sexta-feira, agosto 22, 2025
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    Crítica | Episódio bônus de ‘Sandman’ faz jus a uma de suas personagens mais marcantes

    A 2ª e última temporada de ‘Sandman’ chegou ao fim recentemente, deixando um gostinho agridoce para os fãs da elogiada série da Netflix e para os apreciadores das HQs homônimas assinadas por Neil Gaiman. Os episódios de encerramento finalizaram com esmero a saga de Morpheus (Tom Sturridge), um dos Sete Perpétuos que rege o equilíbrio cosmológico do universo, e apostou em um profundo drama metafísico e reflexivo que nos engajou e nos comoveu – mesmo com alguns probleminhas aqui e ali. Porém, a gigante do streaming não nos deixaria sem um pequeno presente, que chegou ao seu catálogo neste último dia 31 de julho.

    Assim como o ciclo de estreia nos apresentou a dois episódios extras, este também guardaria uma pequena joia audiovisual para encantar os espectadores. Intitulado “Death: The High Cost of Living”, o capítulo bônus é centrado em ninguém menos que a Morte, irmã mais velha de Morpheus/Sonho que é interpretada pela incrível Kirby Howell-Baptiste. E, contrariando a expectativa de alguns, o resultado é sólido o bastante para nos relembrar de que Gaiman construiu uma complexa obra-prima sem precedentes que conseguiu mesclar inúmeros estilos narrativos em um explosivo e vibrante cosmos. Essa essência eternizada na cultura pop foi abraçada com força e respeito por Allan Heinberg e David S. Goyer – e alcançou um novo ápice com uma de suas melhores iterações.



    A Morte apareceu pela primeira vez na primeira temporada da série, no sexto capítulo (“The Sound of Her Wings”), e logo caiu nas graças do público por um retrato cândido e que transformou essa temível entidade em uma velha amiga que nos acolhe quando nosso tempo no plano terreno se esgota – por mais inesperado e triste que isso seja. Personificada em uma profundidade espetacular e tocante, o episódio bônus serve para apresentar um outro lado da personagem e a coloca no caminho de um homem desiludido com a realidade e com a mesquinhez humana chamado Sexton (Colin Morgan). O rapaz, prestes a se matar com pílulas para dormir, acidentalmente cruza com a Morte, que está em seu dia de folga (o único que recebe de cem em cem anos) e decidiu saborear a sensação de ser humano.

    A princípio, Sexton não acredita quando ela, que apelida de Didi, afirma ser uma imaterialidade encarnada – e chega a pensar que está louca. Mas as coisas tomam um rumo inesperado quando a nada ortodoxa mulher o leva a uma jornada para que ele possa se reencontrar, não condenando o que pensou em fazer, e sim se permitindo apreciar as pequenas coisas que destituem as linhas maniqueístas entre o bem e o mal, analisando as áreas acinzentadas que existem em qualquer um. Deixando-se levar pela imprecisão da vida e dos estranhos que nos passam despercebidos minuto a minuto, a Morte abre espaço para que Sexton compreenda que incertezas e dúvidas são o que fazem o mundo girar.

    Jamie Childs conduz a breve iteração de maneira fenomenal, arquitetando um cosmos intrincado e vibrante no meio do caos londrino – seja no apartamento de Sexton, nas ruas movimentadas da metrópole ou em uma balada eletrônica que esconde segredos inimagináveis. E, à medida que fecha utiliza a individualidade temática para chegar a pulsões universais e comuns a cada um de nós, ele se alia ao roteiro de Gaiman e Heinberg, que reúne os clássicos elementos dos quadrinhos e dos capítulos anteriores conforme nos traz para a multidimensionalidade de uma realidade cruel e benévola, ao mesmo tempo.

    Falar do trabalho de Howell-Baptiste é redundante: conhecida por títulos como ‘The Good Place’, ‘Why Women Kill’ e ‘Cruella’, a atriz tem um inexplicável magnetismo em cena que a torna automaticamente o centro dos holofotes – e, papel a papel, ela vem mostrando uma versatilidade considerável e que merece nossa total atenção. Ao interpretar a Morte, a performer imortaliza uma de suas incursões mais aplaudíveis e que, finalmente, ganha destaque por completo. Em meio a uma condução magistral, Howell-Baptiste é acompanhada da letargia apática que Morgan emprega em Sexton, transformando-o num cético que se vê rodeado de dor e destruição; e de John Davies como Theo, promoter de uma balada que invoca a Morte para persuadi-la a ressuscitar sua amada.

    “Death: The High Cost of Living” parece, de fato, uma despedida memorável para uma série que com certeza deixará saudades. Unindo os elementos de maior sucesso da narrativa principal, o episódio bônus da 2ª temporada de ‘Sandman’ faz jus a uma de suas personagens mais marcantes – e dá adeus da melhor maneira possível.

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