez encontrar aquele famoso ‘closure’ – o fechamento de uma ferida aberta que ainda permanece latente.



Lançado no festival South by Southwest, a produção dirigida e roteirizada por Jason Headley tem os elementos que uma produção indie naturalmente traz em si. Originalmente, sua premissa é interessante, ao explorar o sentimento de perda e negação a partir das inusitadas e tão erradas decisões que tomamos quando não estamos muito dispostos a superar o fim de um relacionamento. Mas quando a narrativa entra em execução, Deu Ruim dá literalmente ruim. Com os seus atributos não se encaixando com espontaneidade, a comédia se torna uma experiência incompleta e até mesmo um tanto forçada.

Com personagens que trazem os maneirismos do cinema independente, sabem fazer referências de filmes cult interessantes e são peculiares à sua maneira, o longa ainda assim carece na construção de seus respectivos carismas. Incapazes de sustentar aquela vibe desajeitada e desconfortável que traz aquele toque caricato que cativa o público a querer conhecer mais suas histórias, os protagonistas chegam a ser rasos e superficiais. E não por falta de complexidade, mas sim pela superficialidade cômica que não desperta a atenção da audiência. Aqui, Matt L. Jones, Will Rogers e Eleanore Pienta têm os traços faciais da cena indie e até mesmo a expressividade necessária, mas entregam performances que – no final das contas – são reflexos de personagens pouco identificáveis até mesmo em suas esquisitices e maneirismos – que de fato deveriam se tornar o seu charme.

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Com uma direção simples que não destaca aos olhos, a comédia caminha de forma lenta, mesmo tendo pouco menos de uma hora e meia de duração. Tentando fazer do roubo da casa da sua namorada uma espécie de catarse emocional às avessas, Leo (Will Rogers) é um protagonista interdependente exaustivo e assim também é com boa parte dos diálogos performados pelo trio de atores. A sensação de desconforto paira sobre a narrativa, mas não da maneira correta.

E a maior frustração de Deu Ruim é justamente o fato do longa estar no caminho certo, mas não saber consolidar seu roteiro com a autenticidade que inicialmente apresenta. A produção se perde em si, às vezes anda em círculos e concentra sua narrativa em um grupo de personagens enclausurados em si mesmos emocional e fisicamente, sem saber exatamente o que fazer com o bom material bruto que possui. Com uma história blocada que não parece ter sido desenvolvida de forma criativamente estável, a comédia mais se assemelha a um emaranhado de boas ideias fracamente exploradas, nos enganando com aquele gostoso aroma de um café forte, cujo sabor acaba – eventualmente – sendo surpreendentemente fraco.

 

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Crítica | Deu Ruim: Aroma de comédia indie, mas com sabor fraco

Cada um lida com a dor do amor perdido à sua maneira. Se assemelhando muito às cinco fases do luto, o fim de um relacionamento muitas vezes é cercado pelo conflito de emoções diversas e adversas, que extravasam em comportamento até mesmo doentios. Em Deu Ruim, a extensão de um relacionamento – obviamente – ruim gera um efeito dominó catastrófico, quando uma dupla de amigos decide assaltar a casa de uma ex-namorada, na tentativa de talvez encontrar aquele famoso ‘closure’ – o fechamento de uma ferida aberta que ainda permanece latente.

Lançado no festival South by Southwest, a produção dirigida e roteirizada por Jason Headley tem os elementos que uma produção indie naturalmente traz em si. Originalmente, sua premissa é interessante, ao explorar o sentimento de perda e negação a partir das inusitadas e tão erradas decisões que tomamos quando não estamos muito dispostos a superar o fim de um relacionamento. Mas quando a narrativa entra em execução, Deu Ruim dá literalmente ruim. Com os seus atributos não se encaixando com espontaneidade, a comédia se torna uma experiência incompleta e até mesmo um tanto forçada.

Com personagens que trazem os maneirismos do cinema independente, sabem fazer referências de filmes cult interessantes e são peculiares à sua maneira, o longa ainda assim carece na construção de seus respectivos carismas. Incapazes de sustentar aquela vibe desajeitada e desconfortável que traz aquele toque caricato que cativa o público a querer conhecer mais suas histórias, os protagonistas chegam a ser rasos e superficiais. E não por falta de complexidade, mas sim pela superficialidade cômica que não desperta a atenção da audiência. Aqui, Matt L. Jones, Will Rogers e Eleanore Pienta têm os traços faciais da cena indie e até mesmo a expressividade necessária, mas entregam performances que – no final das contas – são reflexos de personagens pouco identificáveis até mesmo em suas esquisitices e maneirismos – que de fato deveriam se tornar o seu charme.

Com uma direção simples que não destaca aos olhos, a comédia caminha de forma lenta, mesmo tendo pouco menos de uma hora e meia de duração. Tentando fazer do roubo da casa da sua namorada uma espécie de catarse emocional às avessas, Leo (Will Rogers) é um protagonista interdependente exaustivo e assim também é com boa parte dos diálogos performados pelo trio de atores. A sensação de desconforto paira sobre a narrativa, mas não da maneira correta.

E a maior frustração de Deu Ruim é justamente o fato do longa estar no caminho certo, mas não saber consolidar seu roteiro com a autenticidade que inicialmente apresenta. A produção se perde em si, às vezes anda em círculos e concentra sua narrativa em um grupo de personagens enclausurados em si mesmos emocional e fisicamente, sem saber exatamente o que fazer com o bom material bruto que possui. Com uma história blocada que não parece ter sido desenvolvida de forma criativamente estável, a comédia mais se assemelha a um emaranhado de boas ideias fracamente exploradas, nos enganando com aquele gostoso aroma de um café forte, cujo sabor acaba – eventualmente – sendo surpreendentemente fraco.

 

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