domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Duas Bruxas – A Herança Diabólica – TERROR Indie traz duas histórias mal resolvidas em filme irregular

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Originalmente o gênero do terror leva muitos estudantes de cinema a se aventurarem na criação de monstros e situações onde possam expor suas qualidades em efeitos especiais e caracterização. Alguns vingam na indústria e se tornam grandes nomes no gênero, mas, existe uma outra categoria pela qual a maioria dos nomes passa antes dos holofotes virarem para si: o cinema independente. Mais especificamente, o terror indie – aquele de baixo orçamento e muita boa vontade, no qual as pessoas se reúnem para dar vida a uma história, mesmo que não tenham tantos recursos ou experiências para entregar algo de boa qualidade, como pode ser visto em ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’, estreia do gênero nas salas de cinema brasileiras a partir desta quinta-feira com distribuição nacional da Synapse.



Dividido em duas partes e um epílogo, em ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ acompanhamos duas gerações de bruxas em histórias diferentes: a primeira, mais velha (Marina Parodi), e a segunda, neta daquela, Marsha (Rebekah Kennedy). Na primeira parte conhecemos Sarah (Belle Adams), que está grávida de Simon (o engessadíssimo Ian Michaels) e vive um relacionamento comum até que, certa noite, durante um jantar em um restaurante, seu olhar se cruza com o de uma velha senhora bastante assustadora, e a partir daí Sarah cisma de que o olhar da velha a está perseguindo onde quer que vá. Numa tentativa de não levar a sério o que lhe ocorre, ela e Simon decidem visitar um casal de amigos no interior do país, mas uma sessão de ocultismo mal realizada trará perigo à vida de todos.

Com uma hora e trinta e oito de duração e dividido em três partes que se conectam mui fragilmente, a sensação final de assistir a ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ é que o projeto é um compilado de dois trabalhos independentes que foram juntados com o artifício das bruxas mas que, na prática, são duas histórias separadas. Ao menos a segunda parte é mais bem realizada do que a primeira. Soma-se a isso o tal epílogo, pretensiosamente dando indícios de que o projeto se dispõe a virar franquia – algo bastante comum no universo indie do terror, mas bastante pretensioso para este título em particular.

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Ao contrário de outros terrores independentes que chegaram por aqui nos últimos anos, trazidos por Ari Aster e Robert Eggers, ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ tem atuações caricatas, sem qualquer preparação, e efeitos visuais limitados, valendo-se muito nas maquiagens e na repulsa que o gore incute no espectador. O resultado é um filme confuso com cenas aleatórias de laceração explícitas que entram de repentemente na história, sem causar susto ou lógica no enredo.

Mas o problema principal em ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ é a continuidade – que, por sua vez, tem a ver com a montagem do projeto de Pierre Tsigaridis. Às vezes um personagem está fazendo alguma coisa e literalmente na cena seguinte ele está fazendo outra, sem transição entre as duas ações. Somatizado com os pontos já acima mencionados, a impressão final é uma bagunça só.

Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ não traz nada de novo ao gênero e suas cenas de terror/gore isoladamente funcionam, mas não na trama. Irregular e esquisito, seria um bom projeto caso tivesse ganhado mais orientação ao longo de sua trajetória.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Dividido em duas partes e um epílogo, em ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ acompanhamos duas gerações de bruxas em histórias diferentes: a primeira, mais velha (Marina Parodi), e a segunda, neta daquela, Marsha (Rebekah Kennedy). Na primeira parte conhecemos Sarah (Belle Adams), que está grávida de Simon (o engessadíssimo Ian Michaels) e vive um relacionamento comum até que, certa noite, durante um jantar em um restaurante, seu olhar se cruza com o de uma velha senhora bastante assustadora, e a partir daí Sarah cisma de que o olhar da velha a está perseguindo onde quer que vá. Numa tentativa de não levar a sério o que lhe ocorre, ela e Simon decidem visitar um casal de amigos no interior do país, mas uma sessão de ocultismo mal realizada trará perigo à vida de todos.

Com uma hora e trinta e oito de duração e dividido em três partes que se conectam mui fragilmente, a sensação final de assistir a ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ é que o projeto é um compilado de dois trabalhos independentes que foram juntados com o artifício das bruxas mas que, na prática, são duas histórias separadas. Ao menos a segunda parte é mais bem realizada do que a primeira. Soma-se a isso o tal epílogo, pretensiosamente dando indícios de que o projeto se dispõe a virar franquia – algo bastante comum no universo indie do terror, mas bastante pretensioso para este título em particular.

Ao contrário de outros terrores independentes que chegaram por aqui nos últimos anos, trazidos por Ari Aster e Robert Eggers, ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ tem atuações caricatas, sem qualquer preparação, e efeitos visuais limitados, valendo-se muito nas maquiagens e na repulsa que o gore incute no espectador. O resultado é um filme confuso com cenas aleatórias de laceração explícitas que entram de repentemente na história, sem causar susto ou lógica no enredo.

Mas o problema principal em ‘Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ é a continuidade – que, por sua vez, tem a ver com a montagem do projeto de Pierre Tsigaridis. Às vezes um personagem está fazendo alguma coisa e literalmente na cena seguinte ele está fazendo outra, sem transição entre as duas ações. Somatizado com os pontos já acima mencionados, a impressão final é uma bagunça só.

Duas Bruxas – A Herança Diabólica’ não traz nada de novo ao gênero e suas cenas de terror/gore isoladamente funcionam, mas não na trama. Irregular e esquisito, seria um bom projeto caso tivesse ganhado mais orientação ao longo de sua trajetória.

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