sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Envolvente e PERTURBADORA, ‘Bebê Rena’ é uma das melhores produções da Netflix

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Nos últimos anos, a Netflix vem entregando diversas produções de alto calibre e que se tornaram um sucesso de público e de crítica. Tivemos, por exemplo, a minissérie ‘Treta’, estrelada por Steve Yeun e Ali Wong, que explodiu como um dos títulos originais mais aplaudidos da plataforma e levou inúmeros prêmios para casa. Agora, continuando sua onda de narrativas bem pensadas, críticas e ácidas, a plataforma de streaming nos apresentou com uma das melhores iterações do ano: Bebê Rena.

Desde o inesperado nome do projeto até a construção do enredo e a performance irretocável de um elenco de peso, cada sequência arquitetada pelo escritor e showman Richard Gadd é recheada com uma pinceladas de drama e de suspense apaixonantes. A trama é inspirada em um show do próprio Gadd, que inclusive interpreta uma rendição fictícia de si mesmo (aqui sob o nome de Donny Dunn), em que ele foi perseguido e sexualmente abusado quando tinha seus vinte anos. Nesta esfera, sua agressora emerge na persona de Martha Scott (Jessica Gunning em uma performance fabulosa do começo ao fim) e, ao longo de sete breves episódios, ele discorre sobre como se deu toda essa aventura apaixonante por todos os motivos errados, nos fazendo querer mais, mas nos deixando agradecidos pela qualidade artística eternizada através dos capítulos.



Gadd, confinado a um arco que vai se expandindo beat após beat, sabe como conduzir a própria narrativa sem se valer dos comodismos do gênero e apostando fichas em uma perfeita e instigante mixórdia criativa – recheada de quebras de expectativas surpreendentes, exageros propositais de personagens e uma química exuberante com sua companheira de cena; Gunning, como brevemente mencionado no parágrafo acima, entrega-se de corpo e alma à personagem que lhe é dada, tangenciando uma atuação absurdista que casa com a atmosfera delimitada e que a permite construir os maneirismos de Martha como bem entende. Não é surpresa, pois, que ambos tenham grandes chances de se tornarem favoritos na vindoura temporada de premiações.

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Um outro aspecto a ser analisado – e que insurge como ponto positivo – é a sólida direção de Weronika Tofilska e Josephine Bornebusch. Dividindo a responsabilidade de supervisionar os episódios, é notável como ambas mantêm uma estética clara em mente: de um lado, temos um apreço pela montagem acelerada, fornecendo ainda mais ritmo para o curto tempo das iterações; de outro, um espectro conflitante entre os protagonistas marcado pela escolha certeira da fotografia sóbria e firme, por figurinos que entram em contraste uns com os outros. É claro que, considerando a perspectiva pela qual a história se esquadrinha, era apenas óbvio que a caracterização das personas seria muito diferente uma da outra – e é essa a beleza da produção: sabemos que estamos lidando com algo imparcial e compramos essa jornada instigante, devorando-a de uma vez só.

A cada capítulo, percebemos que as ações de Martha se intensificam em uma psicopatia que já foi representada de diversas maneiras no cenário audiovisual. Todavia, Gaad, em colaboração com as diretoras, não quer seguir o padrão cansativo de obras similares e faz de tudo para se afastar de clichês em potencial que manchem a originalidade estrutural e técnica da minissérie – e, para além dele e de Gunning, nada disso seria possível sem a presença de nomes como Nava Mau, Tom Goodman-Hill, Hugh Coles e outros no elenco, auxiliando-nos a compreender esse complexo, intrincado e exasperador arco. E, conforme vamos nos aproximando da resolução, não temos nada a fazer além de nos render ao nó formado no estômago que nos faz querer, de imediato, refletir sobre o que acabamos de assistir – na maneira mais elogiosa possível.

Bebê Rena é uma adição muito bem-vinda ao catálogo da Netflix que não apenas nos entrega o que prometia com a confecção apresentada, mas supera quaisquer expectativas por, ao não se levar a sério e a deixar que o talento fale mais alto, nos viciar em uma das minisséries mais soberbas dos últimos anos. É muito provável que o crescente sucesso do título lhe renda um destaque a mais nas premiações desse ano e do começo do próximo – ainda mais por estar caindo no gosto do público ao redor do planeta e angariando inúmeros fãs que, inclusive, podem transformá-la em uma produção com potencial para mais temporadas.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Nos últimos anos, a Netflix vem entregando diversas produções de alto calibre e que se tornaram um sucesso de público e de crítica. Tivemos, por exemplo, a minissérie ‘Treta’, estrelada por Steve Yeun e Ali Wong, que explodiu como um dos títulos originais mais aplaudidos da plataforma e levou inúmeros prêmios para casa. Agora, continuando sua onda de narrativas bem pensadas, críticas e ácidas, a plataforma de streaming nos apresentou com uma das melhores iterações do ano: Bebê Rena.

Desde o inesperado nome do projeto até a construção do enredo e a performance irretocável de um elenco de peso, cada sequência arquitetada pelo escritor e showman Richard Gadd é recheada com uma pinceladas de drama e de suspense apaixonantes. A trama é inspirada em um show do próprio Gadd, que inclusive interpreta uma rendição fictícia de si mesmo (aqui sob o nome de Donny Dunn), em que ele foi perseguido e sexualmente abusado quando tinha seus vinte anos. Nesta esfera, sua agressora emerge na persona de Martha Scott (Jessica Gunning em uma performance fabulosa do começo ao fim) e, ao longo de sete breves episódios, ele discorre sobre como se deu toda essa aventura apaixonante por todos os motivos errados, nos fazendo querer mais, mas nos deixando agradecidos pela qualidade artística eternizada através dos capítulos.

Gadd, confinado a um arco que vai se expandindo beat após beat, sabe como conduzir a própria narrativa sem se valer dos comodismos do gênero e apostando fichas em uma perfeita e instigante mixórdia criativa – recheada de quebras de expectativas surpreendentes, exageros propositais de personagens e uma química exuberante com sua companheira de cena; Gunning, como brevemente mencionado no parágrafo acima, entrega-se de corpo e alma à personagem que lhe é dada, tangenciando uma atuação absurdista que casa com a atmosfera delimitada e que a permite construir os maneirismos de Martha como bem entende. Não é surpresa, pois, que ambos tenham grandes chances de se tornarem favoritos na vindoura temporada de premiações.

Um outro aspecto a ser analisado – e que insurge como ponto positivo – é a sólida direção de Weronika Tofilska e Josephine Bornebusch. Dividindo a responsabilidade de supervisionar os episódios, é notável como ambas mantêm uma estética clara em mente: de um lado, temos um apreço pela montagem acelerada, fornecendo ainda mais ritmo para o curto tempo das iterações; de outro, um espectro conflitante entre os protagonistas marcado pela escolha certeira da fotografia sóbria e firme, por figurinos que entram em contraste uns com os outros. É claro que, considerando a perspectiva pela qual a história se esquadrinha, era apenas óbvio que a caracterização das personas seria muito diferente uma da outra – e é essa a beleza da produção: sabemos que estamos lidando com algo imparcial e compramos essa jornada instigante, devorando-a de uma vez só.

A cada capítulo, percebemos que as ações de Martha se intensificam em uma psicopatia que já foi representada de diversas maneiras no cenário audiovisual. Todavia, Gaad, em colaboração com as diretoras, não quer seguir o padrão cansativo de obras similares e faz de tudo para se afastar de clichês em potencial que manchem a originalidade estrutural e técnica da minissérie – e, para além dele e de Gunning, nada disso seria possível sem a presença de nomes como Nava Mau, Tom Goodman-Hill, Hugh Coles e outros no elenco, auxiliando-nos a compreender esse complexo, intrincado e exasperador arco. E, conforme vamos nos aproximando da resolução, não temos nada a fazer além de nos render ao nó formado no estômago que nos faz querer, de imediato, refletir sobre o que acabamos de assistir – na maneira mais elogiosa possível.

Bebê Rena é uma adição muito bem-vinda ao catálogo da Netflix que não apenas nos entrega o que prometia com a confecção apresentada, mas supera quaisquer expectativas por, ao não se levar a sério e a deixar que o talento fale mais alto, nos viciar em uma das minisséries mais soberbas dos últimos anos. É muito provável que o crescente sucesso do título lhe renda um destaque a mais nas premiações desse ano e do começo do próximo – ainda mais por estar caindo no gosto do público ao redor do planeta e angariando inúmeros fãs que, inclusive, podem transformá-la em uma produção com potencial para mais temporadas.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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