quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Episodes

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Pra qualquer ironia sobre Episodes ser bem compreendida, temos que começar explicando que a série é escrita por metade do cérebro criativo por trás de Friends, sendo assinada por David Crane e Jeffrey Klarik. A ironia começa quando Craine faz um enredo sobre dois roteiristas britânicos que são convidados a trazer sua série para um formato e uma emissora americana. Com 4 temporadas e muitos prêmios, eles queriam repetir o sucesso da série incluindo o elenco de sucesso que tinham por lá. Mas o protagonista deles é considerado ‘muito britânico’ e a emissora empurra Matt LeBlanc pra protagonista. Seria menos cômico se uma situação não muito parecida tivesse acontecido em Friends, onde a emissora empurrou, contra a vontade dos roteiristas, o mesmo LeBlanc para o papel do Joey.

Se os roteiristas de Friends disseram pouco tempo depois que a escolha dele para o papel foi totalmente correta, acho que Sean (Stephen Mangan) e Beverly (Tamsin Greig)– os roteiristas da série dentro da série – certamente não pensam o mesmo. Com a entrada dele como protagonista, muitas coisas começam a mudar na produção, ainda mais porque Leblanc não tem, nem de longe, o perfil do protagonista da série que eles produziam na Inglaterra, que era diretor de uma escola. Com pouco escrúpulo e falta de caráter, ele vai tecendo a série e fazendo um verdadeiro jogo para se favorecer.



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Dentro da série, Matt interpreta uma versão – espero que – medíocre demais de si mesmo, levando o egocentrismo de um ex famoso ao limite, interpretando um Joey piorado, sem a base das qualidades que faziam dele um atrativo na série. Se, cá entre nós, Leblanc nunca foi um grande exemplo de ator, em Episodes esse quadro não muda muito, o que me fez sentir uma surpresa absurda ao vê-lo ganhar um globo de ouro pela série. Sei que ele carrega já alguns prêmios por Friends, mas creio que eles são muito mais atribuídos ao personagem do que ao ator em si.

Enfim, Sean e Beverly assistem, de mãos atadas, a série que eles mesmos criaram sendo modificada pelas mãos da emissora, em especial pela visão bastante bipolar de Merc, que é o diretor executivo por trás de todas as produções que vão ao ar. Totalmente surtado e desligado, geralmente ele não lembra das coisas que disse e vive de colocar seus funcionários em saia justa por isso. Em contrapartida, Merc é de longe um dos personagens mais hilários da série, considerando ainda mais que a produção caiu muito em qualidade à medida que ele foi aparecendo menos.

Do nome ao rumo da história, tudo é modificado para que a série fique o mais “americanizada” possível. Nada felizes com isso, Sean e Beverly vão empurrando a produção como podem. Ele é todo otimista e busca ver o lado bom de tudo, até quando tudo que eles fizeram por anos começa a ficar uma real porcaria quando perde o controle deles. Casado com Beverly, Sean começa a se enroscar quando chega aos estados unidos e é inserido em contextos de vida que jamais havia experimentado. Ele quer mesmo é se atirar em todas as experiências que uma vida nova pode trazer para eles e suas produções.

Programme Name: Episodes  - TX: n/a - Episode: n/a (No. 1) - Picture Shows: (L-R) Beverly Lincoln [TAMSIN GREIG], Sean Lincoln [STEPHEN MANGAN] - (C) Hat Trick Productions/Showtime Networks - Photographer: Guy Levy

Beverly, ao oposto do marido, gosta de sustentar as suas opiniões e manter o padrão de qualidade que fez de ambos aplaudidos e premiados em seu país de origem. Sempre com um pé atrás, é frequentemente vista como a megera da dupla, especialmente por LeBlanc, que estabelece uma relação tensa com ela logo de cara.

Essa situação dá início a uma série de estereótipos que não me agradam muito na série. Ela nos coloca naquela situação onde a mulher é sempre a emburrada e pé no chão da relação. Não importa o quanto Beverly tente apenas lutar pelo que ela e Sean construíram, o roteiro sempre nos deixa com a impressão de que ela está tentando boicotar os sonhos do marido ao querer ter voz ativa nas decisões do casal, o que nos tira a chance de vê-la como uma excelente roteirista de humor. Vemos o marido como o brincalhão da relação e ela sempre como a carrancuda da história.

Com as mudanças do enredo da série, uma atriz chamada Morning também é trazida para o elenco. Toda conservada e com todo um mistério envolvido atrás da sua verdadeira idade, não demora muito para que ela se aproxime de Sean e que todo o jeitinho receptivo dele comece a gerar uma ciumeira danada em Beverly.

Novamente vamos nós para Beverly sendo inserida no contexto da esposa neurótica, aquela que vê coisas onde não tem e fica investigando o marido. Todas as vezes que ela briga com ele é pelo mesmo motivo, muito embora na ocasião ele ainda não a tenha traído, mas ela vê uma cena específica que a deixa muito irritada e resolve sair da casa em que eles estão morando juntos em Los Angeles e abandonar Sean, mesmo que ambos continuem trabalhando juntos na série.

Tem horas que ela exagera? Aham, Claudia! Mas ela também tem que ter uma paciência fora do comum para aguentar as mudanças de comportamento do marido, que muda muito depois que começa a conviver especialmente com Matt. O ator tem um estilo de vida totalmente desalinhado e adora ter uma companhia pra viver no mesmo estilo que ele. A autêntica pessoa que não vai a lugar algum e quer estacar a vida dos outros junto com ele.

A série num modo geral é bastante machista e trabalha com os mais básicos clichês femininos: a esposa troféu, a mulher vitimizada que trai por saber que é traída, a secretária que atende a todas as necessidades de todos os chefes, a loira burra… Enfim, tudo isso mora lá. E todos os estereótipos masculinos também estão lá… o homem incapaz de perdoar a mulher ter dormido com outro, pois sente que está competindo com alguém que pode ter sido melhor que ele, o garanhão que consegue tudo que quer, o chefe inescrupuloso, o homem sexualmente descontrolado…

episodes_2

Episodes é bastante inconsistente. O piloto é questionável, mas dá vontade de dar uma chance. A primeira temporada desenrola bem e deixa um gancho interessante. A segunda temporada mais acerta do que erra, ela apenas perde quando o foco da trama vira a separação de Sean e Beverly, pois os dois ficam batendo na mesma tecla em todos os momentos, o que deixa o enredo todo bastante cansativo, mas as histórias paralelas são bem bacanas.

Da terceira temporada pra frente, Episodes cai bastante, o que me fez ficar bastante surpresa quando soube da renovação para uma quinta (e última) temporada. A constante mudança de elenco no núcleo que compõe a emissora que transmite a série escrita por Sean e Beverly também contribui no declínio de uma série que, mesmo que instável, começou bem. O prosseguimento de Episodes desonra ótimos momentos, em especial o incrível episódio final da segunda temporada que foi impecável!

Mesmo que haja uma certa falta de habilidade dos roteiristas em explorar os personagens que ganham destaque na série, Episodes sempre acerta no que diz respeito ao elenco de apoio, é impossível não rir com Wendy, que trabalha como secretária de Beverly e Sean na emissora. Temos a Carol, que começa como uma personagem que promete, mas declina muito na proporção que lhe dão um enredo mais relevante na série.

A série que foi criada para ser uma crítica do mundo da TV e das celebridades acabou falhando ao trazer muitas mudanças de foco em diversos momentos. Matt LeBlanc não consegue superar a si mesmo no personagem. Para quem quer uma série mais fiel a essa tema e com uma atuação que muda a nossa visão sobre uma atriz de Friends, The Comeback da Lisa Kudrow (que já rendeu crítica aqui) é imensamente melhor, mesmo que com menos doses de humor que Episodes.

De qualquer modo, Episodes não é uma série descartável! As referências feitas sobre Friends deixam uma gosto de nostalgia e, sim, tem participação de gente do elenco de Friends em Episodes! O quem é e o quanto LeBlanc tem que lutar pra conseguir alguém do elenco pra participar da sua série é hilário!

episodes_5

A impressão que Episodes me deixou é a de funcionar em momentos, enquanto ela corresponde a sua proposta original, depois de algum tempo ela cai e chove no molhado, ainda assim a parte boa dela compensa e vale a pena ser vista, mas dificilmente ela virará uma série do coração ou algo que a gente nunca vai esquecer… Talvez essa seja a grande ironia sobre o mundo das séries…

Dentro de um contexto geral, Episodes é complexa de ser avaliada. Dar uma nota extremamente baixa é injusto, assim como dar uma nota muito alta é exagero. O fato de ela ainda ter me desafiado a continuar assistindo mediante as tantas vezes que pensei em simplesmente parar deixa a série mais próxima de um 7, mas claro que ainda temos que ver o que a temporada final nos guarda.

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Pra qualquer ironia sobre Episodes ser bem compreendida, temos que começar explicando que a série é escrita por metade do cérebro criativo por trás de Friends, sendo assinada por David Crane e Jeffrey Klarik. A ironia começa quando Craine faz um enredo sobre dois roteiristas britânicos que são convidados a trazer sua série para um formato e uma emissora americana. Com 4 temporadas e muitos prêmios, eles queriam repetir o sucesso da série incluindo o elenco de sucesso que tinham por lá. Mas o protagonista deles é considerado ‘muito britânico’ e a emissora empurra Matt LeBlanc pra protagonista. Seria menos cômico se uma situação não muito parecida tivesse acontecido em Friends, onde a emissora empurrou, contra a vontade dos roteiristas, o mesmo LeBlanc para o papel do Joey.

Se os roteiristas de Friends disseram pouco tempo depois que a escolha dele para o papel foi totalmente correta, acho que Sean (Stephen Mangan) e Beverly (Tamsin Greig)– os roteiristas da série dentro da série – certamente não pensam o mesmo. Com a entrada dele como protagonista, muitas coisas começam a mudar na produção, ainda mais porque Leblanc não tem, nem de longe, o perfil do protagonista da série que eles produziam na Inglaterra, que era diretor de uma escola. Com pouco escrúpulo e falta de caráter, ele vai tecendo a série e fazendo um verdadeiro jogo para se favorecer.

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Dentro da série, Matt interpreta uma versão – espero que – medíocre demais de si mesmo, levando o egocentrismo de um ex famoso ao limite, interpretando um Joey piorado, sem a base das qualidades que faziam dele um atrativo na série. Se, cá entre nós, Leblanc nunca foi um grande exemplo de ator, em Episodes esse quadro não muda muito, o que me fez sentir uma surpresa absurda ao vê-lo ganhar um globo de ouro pela série. Sei que ele carrega já alguns prêmios por Friends, mas creio que eles são muito mais atribuídos ao personagem do que ao ator em si.

Enfim, Sean e Beverly assistem, de mãos atadas, a série que eles mesmos criaram sendo modificada pelas mãos da emissora, em especial pela visão bastante bipolar de Merc, que é o diretor executivo por trás de todas as produções que vão ao ar. Totalmente surtado e desligado, geralmente ele não lembra das coisas que disse e vive de colocar seus funcionários em saia justa por isso. Em contrapartida, Merc é de longe um dos personagens mais hilários da série, considerando ainda mais que a produção caiu muito em qualidade à medida que ele foi aparecendo menos.

Do nome ao rumo da história, tudo é modificado para que a série fique o mais “americanizada” possível. Nada felizes com isso, Sean e Beverly vão empurrando a produção como podem. Ele é todo otimista e busca ver o lado bom de tudo, até quando tudo que eles fizeram por anos começa a ficar uma real porcaria quando perde o controle deles. Casado com Beverly, Sean começa a se enroscar quando chega aos estados unidos e é inserido em contextos de vida que jamais havia experimentado. Ele quer mesmo é se atirar em todas as experiências que uma vida nova pode trazer para eles e suas produções.

Programme Name: Episodes  - TX: n/a - Episode: n/a (No. 1) - Picture Shows: (L-R) Beverly Lincoln [TAMSIN GREIG], Sean Lincoln [STEPHEN MANGAN] - (C) Hat Trick Productions/Showtime Networks - Photographer: Guy Levy

Beverly, ao oposto do marido, gosta de sustentar as suas opiniões e manter o padrão de qualidade que fez de ambos aplaudidos e premiados em seu país de origem. Sempre com um pé atrás, é frequentemente vista como a megera da dupla, especialmente por LeBlanc, que estabelece uma relação tensa com ela logo de cara.

Essa situação dá início a uma série de estereótipos que não me agradam muito na série. Ela nos coloca naquela situação onde a mulher é sempre a emburrada e pé no chão da relação. Não importa o quanto Beverly tente apenas lutar pelo que ela e Sean construíram, o roteiro sempre nos deixa com a impressão de que ela está tentando boicotar os sonhos do marido ao querer ter voz ativa nas decisões do casal, o que nos tira a chance de vê-la como uma excelente roteirista de humor. Vemos o marido como o brincalhão da relação e ela sempre como a carrancuda da história.

Com as mudanças do enredo da série, uma atriz chamada Morning também é trazida para o elenco. Toda conservada e com todo um mistério envolvido atrás da sua verdadeira idade, não demora muito para que ela se aproxime de Sean e que todo o jeitinho receptivo dele comece a gerar uma ciumeira danada em Beverly.

Novamente vamos nós para Beverly sendo inserida no contexto da esposa neurótica, aquela que vê coisas onde não tem e fica investigando o marido. Todas as vezes que ela briga com ele é pelo mesmo motivo, muito embora na ocasião ele ainda não a tenha traído, mas ela vê uma cena específica que a deixa muito irritada e resolve sair da casa em que eles estão morando juntos em Los Angeles e abandonar Sean, mesmo que ambos continuem trabalhando juntos na série.

Tem horas que ela exagera? Aham, Claudia! Mas ela também tem que ter uma paciência fora do comum para aguentar as mudanças de comportamento do marido, que muda muito depois que começa a conviver especialmente com Matt. O ator tem um estilo de vida totalmente desalinhado e adora ter uma companhia pra viver no mesmo estilo que ele. A autêntica pessoa que não vai a lugar algum e quer estacar a vida dos outros junto com ele.

A série num modo geral é bastante machista e trabalha com os mais básicos clichês femininos: a esposa troféu, a mulher vitimizada que trai por saber que é traída, a secretária que atende a todas as necessidades de todos os chefes, a loira burra… Enfim, tudo isso mora lá. E todos os estereótipos masculinos também estão lá… o homem incapaz de perdoar a mulher ter dormido com outro, pois sente que está competindo com alguém que pode ter sido melhor que ele, o garanhão que consegue tudo que quer, o chefe inescrupuloso, o homem sexualmente descontrolado…

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Episodes é bastante inconsistente. O piloto é questionável, mas dá vontade de dar uma chance. A primeira temporada desenrola bem e deixa um gancho interessante. A segunda temporada mais acerta do que erra, ela apenas perde quando o foco da trama vira a separação de Sean e Beverly, pois os dois ficam batendo na mesma tecla em todos os momentos, o que deixa o enredo todo bastante cansativo, mas as histórias paralelas são bem bacanas.

Da terceira temporada pra frente, Episodes cai bastante, o que me fez ficar bastante surpresa quando soube da renovação para uma quinta (e última) temporada. A constante mudança de elenco no núcleo que compõe a emissora que transmite a série escrita por Sean e Beverly também contribui no declínio de uma série que, mesmo que instável, começou bem. O prosseguimento de Episodes desonra ótimos momentos, em especial o incrível episódio final da segunda temporada que foi impecável!

Mesmo que haja uma certa falta de habilidade dos roteiristas em explorar os personagens que ganham destaque na série, Episodes sempre acerta no que diz respeito ao elenco de apoio, é impossível não rir com Wendy, que trabalha como secretária de Beverly e Sean na emissora. Temos a Carol, que começa como uma personagem que promete, mas declina muito na proporção que lhe dão um enredo mais relevante na série.

A série que foi criada para ser uma crítica do mundo da TV e das celebridades acabou falhando ao trazer muitas mudanças de foco em diversos momentos. Matt LeBlanc não consegue superar a si mesmo no personagem. Para quem quer uma série mais fiel a essa tema e com uma atuação que muda a nossa visão sobre uma atriz de Friends, The Comeback da Lisa Kudrow (que já rendeu crítica aqui) é imensamente melhor, mesmo que com menos doses de humor que Episodes.

De qualquer modo, Episodes não é uma série descartável! As referências feitas sobre Friends deixam uma gosto de nostalgia e, sim, tem participação de gente do elenco de Friends em Episodes! O quem é e o quanto LeBlanc tem que lutar pra conseguir alguém do elenco pra participar da sua série é hilário!

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A impressão que Episodes me deixou é a de funcionar em momentos, enquanto ela corresponde a sua proposta original, depois de algum tempo ela cai e chove no molhado, ainda assim a parte boa dela compensa e vale a pena ser vista, mas dificilmente ela virará uma série do coração ou algo que a gente nunca vai esquecer… Talvez essa seja a grande ironia sobre o mundo das séries…

Dentro de um contexto geral, Episodes é complexa de ser avaliada. Dar uma nota extremamente baixa é injusto, assim como dar uma nota muito alta é exagero. O fato de ela ainda ter me desafiado a continuar assistindo mediante as tantas vezes que pensei em simplesmente parar deixa a série mais próxima de um 7, mas claro que ainda temos que ver o que a temporada final nos guarda.

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