Um menino, Eli (Charlie Snotwell, foca nesse menino gente, que ele tem futuro!) tem uma gravíssima doença imunológica, que não o permite estar em contato com o mundo externo. Isso significa que ele basicamente vive enclausurado dentro de uma cabaninha hermeticamente fechada em sua casa, sem contato físico nem com seus próprios pais, Rose (Kelly Reilly, que até está bem no papel, mas o arranjo que fizeram em seu cabelo pareceu engessá-la em apenas uma angulação) e Paul (o razoável Max Martini). Até que, em um último sacrifício, a família decide investir tudo o que tem em um novo tratamento experimental oferecido pela Dra. Horn (Lili Taylor, novamente bastante à vontade no universo do terror). Por isso, os três viajam para a mansão assombrada da doutora, que, obviamente, é envolta em uma neblina e isolada de tudo e de todos.
A premissa não é exatamente original, afinal, esse mote do “menino bolha” já foi explorado em vários gêneros – inclusive, aconteceu na vida real. A novidade em ‘Eli’ é a questão do tratamento médico, essa necessidade que os pais têm de “buscar a cura” para ter “o filho normal”. A gente até poderia ler aqui uma alegoria para, sei lá, discussão sobre identidade sexual e a aceitação da família, mas isso vai realmente depender de cada espectador.
Já na primeira cena de ‘Eli’, o longa apresenta uma situação de tensão, mas para por aí. Até o final da primeira parte o espectador assiste a basicamente a construção desse drama familiar, as inseguranças sobre o tratamento e uma série de escolhas gratuitas (e improváveis) que o roteiro de Richard Naing, Ian B. Goldberg e David Chirchrillo faz.
Aí vem a transição pra segunda parte, quando o suspense aumenta e, proporcionalmente, a paciência do espectador tem que aumentar também. É que todo esse ato tem muito clichê, coisas que mesmo os fãs de terror vão ficar meio aborrecidos, com a sensação de estarem sendo subestimados.
Exemplo disso é quando Eli está aos berros, trancado dentro do armário espelhado, o armário é arrastado, o vidro explode, o armário tomba, o menino sai lentamente do armário tombado e, só então, os pais entram no quarto com cara de “o quê aconteceu aqui?”. Francamente, né? Sem contar o tom condescendente da mãe durante o filme todo, realmente, é de dar nos nervos.
Bom, essas duas partes do longa possuem poucas cenas de terror, sendo a maioria delas bastante previsíveis. O melhor mesmo fica no último ato. Então, fica aqui a sugestão para que você insista até o final do filme, quando há uma reviravolta no ritmo moroso de ‘Eli’ e uma sequência de cenas divertidas e assustadoras que farão valer a pena. E ainda tem a fofa da Sadie Sink (a Max de Stranger Things) no papel da misteriosa Hailey, com poucas, porém, significativas cenas.
Como um todo, ‘Eli’ é um filme bacaninha de terror, uma opção interessante e divertida nesse mês de Halloween da Netflix.