domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | É o Amor: Família Camargo – Pai e filha falam sobre dores e amores em documentário para fãs

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Independente de opiniões, 2 Filhos de Francisco: A História de Zezé Di Camargo & Luciano é um dos filmes mais marcantes do cinema brasileiro da década de 2000. Dirigido pelo eficiente cineasta Breno Silveira (À Beira do Caminho), o longa que conta a história de uma das maiores duplas sertanejas do Brasil parou a nação, levou quase 5 milhões de pessoas aos cinemas e eternizou o fenômeno musical também na sétima arte. E se engana quem pensa que 2 Filhos de Francisco se sustenta apenas através do prévio apelo popular dos artistas, a biografia foi construída de maneira inteligente, colocando Francisco Camargo, pai dos cantores, como o verdadeiro protagonista da produção. Escolha inteligente por parte de Breno, que mostrou a série de batalhas e conquistas travadas por Seu Francisco que, em vários momentos, beirou o inacreditável. Tudo isso pra que suas crias pudessem, pelo menos, ser ouvidas numa rádio local.

Mais de 15 anos depois, Zezé Di Camargo volta a uma produção audiovisual com o documentário É o Amor: Família Camargo, dessa vez pela Netflix, e que, de novo, aborda vivencias familiares do cantor, mas agora trazendo outras facetas. Nessa série, que mais parece uma espécie de reality show da família Camargo, passada na fazenda É o Amor durante a fase mais crítica da pandemia da Covid-19, acompanhamos novos dilemas íntimos e um pouco de como é a convivência daquelas pessoas. A atmosfera, apesar de afetuosa em grande parte do tempo, também é conflituosa e envolta aos acontecimentos recentes que ocorreu naquele microcosmo.



Não temos, por exemplo, a presença do irmão Luciano que havia dado uma pausa na dupla para dedicar mais atenção a sua carreira na música gospel. Então o que você vai encontrar em É o Amor pouco tem a ver com a carreira musical da dupla, mas, sim, com os casos reais e as vivências de Zezé e sua filha Wanessa Camargo – ainda que a música esteja sempre ali presente na rotina de ambos. Aliás, a série mostra o fazer do projeto que eles estão montando junto ao produtor Kassim, onde realizarão um álbum de Pai e Filha com a participação de vários artistas populares da música brasileira. Então, além de vermos todas as conversas sobre a vida dos famosos, acompanhamos os seus métodos de trabalho, onde criaram em casa mesmo um estúdio improvisado para gravar o tal novo disco.

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Só que, obviamente, o que chama mais atenção aqui são as diversas passagens e momentos intensos que ocorreram nos últimos anos dentre o seio familiar. O documentário começa relembrando a vida antes da fama, a luta de Seu Franciso e Dona Helena, a carreira e a poder midiático colossal de Zezé e Luciano, além dos conflitos passados até aquele recorte que será a verdadeira história que a produção seguirá. Vemos, além das passagens de sucesso, o momento mais crítico que a família Camargo passou, quando um irmão de Zezé foi sequestrado na década de 90. Testemunhamos como essa situação mexeu com eles a ponto de terem que mudar de país. O show discute também o começo da carreira de Wanessa Camargo e a dúvida que pairava a despeito do seu talento, onde a ideia do público é que ela construiria sua história através do prestigio do pai, entre outras questões.

Até que finalmente chegamos na série de eventos que resultou no motivo de fazer esse documentário. É claro que a produção rendeu milhões a família Camargo, mas, ao mesmo tempo, foi uma boa oportunidade de exporem, por eles mesmos, tudo o que a imprensa de fofoca publicou de maneira trôpega. Começando, claro, pela separação de Zezé Di Camargo e sua ex-esposa, Zilú Godoy, com quem trava uma briga judicial até hoje. Algo que não excluiu a presença de Zilú na produção e a sua visão sobre toda essa situação. Bem como Zezé também faz mea-culpa e expõe que nunca foi santo – leia-se fiel. A própria Wanessa diz que as brigas do casal resumiam-se as desconfianças da mãe e o jeito galanteador do pai com as fãs e admiradoras. Além de todo problema conjugal e da total exposição da mídia, temos aqui a revelação por trás da separação, a esposa atual de Zezé, Graciele Lacerda. Esta que Wanessa diz ter rejeitado a princípio, sobretudo pela família ter passado por tudo aquilo, mas depois entendeu que aquilo era natural. Zezé ainda demonstra certa admiração por Zilú e reconhece a importância da mulher em sua vida e carreira, entretanto também deixa claro que tudo aconteceu por esforço dele próprio.

Ao mesmo tempo somos apresentados ao momento mais forte desse documentário, a gravidez de Wanessa Camargo. Ao lado do empresário e marido Marcus Buaiz, Wanessa conta como foi todo processo da sua curta gestação e o aborto prematuro e doloroso que sofreu. Junte isso a separação dos pais e a um baque tão gigantesco quanto a perda do filho: a morte de Seu Francisco! Tudo parecia ruir ao redor da cantora, que entrou numa depressão profunda, doença que pouco entendida pelos amigos e familiares – aliás, pela sociedade de maneira geral. Wanessa então revela como está sendo sua reconstrução e até se expõe através de filmagens reais da doença, quando estava bastante debilitada, já que a execução do documentário ocorreu justamente durante essa situação extrema. Algo que pode ser um gatilho pra alguns, mas também servir de aprendizado para outros.

Contudo, à primeira vista, É o Amor: Família Camargo não possui nenhum apelo para aqueles que estão pouco se importando ou no mínimo preocupados em conhecer, um pouco que seja, a respeito da vida dos famosos ou qualquer pessoa do meio. No entanto, caso decida abrir a mente e ignorar algumas conveniências e o viés deveras chapa branca, vai presenciar uma história de conflitos em meio ao paraíso da fama e da riqueza sem fim. Os fãs que acompanham de perto a vida dessas duas figuras terão aí um prato cheio pra conhecer, ainda mais, a rotina dos ídolos. Em todo caso, vale conferir a tentativa.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Independente de opiniões, 2 Filhos de Francisco: A História de Zezé Di Camargo & Luciano é um dos filmes mais marcantes do cinema brasileiro da década de 2000. Dirigido pelo eficiente cineasta Breno Silveira (À Beira do Caminho), o longa que conta a história de uma das maiores duplas sertanejas do Brasil parou a nação, levou quase 5 milhões de pessoas aos cinemas e eternizou o fenômeno musical também na sétima arte. E se engana quem pensa que 2 Filhos de Francisco se sustenta apenas através do prévio apelo popular dos artistas, a biografia foi construída de maneira inteligente, colocando Francisco Camargo, pai dos cantores, como o verdadeiro protagonista da produção. Escolha inteligente por parte de Breno, que mostrou a série de batalhas e conquistas travadas por Seu Francisco que, em vários momentos, beirou o inacreditável. Tudo isso pra que suas crias pudessem, pelo menos, ser ouvidas numa rádio local.

Mais de 15 anos depois, Zezé Di Camargo volta a uma produção audiovisual com o documentário É o Amor: Família Camargo, dessa vez pela Netflix, e que, de novo, aborda vivencias familiares do cantor, mas agora trazendo outras facetas. Nessa série, que mais parece uma espécie de reality show da família Camargo, passada na fazenda É o Amor durante a fase mais crítica da pandemia da Covid-19, acompanhamos novos dilemas íntimos e um pouco de como é a convivência daquelas pessoas. A atmosfera, apesar de afetuosa em grande parte do tempo, também é conflituosa e envolta aos acontecimentos recentes que ocorreu naquele microcosmo.

Não temos, por exemplo, a presença do irmão Luciano que havia dado uma pausa na dupla para dedicar mais atenção a sua carreira na música gospel. Então o que você vai encontrar em É o Amor pouco tem a ver com a carreira musical da dupla, mas, sim, com os casos reais e as vivências de Zezé e sua filha Wanessa Camargo – ainda que a música esteja sempre ali presente na rotina de ambos. Aliás, a série mostra o fazer do projeto que eles estão montando junto ao produtor Kassim, onde realizarão um álbum de Pai e Filha com a participação de vários artistas populares da música brasileira. Então, além de vermos todas as conversas sobre a vida dos famosos, acompanhamos os seus métodos de trabalho, onde criaram em casa mesmo um estúdio improvisado para gravar o tal novo disco.

Só que, obviamente, o que chama mais atenção aqui são as diversas passagens e momentos intensos que ocorreram nos últimos anos dentre o seio familiar. O documentário começa relembrando a vida antes da fama, a luta de Seu Franciso e Dona Helena, a carreira e a poder midiático colossal de Zezé e Luciano, além dos conflitos passados até aquele recorte que será a verdadeira história que a produção seguirá. Vemos, além das passagens de sucesso, o momento mais crítico que a família Camargo passou, quando um irmão de Zezé foi sequestrado na década de 90. Testemunhamos como essa situação mexeu com eles a ponto de terem que mudar de país. O show discute também o começo da carreira de Wanessa Camargo e a dúvida que pairava a despeito do seu talento, onde a ideia do público é que ela construiria sua história através do prestigio do pai, entre outras questões.

Até que finalmente chegamos na série de eventos que resultou no motivo de fazer esse documentário. É claro que a produção rendeu milhões a família Camargo, mas, ao mesmo tempo, foi uma boa oportunidade de exporem, por eles mesmos, tudo o que a imprensa de fofoca publicou de maneira trôpega. Começando, claro, pela separação de Zezé Di Camargo e sua ex-esposa, Zilú Godoy, com quem trava uma briga judicial até hoje. Algo que não excluiu a presença de Zilú na produção e a sua visão sobre toda essa situação. Bem como Zezé também faz mea-culpa e expõe que nunca foi santo – leia-se fiel. A própria Wanessa diz que as brigas do casal resumiam-se as desconfianças da mãe e o jeito galanteador do pai com as fãs e admiradoras. Além de todo problema conjugal e da total exposição da mídia, temos aqui a revelação por trás da separação, a esposa atual de Zezé, Graciele Lacerda. Esta que Wanessa diz ter rejeitado a princípio, sobretudo pela família ter passado por tudo aquilo, mas depois entendeu que aquilo era natural. Zezé ainda demonstra certa admiração por Zilú e reconhece a importância da mulher em sua vida e carreira, entretanto também deixa claro que tudo aconteceu por esforço dele próprio.

Ao mesmo tempo somos apresentados ao momento mais forte desse documentário, a gravidez de Wanessa Camargo. Ao lado do empresário e marido Marcus Buaiz, Wanessa conta como foi todo processo da sua curta gestação e o aborto prematuro e doloroso que sofreu. Junte isso a separação dos pais e a um baque tão gigantesco quanto a perda do filho: a morte de Seu Francisco! Tudo parecia ruir ao redor da cantora, que entrou numa depressão profunda, doença que pouco entendida pelos amigos e familiares – aliás, pela sociedade de maneira geral. Wanessa então revela como está sendo sua reconstrução e até se expõe através de filmagens reais da doença, quando estava bastante debilitada, já que a execução do documentário ocorreu justamente durante essa situação extrema. Algo que pode ser um gatilho pra alguns, mas também servir de aprendizado para outros.

Contudo, à primeira vista, É o Amor: Família Camargo não possui nenhum apelo para aqueles que estão pouco se importando ou no mínimo preocupados em conhecer, um pouco que seja, a respeito da vida dos famosos ou qualquer pessoa do meio. No entanto, caso decida abrir a mente e ignorar algumas conveniências e o viés deveras chapa branca, vai presenciar uma história de conflitos em meio ao paraíso da fama e da riqueza sem fim. Os fãs que acompanham de perto a vida dessas duas figuras terão aí um prato cheio pra conhecer, ainda mais, a rotina dos ídolos. Em todo caso, vale conferir a tentativa.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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