domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | É Fada!

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VÃO FALAR QUE ESTA CRÍTICA É COISA DE HATER

 

A única coisa que se aproxima do suportável no filme É Fada!, de Cris D’Amato, vulgo filme da Kéfera, é a atuação de Klara Castanho, que consegue transformar borracho em bronze – porque criar ouro a partir do roteiro, só uma Meryl Streep. A menina tem futuro; torcer para receber melhores papéis no cinema. Tirando isso, a única coisa razoável no filme é sua duração: menos de 90 minutos. Os pais agradecem!



No filme, a fada Geraldine (Kéfera Buchmann) perde as asas e, para recuperá-las, precisa dar um jeito na vida de Julia (Klara Castanho). Julia leva uma vida humilde ao lado do pai. Com o regresso da sua mãe rica, ela passa a estudar em uma escola de alto padrão. É a clássica história da garota que não consegue se adaptar ao meio. Isto não seria problema. O clichê, se bem usado, resulta em bons filmes, como o Cinderella, de 2015. É Fada! não! Personagens, situações, desenvolvimento, piadas, lógica, enfim, tudo é ruim e superficial.

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O roteiro não consegue estabelecer a lógica da sua protagonista. Os limites dos poderes de Geraldine são confusos, apesar das explicações. Lá pelo final do segundo ato, ao tentarem invadir uma festa, Geraldine diz que uma magia para transportarem elas para dentro da festa consumiria muita energia. Mas, logo em seguida, ela mesma se teletransporta para o interior da festa, para ajudar Julia a escalar uma parede! Custava ter levado a garota junto?! Geraldine também é invisível, sendo visível apenas quando e para quem ela quer. Então, por que diabos, no primeiro ato do filme, ela usa mil e um disfarces para stalkear Julia na escola, se ela poderia ter feito tudo isso invisível?!

A falta de lógica se justifica “em nome do humor”. Na tentativa de fazer piada, a lógica foi mandada embora. Afinal, é muito engraçado ver a Kéfera de barbixa… O que o roteiro não compreende é que implodir a lógica interna da narrativa para fazer piada desidrata qualquer tentativa de humor – isto ficou evidente na minha sessão, onde os risos ficaram aquém dos esforços do filme.

É Fada! deixa evidente o esquematismo das comédias da Globo Filmes: uma história cheia de furos, com piadas sem sal, temperada com um momento supostamente dramático que vai render alguma cena final supostamente edificante para justificar as falhas de caráter dos personagens e fazer o público sair leve da sala de cinema. O problema disso é que os filmes nem abraçam o lado anárquico das comédias (derrubando qualquer moralismo ou visão politicamente correta) e nem abraçam o lado mais edificante, comum em comédias dramáticas. No fundo, são comédias inofensivas, que muitas vezes reforçam estereótipos e preconceitos e, muitas vezes, não fazem o básico, divertir o público!

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Além de elevar o esquematismo ao cubo, É Fada! acrescenta injúria à infâmia: Julia é maravilhosa, mas sente o impacto de começar a estudar em uma escola cheia de alunos fúteis. Em geral, esse novo ambiente seria suficiente para despertar o conflito “da garota que vai contrariar a sua natureza boa e cometer erros para se tornar popular”. Mas, a grande responsável por desviar Julia do caminho é Geraldine. Basicamente, ela convence Julia da importância de ser fútil e de mudar seu jeito para ser aceita pelo grupo. Essa postura duvidosa de Geraldine não é claramente questionada. Claro, temos um momento “mamãe, quero ser edificante”, com um rap brevíssimo falando da importância de ser você mesmo e o elenco se confraternizando, nada que desfaça as mensagens tortas passadas durante a projeção.

Isso já seria ridículo em uma comédia para adultos; por ser uma obra dirigida ao público juvenil, e por colocar um ídolo seu agindo de forma duvidosa, o filme acaba confirmando a ideia que muitos adolescentes já tem: o importante na vida é ser popular e conseguir joinhas no seu vídeo do YouTube. O filme peca duplamente: finge transmitir a mensagem “o importante é ser você mesmo”, mas apenas reforça a ideia preconcebida de que o bom é aumentar os seguidores no Insta. Por outro lado, o filme não alcança aquele grau de anarquia cômica que detona com o moralismo ou o politicamente corretas – mas, justiça seja feita, isto é raríssimo em comédias juvenis.

Nem gastarei muito tempo falando da direção de Cris D’Amato, que ainda uso câmera lenta para produzir efeito dramático. Cortes mal feitos, problemas de eixo, computação gráfica escabrosa (meu senhor, o que era aquele cachorro falante?!), uma direção de uma ruindade sem fim… Vamos falar da Kéfera.

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No vídeo de lançamento do trailer, ela falou do seu sonho de ser atriz. Não vou aqui discutir os sonhos das pessoas, todos temos direito ao delírio. Meu ponto é outro: a Kéfera do filme, do YouTube e das entrevistas é a mesma. Fico na dúvida: Kéfera está sendo apenas ela mesma, ou ela criou uma personagem que se repete em todos os lugares?

Não estou pedindo para que ela tivesse feito algo diferente no filme – nem teria lógica, já que a razão de ser de É Fada! é a figura que a Kéfera consagrou em seus vídeos. Mas, se ela na frente e fora das câmeras é a mesma pessoa, não temos uma atriz. Ou, se a Kéfera dos vídeos e do filme for uma personagem que ela criou, então posso considerá-la uma atriz limitada. Sim, ela tem carisma e seu estilo conseguiu milhões de fãs. Estes méritos, ela tem, mas não mudam a questão: ou ela não é ainda atriz ou é uma atriz limitada.

É importante não confundir os méritos da Kéfera em seu trabalho para a internet com sua tentativa de ser atriz. Mesmo não gostando do seu canal, achando até certos vídeos de gosto bastante duvidosos, reconheço sua capacidade de comunicação e carisma. Mas, isto não a torna uma atriz.

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É Fada! já arrecadou ótimos R$ 5 milhões. Não me surpreendo. O canal da Kéfera tem 9 milhões de inscritos. Nada mais cinematográfico do que explorar essa base de seguidores – as adaptações de quadrinhos e livros seguem a mesma lógica. O que incomoda nesse tipo de filme é que aqueles dispostos a gostar do filme, vão gostar de qualquer jeito, pouco importa se bom ou ruim – assim como aqueles dispostos a odiar o filme, vão odiá-lo de qualquer jeito. É curioso, os fãs que deveriam ser os primeiros a exigir que seu objeto de devoção recebesse tratamento VIP, são os primeiros a aceitar qualquer coisa. E se os fãs são jovens, isso fica ainda mais forte, pela natural pouca vivência cinematográfica deles. É realmente uma pena quando uma produção se aproveita da idolatria do público para descuidar da qualidade. Por mais despretensiosa que seja a produção, o feijão com arroz tem que ser bem feito. Há uma infinidade de comédias que querem apenas fazer rir e não descuidam do básico. Infelizmente, É Fada! deixou esse básico de lado.

Nota: É Fada! recebeu verba pública, via leis de incentivo. Pena, porque este filme teria totais condições de se financiar de forma privada.

E, aí, o que achou do filme? Gostou ou acho só uma comédia boba? É hater da Kéfera e está adorado as críticas falando mal do filme? Ou é fã dela e acha que os críticos são um bando de invejosos que estão em busca de audiência e curtidas nas suas páginas? Acertou!!! Vai lá, comente, xingue, compartilhe e curta nossas redes sociais:

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No filme, a fada Geraldine (Kéfera Buchmann) perde as asas e, para recuperá-las, precisa dar um jeito na vida de Julia (Klara Castanho). Julia leva uma vida humilde ao lado do pai. Com o regresso da sua mãe rica, ela passa a estudar em uma escola de alto padrão. É a clássica história da garota que não consegue se adaptar ao meio. Isto não seria problema. O clichê, se bem usado, resulta em bons filmes, como o Cinderella, de 2015. É Fada! não! Personagens, situações, desenvolvimento, piadas, lógica, enfim, tudo é ruim e superficial.

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O roteiro não consegue estabelecer a lógica da sua protagonista. Os limites dos poderes de Geraldine são confusos, apesar das explicações. Lá pelo final do segundo ato, ao tentarem invadir uma festa, Geraldine diz que uma magia para transportarem elas para dentro da festa consumiria muita energia. Mas, logo em seguida, ela mesma se teletransporta para o interior da festa, para ajudar Julia a escalar uma parede! Custava ter levado a garota junto?! Geraldine também é invisível, sendo visível apenas quando e para quem ela quer. Então, por que diabos, no primeiro ato do filme, ela usa mil e um disfarces para stalkear Julia na escola, se ela poderia ter feito tudo isso invisível?!

A falta de lógica se justifica “em nome do humor”. Na tentativa de fazer piada, a lógica foi mandada embora. Afinal, é muito engraçado ver a Kéfera de barbixa… O que o roteiro não compreende é que implodir a lógica interna da narrativa para fazer piada desidrata qualquer tentativa de humor – isto ficou evidente na minha sessão, onde os risos ficaram aquém dos esforços do filme.

É Fada! deixa evidente o esquematismo das comédias da Globo Filmes: uma história cheia de furos, com piadas sem sal, temperada com um momento supostamente dramático que vai render alguma cena final supostamente edificante para justificar as falhas de caráter dos personagens e fazer o público sair leve da sala de cinema. O problema disso é que os filmes nem abraçam o lado anárquico das comédias (derrubando qualquer moralismo ou visão politicamente correta) e nem abraçam o lado mais edificante, comum em comédias dramáticas. No fundo, são comédias inofensivas, que muitas vezes reforçam estereótipos e preconceitos e, muitas vezes, não fazem o básico, divertir o público!

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Além de elevar o esquematismo ao cubo, É Fada! acrescenta injúria à infâmia: Julia é maravilhosa, mas sente o impacto de começar a estudar em uma escola cheia de alunos fúteis. Em geral, esse novo ambiente seria suficiente para despertar o conflito “da garota que vai contrariar a sua natureza boa e cometer erros para se tornar popular”. Mas, a grande responsável por desviar Julia do caminho é Geraldine. Basicamente, ela convence Julia da importância de ser fútil e de mudar seu jeito para ser aceita pelo grupo. Essa postura duvidosa de Geraldine não é claramente questionada. Claro, temos um momento “mamãe, quero ser edificante”, com um rap brevíssimo falando da importância de ser você mesmo e o elenco se confraternizando, nada que desfaça as mensagens tortas passadas durante a projeção.

Isso já seria ridículo em uma comédia para adultos; por ser uma obra dirigida ao público juvenil, e por colocar um ídolo seu agindo de forma duvidosa, o filme acaba confirmando a ideia que muitos adolescentes já tem: o importante na vida é ser popular e conseguir joinhas no seu vídeo do YouTube. O filme peca duplamente: finge transmitir a mensagem “o importante é ser você mesmo”, mas apenas reforça a ideia preconcebida de que o bom é aumentar os seguidores no Insta. Por outro lado, o filme não alcança aquele grau de anarquia cômica que detona com o moralismo ou o politicamente corretas – mas, justiça seja feita, isto é raríssimo em comédias juvenis.

Nem gastarei muito tempo falando da direção de Cris D’Amato, que ainda uso câmera lenta para produzir efeito dramático. Cortes mal feitos, problemas de eixo, computação gráfica escabrosa (meu senhor, o que era aquele cachorro falante?!), uma direção de uma ruindade sem fim… Vamos falar da Kéfera.

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No vídeo de lançamento do trailer, ela falou do seu sonho de ser atriz. Não vou aqui discutir os sonhos das pessoas, todos temos direito ao delírio. Meu ponto é outro: a Kéfera do filme, do YouTube e das entrevistas é a mesma. Fico na dúvida: Kéfera está sendo apenas ela mesma, ou ela criou uma personagem que se repete em todos os lugares?

Não estou pedindo para que ela tivesse feito algo diferente no filme – nem teria lógica, já que a razão de ser de É Fada! é a figura que a Kéfera consagrou em seus vídeos. Mas, se ela na frente e fora das câmeras é a mesma pessoa, não temos uma atriz. Ou, se a Kéfera dos vídeos e do filme for uma personagem que ela criou, então posso considerá-la uma atriz limitada. Sim, ela tem carisma e seu estilo conseguiu milhões de fãs. Estes méritos, ela tem, mas não mudam a questão: ou ela não é ainda atriz ou é uma atriz limitada.

É importante não confundir os méritos da Kéfera em seu trabalho para a internet com sua tentativa de ser atriz. Mesmo não gostando do seu canal, achando até certos vídeos de gosto bastante duvidosos, reconheço sua capacidade de comunicação e carisma. Mas, isto não a torna uma atriz.

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É Fada! já arrecadou ótimos R$ 5 milhões. Não me surpreendo. O canal da Kéfera tem 9 milhões de inscritos. Nada mais cinematográfico do que explorar essa base de seguidores – as adaptações de quadrinhos e livros seguem a mesma lógica. O que incomoda nesse tipo de filme é que aqueles dispostos a gostar do filme, vão gostar de qualquer jeito, pouco importa se bom ou ruim – assim como aqueles dispostos a odiar o filme, vão odiá-lo de qualquer jeito. É curioso, os fãs que deveriam ser os primeiros a exigir que seu objeto de devoção recebesse tratamento VIP, são os primeiros a aceitar qualquer coisa. E se os fãs são jovens, isso fica ainda mais forte, pela natural pouca vivência cinematográfica deles. É realmente uma pena quando uma produção se aproveita da idolatria do público para descuidar da qualidade. Por mais despretensiosa que seja a produção, o feijão com arroz tem que ser bem feito. Há uma infinidade de comédias que querem apenas fazer rir e não descuidam do básico. Infelizmente, É Fada! deixou esse básico de lado.

Nota: É Fada! recebeu verba pública, via leis de incentivo. Pena, porque este filme teria totais condições de se financiar de forma privada.

E, aí, o que achou do filme? Gostou ou acho só uma comédia boba? É hater da Kéfera e está adorado as críticas falando mal do filme? Ou é fã dela e acha que os críticos são um bando de invejosos que estão em busca de audiência e curtidas nas suas páginas? Acertou!!! Vai lá, comente, xingue, compartilhe e curta nossas redes sociais:

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