quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Em Uma Ilha Bem Distante – Uma RomCom Inspiradora da Netflix em Cenário Paradisíaco

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O fato é comum a quase todas as mulheres do mundo: todas se sentem sobrecarregadas com os assuntos da família. Entre cuidar dos mais velhos e também dos mais novos, assessorar maridos, instruir filhos, arrumar a casa, cozinhar, limpar, gerenciar o espaço, fazer compras… quase não sobra tempo ou energia para cuidar de si mesma e fazer os próprios planos. Esse é um debate, uma reivindicação antiga das mulheres de todas as raças, em busca de uma igualdade de responsabilidade entre gêneros dentro dos núcleos familiares. Felizmente hoje podemos falar mais abertamente sobre essas questões, inclusive na sétima arte, que traz alternativas e escapes para promover a reflexão principalmente às espectadoras. Como o filme ‘Em Uma Ilha Bem Distante, lançamento da Netflix para o Mês da Mulher e que tem feito muito sucesso na plataforma, mantendo-se no Top 10.



Zeynep (Naomi Krauss) é uma mãe de família sobrecarregada entre ser ignorada pela filha, Fia (Bahar Balci), pelo pai, e pelo marido, Ilyas (Adnan Maral), que só pensa na rotina de seu próprio restaurante. Porém, hoje é o dia do funeral de sua mãe, e ela espera poder contar com a presença de todos nesse momento tão difícil… mas Ilyas esquece do compromisso. Indignada, Zeynep dirige a ermo até voltar para casa, horas depois. É quando um vizinho a procura com um envelope, informando-lhe que sua mãe o havia deixado aos seus cuidados para entregá-la. Curiosa e surpresa, Zeynep abre o conteúdo e descobre que sua mãe havia comprado uma casa em algum lugar no litoral da Croácia. Então, entre a negligência da própria família e o imóvel misterioso em outro país, Zeynep decide deixar tudo para trás e ir investigar a origem dessa nova propriedade, sem imaginar o quanto essa decisão mudaria sua vida por completo.

Na prática, ‘Em Uma Ilha Bem Distante’ não traz nada exatamente de novo ao espectador; o tema (a pessoa que descobre ser herdeira e/ou que decide largar tudo porque se apaixona por um lugar totalmente diferente de sua rotina) é bastante explorado pela sétima arte, em diferentes gêneros, como no clássico romanceSob o Sol da Toscana’ ou no recente dramaDe Volta à Itália’. Ainda que comumente tenha sido atribuída à Itália uma espécie de título de refúgio oficial das dores da rotina (como em ‘Comer Rezar Amar’), no geral esse escape da realidade com frequência ocorre nos países ocidentais da Europa. Portanto, traz certo frescor que ‘Em Uma Ilha Bem Distante’ o filme se passe na Alemanha e o escape ocorra na Croácia, apresentando cenários pouco conhecidos pelo público brasileiro.

É esse o gostinho especial no filme de Vanessa Jopp: situar a trama em um cenário paradisíaco menos comercialmente explorado pelas grandes produções, com ares mediterrâneos mas sem parecer turístico demais. O mesmo ocorre com o elenco escolhido, que traz atores com pinta de pessoas comuns, de modo que nem mesmo o mocinho Josip (Goran Bogdan) se apresenta galã demais, o que ajuda a aproximar o público-alvo não só à história, mas também à reflexão que o filme propõe. Em suma, é como se víssemos a Maria Bruaca se libertar de um casamento infeliz e uma relação humilhante com a própria filha e a víssemos encontrar a felicidade não necessariamente em outro homem, mas sim num outro estilo de vida, desacelerado, cujo caminho é apontado por sua falecida mãe, que havia nascido naquela cidade e, por isso, decidira deixar à sua única filha o legado da felicidade.

Ao separar bem os gêneros – o filme começa dramático para, a partir do segundo arco se direcionar para a comédia e, então, para o romance – o filme facilita para que o espectador consiga acompanhar melhor as decisões da protagonista e o impacto que a nova vida vai aos poucos transformando nessa mulher, fazendo com que os elementos que entram na história funcionem para centrar essa mulher de volta como protagonista da própria história. 

Divertido, belo e empoderador ‘Em Uma Ilha Bem Distante’ é uma sessãozinha da Tarde agradável que faz sorrir e ainda planta a sementinha das muitas possibilidades para o público feminino adulto, afinal, nunca é tarde para ser feliz.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Zeynep (Naomi Krauss) é uma mãe de família sobrecarregada entre ser ignorada pela filha, Fia (Bahar Balci), pelo pai, e pelo marido, Ilyas (Adnan Maral), que só pensa na rotina de seu próprio restaurante. Porém, hoje é o dia do funeral de sua mãe, e ela espera poder contar com a presença de todos nesse momento tão difícil… mas Ilyas esquece do compromisso. Indignada, Zeynep dirige a ermo até voltar para casa, horas depois. É quando um vizinho a procura com um envelope, informando-lhe que sua mãe o havia deixado aos seus cuidados para entregá-la. Curiosa e surpresa, Zeynep abre o conteúdo e descobre que sua mãe havia comprado uma casa em algum lugar no litoral da Croácia. Então, entre a negligência da própria família e o imóvel misterioso em outro país, Zeynep decide deixar tudo para trás e ir investigar a origem dessa nova propriedade, sem imaginar o quanto essa decisão mudaria sua vida por completo.

Na prática, ‘Em Uma Ilha Bem Distante’ não traz nada exatamente de novo ao espectador; o tema (a pessoa que descobre ser herdeira e/ou que decide largar tudo porque se apaixona por um lugar totalmente diferente de sua rotina) é bastante explorado pela sétima arte, em diferentes gêneros, como no clássico romanceSob o Sol da Toscana’ ou no recente dramaDe Volta à Itália’. Ainda que comumente tenha sido atribuída à Itália uma espécie de título de refúgio oficial das dores da rotina (como em ‘Comer Rezar Amar’), no geral esse escape da realidade com frequência ocorre nos países ocidentais da Europa. Portanto, traz certo frescor que ‘Em Uma Ilha Bem Distante’ o filme se passe na Alemanha e o escape ocorra na Croácia, apresentando cenários pouco conhecidos pelo público brasileiro.

É esse o gostinho especial no filme de Vanessa Jopp: situar a trama em um cenário paradisíaco menos comercialmente explorado pelas grandes produções, com ares mediterrâneos mas sem parecer turístico demais. O mesmo ocorre com o elenco escolhido, que traz atores com pinta de pessoas comuns, de modo que nem mesmo o mocinho Josip (Goran Bogdan) se apresenta galã demais, o que ajuda a aproximar o público-alvo não só à história, mas também à reflexão que o filme propõe. Em suma, é como se víssemos a Maria Bruaca se libertar de um casamento infeliz e uma relação humilhante com a própria filha e a víssemos encontrar a felicidade não necessariamente em outro homem, mas sim num outro estilo de vida, desacelerado, cujo caminho é apontado por sua falecida mãe, que havia nascido naquela cidade e, por isso, decidira deixar à sua única filha o legado da felicidade.

Ao separar bem os gêneros – o filme começa dramático para, a partir do segundo arco se direcionar para a comédia e, então, para o romance – o filme facilita para que o espectador consiga acompanhar melhor as decisões da protagonista e o impacto que a nova vida vai aos poucos transformando nessa mulher, fazendo com que os elementos que entram na história funcionem para centrar essa mulher de volta como protagonista da própria história. 

Divertido, belo e empoderador ‘Em Uma Ilha Bem Distante’ é uma sessãozinha da Tarde agradável que faz sorrir e ainda planta a sementinha das muitas possibilidades para o público feminino adulto, afinal, nunca é tarde para ser feliz.

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