Não é novidade alguma boa parte dos artistas na frente das telas explorarem seus talentos por trás das câmeras. Amy Poehler (Parks and Recreation), que já possui conhecimento como roteirista e já realizou alguns trabalhos na área da direção, investe novamente como cineasta, desta vez, para uma produção original Netflix com abrangência mundial.
Entre Vinho e Vinagre traz um grupo de seis amigas, na melhor idade, que se conheceram há muitos anos quando trabalhavam em uma pizzaria italiana, em Chicago, que decidem viajar para Napa, uma cidade da Califórnia conhecida por seus vinhedos, para comemorar o aniversário de 50 anos de Rebecca (Rachel Dratch). Durante a celebração, algumas tensões do passado e segredos do presente serão revelados.
Com roteiro assinado por Liz Cackowski (The Last Man on Earth) e Emily Spivey (Saturday Night Live), estando ambas no longa-metragem atuando, a história possui uma abordagem típica das produções que o elenco que compõe a dramaturgia costuma participar. A trama utiliza muito bem o humor para trabalhar com questões relacionadas a mulheres com uma idade mais avançada, ou seja, na casa dos 40-50 anos.
O filme que o público assiste é como se Poehler tivesse chamado suas melhores amigas de anos para gravar sobre a relação de melhores amigas de anos – peraí, é isso mesmo que aconteceu aqui. É extremamente agradável embarcar na jornada dessas personagens, pois o realismo das relações está presente a todo momento. Além disso, o roteiro trabalha bem o humor impróprio, uma marca registrada dessas atrizes. O longa se constrói com coerência e cresce com o passar dos minutos, tornando-se mais divertido e gostoso de conferir.
Em relação as atuações, Entre Vinho e Vinagre não deixa a desejar já que vence na categoria que precisa: o relacionamento de todas essas mulheres. Com anos de experiência trabalhando juntas é evidente que não tinha erro ao colocar Poehler, Dratch, Spivey, Paula Pell, Maya Rudolph, Ana Gasteyer, e uma participação especial de Tina Fey, juntas. De longe, o melhor elenco para interpretar velhas amigas.
Dito isto, é claro que a dinâmica (esta fantástica) e a construção das personagens também segue essa mesma linha. Cada uma delas tem suas próprias peculiaridades e características particulares bem definidas, que é possível perceber logo no primeiro diálogo do filme em que todas conversam no telefone. Não só o roteiro engradece com o passar do tempo, mas também essas figuras que o compõe. Diante dos olhos do espectador, essas mulheres amadurecem sua relação umas com as outras e também consigo mesmas.
Um dos pontos altos do longa-metragem se encontra justamente nesta troca que acontece entre Abby (Poehler), Rebecca, Catherine (Gasteyer), Naomi (Rudolph), Val (Pell), Jenny (Spivey) e até mesmo Tammy (Fey). Para os mais velhos, na casa das idades delas, provavelmente despertará a vontade de reunir os amigos numa viagem e os mais novos perceberão como o passar do tempo modifica-os, mas as verdadeiras amizades permanecem e são essenciais na construção do ser humano.
Em quesitos técnicos, a direção de Poehler está em paralelo com a qualidade do roteiro e ela aproveita para fazer divertidas referências à produções escritas ou protagonizadas pelas personagens – ou amigos próximos. Além de ter uma cena em particular que lembra em muito os tempos de Parks and Recreation. A trilha sonora é uma delícia para os ouvidos e dá vontade de dançar juntamente com as protagonistas em todas as cenas.
Entre Vinho e Vinagre é uma produção para reunir os amigos e/ou a família para assistir enquanto aprecia um bom vinho e alguns petiscos. Só deixe para fazer isso depois que as crianças forem dormir.