sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Divertido e despretensioso, ‘Guerra sem Regras’ entrega o que promete e conta com um elenco formidável

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Guy Ritchie tem um apreço bastante considerável por histórias de espionagem e já nos entregou títulos que são relembrados até hoje, seja por se mostrarem competentes incursões cinematográficas do gênero, seja pela fama que conquistaram desde sua estreia. Temos, por exemplo, obras como ‘Infiltrado’, ‘Magnatas do Crime’, ‘Sherlock Holmes’ e ‘O Agente da U.N.C.L.E.’ – que revelaram a inclinação constante do cineasta por investidas dentro desse escopo, misturando a espionagem com comédia, drama, ação e até mesmo suspense. Agora, em 2024, ele está de volta com um ambicioso longa-metragem intitulado ‘Guerra Sem Regras’, que chegou ao catálogo do Prime Video no dia de hoje (25).

Baseado no livro de não-ficção ‘Churchill’s Secret Warriors’, assinado por Damien Lewis e lançado há uma década, o filme acompanha o primeiro time de forças especiais da história, formado durante os momentos decisivos da II Guerra Mundial pelo então primeiro-ministro Winston Churchill, após as constantes perdas que o exército britânico tinha à medida que enfrentavam o exército nazista. Dessa forma, Churchill forma um grupo inesperado de dissidentes que trabalha fora da jurisdição militar inglesa e utiliza técnicas nada ortodoxas para garantir que as missões alcancem sucesso. No geral, não há nada de novo dentro do estilo proposto por Ritchie, mas o resultado é divertido mesmo carregado de restrições e convencionalismos, principalmente pelo ótimo trabalho de um formidável e carismático elenco.



Dois homens armados em uniforme militar dentro de casa.

Há dois núcleos a serem acompanhados aqui, que saem de um ponto em comum e convergem para um mesmo objetivo. O primeiro deles é centrado em um grupo de homens responsável por colocar a mão na massa – incluindo trabalhos em campo, implementação de bombas e múltiplos assassinatos -, liderado por Henry Cavill como Gus March-Phillips. Aqui, Cavill desfruta de uma ótima química com nomes como Alan Ritchson (Anders Lassen), Alex Pettyfer (Geoffrey Appleyard), Henry Golding (Freddy Alvarez) e Hero Fiennes Tiffin (Henry Hayes), cada qual com seu momento de brilhar em cena – algo difícil de se fazer, considerando o ensemble que domina as telas. Cavill e Ritchson são responsáveis por roubar os holofotes dentro desse primeiro escopo, nutrindo de sólidas performances que nos arrebatam desde os primeiros minutos.

O segundo núcleo é centrado na calculista dupla formada por Marjorie Stewart (Eiza González) e Heron (Babs Olusanmokun), contratados pelo serviço de inteligência britânico para criarem um papel de distração no tocante aos nazistas e garantir que a missão seja cumprida. Olusanmokun faz um ótimo trabalho ao manter-se fiel à identidade propositalmente monocromática do personagem que encarna, mas é González quem domina os holofotes em qualquer cena que aparece, demonstrando uma gama invejável de habilidades que reafirma sua incrível versatilidade artística. De qualquer modo, a dupla funciona com perfeição ao encarnar trejeitos verbais e performáticos da Era de Ouro de Hollywood, resgatando o glamour e a estética dos anos 1940 para compor as personas que eternizam em uma mistura de nostalgia e modernidade.

ministry

Como já mencionado nos parágrafos acima, o longa não tem qualquer intenção de reinventar o gênero de espionagem ou de guerra, apostando fichas em uma conhecida história que traz certos elementos de originalidade ao conseguir, com sucesso, mesclar vários estilos narrativos em um mesmo lugar. Em outras palavras, à medida que o elenco vai se soltando e se deixando levar pela despretensão do roteiro, é notável como as falas se tornam mais naturais e fluidas, caminhando para que cada um dos membros do elenco se sinta confortável dentro das limitações arquetípicas de seus personagens – o que funciona com praticidade e permite que as poucas mais de duas horas deslizem em um ritmo frenético e que não cansa os espectadores.

Apesar de saber que lida com muitas fórmulas, Ritchie comanda essa familiar estrutura com firmes mãos e com jogadas de câmera bem pensadas e sagazes, emulando, inclusive, obras pelas quais ficou responsável nos anos anteriores. Há uma perceptível distinção entre os momentos de tensão, os de drama e os de comédia, garantindo que esses beats sejam acompanhados por uma caprichosa trilha sonora assinada por Christopher Benstead (colaborador de longa data do diretor), marcada por batidas de jazz, pratos e um uso extenso de tambores dissonantes. Não obstante tais aspectos de sucesso palatável, há um grande obstáculo enfrentado pela produção que se estende à sua própria duração, criando certas “barrigas” que poderiam ser enxutas por uma cautela maior do time de quatro roteiristas que, às vezes, não sabem em que direção seguir.

ministry1 gkpc videosixteenbynine3000

‘Guerra Sem Regras’ poderia muito bem se tornar um desastre completo, mas, ao recontar eventos de importância considerável para o andamento dos momentos finais da II Guerra Mundial sem dar um passo maior que a perna, entrega o que promete desde os minutos finais ao momento em que os créditos sobem nas telas. Novamente, nosso maior apreço vem com o elenco e com parte dos aspectos técnicos, rearranjados de maneira a cativar os espectadores e fornecer um título aprazível para o final de semana.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Baseado no livro de não-ficção ‘Churchill’s Secret Warriors’, assinado por Damien Lewis e lançado há uma década, o filme acompanha o primeiro time de forças especiais da história, formado durante os momentos decisivos da II Guerra Mundial pelo então primeiro-ministro Winston Churchill, após as constantes perdas que o exército britânico tinha à medida que enfrentavam o exército nazista. Dessa forma, Churchill forma um grupo inesperado de dissidentes que trabalha fora da jurisdição militar inglesa e utiliza técnicas nada ortodoxas para garantir que as missões alcancem sucesso. No geral, não há nada de novo dentro do estilo proposto por Ritchie, mas o resultado é divertido mesmo carregado de restrições e convencionalismos, principalmente pelo ótimo trabalho de um formidável e carismático elenco.

Dois homens armados em uniforme militar dentro de casa.

Há dois núcleos a serem acompanhados aqui, que saem de um ponto em comum e convergem para um mesmo objetivo. O primeiro deles é centrado em um grupo de homens responsável por colocar a mão na massa – incluindo trabalhos em campo, implementação de bombas e múltiplos assassinatos -, liderado por Henry Cavill como Gus March-Phillips. Aqui, Cavill desfruta de uma ótima química com nomes como Alan Ritchson (Anders Lassen), Alex Pettyfer (Geoffrey Appleyard), Henry Golding (Freddy Alvarez) e Hero Fiennes Tiffin (Henry Hayes), cada qual com seu momento de brilhar em cena – algo difícil de se fazer, considerando o ensemble que domina as telas. Cavill e Ritchson são responsáveis por roubar os holofotes dentro desse primeiro escopo, nutrindo de sólidas performances que nos arrebatam desde os primeiros minutos.

O segundo núcleo é centrado na calculista dupla formada por Marjorie Stewart (Eiza González) e Heron (Babs Olusanmokun), contratados pelo serviço de inteligência britânico para criarem um papel de distração no tocante aos nazistas e garantir que a missão seja cumprida. Olusanmokun faz um ótimo trabalho ao manter-se fiel à identidade propositalmente monocromática do personagem que encarna, mas é González quem domina os holofotes em qualquer cena que aparece, demonstrando uma gama invejável de habilidades que reafirma sua incrível versatilidade artística. De qualquer modo, a dupla funciona com perfeição ao encarnar trejeitos verbais e performáticos da Era de Ouro de Hollywood, resgatando o glamour e a estética dos anos 1940 para compor as personas que eternizam em uma mistura de nostalgia e modernidade.

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Como já mencionado nos parágrafos acima, o longa não tem qualquer intenção de reinventar o gênero de espionagem ou de guerra, apostando fichas em uma conhecida história que traz certos elementos de originalidade ao conseguir, com sucesso, mesclar vários estilos narrativos em um mesmo lugar. Em outras palavras, à medida que o elenco vai se soltando e se deixando levar pela despretensão do roteiro, é notável como as falas se tornam mais naturais e fluidas, caminhando para que cada um dos membros do elenco se sinta confortável dentro das limitações arquetípicas de seus personagens – o que funciona com praticidade e permite que as poucas mais de duas horas deslizem em um ritmo frenético e que não cansa os espectadores.

Apesar de saber que lida com muitas fórmulas, Ritchie comanda essa familiar estrutura com firmes mãos e com jogadas de câmera bem pensadas e sagazes, emulando, inclusive, obras pelas quais ficou responsável nos anos anteriores. Há uma perceptível distinção entre os momentos de tensão, os de drama e os de comédia, garantindo que esses beats sejam acompanhados por uma caprichosa trilha sonora assinada por Christopher Benstead (colaborador de longa data do diretor), marcada por batidas de jazz, pratos e um uso extenso de tambores dissonantes. Não obstante tais aspectos de sucesso palatável, há um grande obstáculo enfrentado pela produção que se estende à sua própria duração, criando certas “barrigas” que poderiam ser enxutas por uma cautela maior do time de quatro roteiristas que, às vezes, não sabem em que direção seguir.

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‘Guerra Sem Regras’ poderia muito bem se tornar um desastre completo, mas, ao recontar eventos de importância considerável para o andamento dos momentos finais da II Guerra Mundial sem dar um passo maior que a perna, entrega o que promete desde os minutos finais ao momento em que os créditos sobem nas telas. Novamente, nosso maior apreço vem com o elenco e com parte dos aspectos técnicos, rearranjados de maneira a cativar os espectadores e fornecer um título aprazível para o final de semana.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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