domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Escobar: A Traição – Penélope Cruz e Javier Bardem em ‘Narcos’ na telona

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Amando Pablo

A esta altura, Pablo Escobar se tornou um dos papeis mais requisitados da dramaturgia mundial. Seja em filmes, séries, produções para a TV e documentários, o maior narcotraficante que a Colômbia já viu (e quiçá o mundo), se tornou tema de inúmeras produções audiovisuais. O motivo, você pergunta? O mesmo que fez de obras como O Poderoso Chefão (1972), Scarface (1983) e Os Bons Companheiros (1992) algumas das mais adoradas da história do cinema. O crime a violência sempre foram chamarizes na ficção, pois fascinam pelo perigo.

E que melhor material do que uma verdadeira lenda do tráfico de drogas e todo tipo de atividade ilícita que se possa imaginar. Escobar foi mais do que qualquer criminoso, parou um país e incomodou tanto o poderosíssimo EUA a ponto de despertar sua ira. O que veio a se tornar sua queda e ruína. Todos nos sabemos de cor a trajetória do ‘Patrón’, como era conhecido – caso não conheçam, procurem sobre sua curiosa escalada rumo ao poder, pois material fonte é o que não falta (uma boa dica é a recente série Narcos).



Ajudando ainda mais este acervo bibliográfico, o espanhol Fernando León de Aranoa (Um Dia Perfeito) adapta para as telonas o livro Loving Pablo, Hating Escobar, da jornalista Virginia Vallejo. A apresentadora e repórter (vivida na citada Narcos pela estonteante Stephanie Sigman) conheceu o lendário bandido de perto, inclusive de forma íntima, pode-se dizer sem equívocos. Vallejo foi sua amante mais notória e uma das pessoas com mais propriedade para delinear insights sobre o mito do criminoso.

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A decepção, no entanto, chega através de um material – ou ao menos sua transposição para as telonas – sem grandes novidades. O atestado não passa de reciclagem de tudo que já sabemos, e muito, sobre o poderoso soberano do cartel de Medilín. Embora não cause grande estranheza igualmente, Escobar: A Traição em momento algum consegue quebrar o molde, tanto narrativo quanto estético, de qualquer produção para a TV sobre o tema. Não inova e não transcende o imaginado, permanecendo no lugar comum de outras obras que abordaram o tema. Aqui, não existe um aprofundamento que só alguém muito ligado à figura central poderia trazer. Os chamados detalhes de bastidores.

Por outro lado, funcionando como holofote para o drama criminal estão os esforços da dupla protagonista, e casal da vida real (em seu primeiro trabalho juntos após o casamento) Javier Bardem e Penélope Cruz. E sim, coloco nesta ordem porque, por mais que seja uma narrativa servida por Vallejo, é Escobar quem assume o protagonismo no filme.

E é Bardem justamente, um ator extremamente metódico, quem sobressai em sua performance, incorporando como esperado o chefão. Sua atuação é hipnótica, por vezes sedutor como Juan Antonio de Vicky Cristina Barcelona (2008), outras, tão aterrador quanto Anton Chigurh de Onde os Fracos Não Tem Vez (2007). O único porém em sua composição, que sequer diz respeito ao ator, é o uso de uma maquiagem pra lá de canhestra, soando completamente artificial na segunda metade do longa. É ruim ao ponto de incomodar.

Quanto à cara metade do espanhol, parece não existir meio termo para Penélope Cruz. Quando é boa, chega ao nível de prêmios. Quando não é, fica na base da caricatura. Exatamente o resultado aqui. Talvez fosse inclusive a proposta da atriz, permear o papel com certo exagero e extravagância. No entanto, sua atuação não chega junto do resto da obra ou da intensidade almejada em momentos. Nem de longe comprometendo o resultado geral tampouco.

Escobar: A Traição é um longa eficiente e direto, sem floreios ou pretensões artísticas desmedidas. É um telefilme bem temperado, cuja força está na presença de seus astros de cinema e de seu virtuoso empenho.

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A esta altura, Pablo Escobar se tornou um dos papeis mais requisitados da dramaturgia mundial. Seja em filmes, séries, produções para a TV e documentários, o maior narcotraficante que a Colômbia já viu (e quiçá o mundo), se tornou tema de inúmeras produções audiovisuais. O motivo, você pergunta? O mesmo que fez de obras como O Poderoso Chefão (1972), Scarface (1983) e Os Bons Companheiros (1992) algumas das mais adoradas da história do cinema. O crime a violência sempre foram chamarizes na ficção, pois fascinam pelo perigo.

E que melhor material do que uma verdadeira lenda do tráfico de drogas e todo tipo de atividade ilícita que se possa imaginar. Escobar foi mais do que qualquer criminoso, parou um país e incomodou tanto o poderosíssimo EUA a ponto de despertar sua ira. O que veio a se tornar sua queda e ruína. Todos nos sabemos de cor a trajetória do ‘Patrón’, como era conhecido – caso não conheçam, procurem sobre sua curiosa escalada rumo ao poder, pois material fonte é o que não falta (uma boa dica é a recente série Narcos).

Ajudando ainda mais este acervo bibliográfico, o espanhol Fernando León de Aranoa (Um Dia Perfeito) adapta para as telonas o livro Loving Pablo, Hating Escobar, da jornalista Virginia Vallejo. A apresentadora e repórter (vivida na citada Narcos pela estonteante Stephanie Sigman) conheceu o lendário bandido de perto, inclusive de forma íntima, pode-se dizer sem equívocos. Vallejo foi sua amante mais notória e uma das pessoas com mais propriedade para delinear insights sobre o mito do criminoso.

A decepção, no entanto, chega através de um material – ou ao menos sua transposição para as telonas – sem grandes novidades. O atestado não passa de reciclagem de tudo que já sabemos, e muito, sobre o poderoso soberano do cartel de Medilín. Embora não cause grande estranheza igualmente, Escobar: A Traição em momento algum consegue quebrar o molde, tanto narrativo quanto estético, de qualquer produção para a TV sobre o tema. Não inova e não transcende o imaginado, permanecendo no lugar comum de outras obras que abordaram o tema. Aqui, não existe um aprofundamento que só alguém muito ligado à figura central poderia trazer. Os chamados detalhes de bastidores.

Por outro lado, funcionando como holofote para o drama criminal estão os esforços da dupla protagonista, e casal da vida real (em seu primeiro trabalho juntos após o casamento) Javier Bardem e Penélope Cruz. E sim, coloco nesta ordem porque, por mais que seja uma narrativa servida por Vallejo, é Escobar quem assume o protagonismo no filme.

E é Bardem justamente, um ator extremamente metódico, quem sobressai em sua performance, incorporando como esperado o chefão. Sua atuação é hipnótica, por vezes sedutor como Juan Antonio de Vicky Cristina Barcelona (2008), outras, tão aterrador quanto Anton Chigurh de Onde os Fracos Não Tem Vez (2007). O único porém em sua composição, que sequer diz respeito ao ator, é o uso de uma maquiagem pra lá de canhestra, soando completamente artificial na segunda metade do longa. É ruim ao ponto de incomodar.

Quanto à cara metade do espanhol, parece não existir meio termo para Penélope Cruz. Quando é boa, chega ao nível de prêmios. Quando não é, fica na base da caricatura. Exatamente o resultado aqui. Talvez fosse inclusive a proposta da atriz, permear o papel com certo exagero e extravagância. No entanto, sua atuação não chega junto do resto da obra ou da intensidade almejada em momentos. Nem de longe comprometendo o resultado geral tampouco.

Escobar: A Traição é um longa eficiente e direto, sem floreios ou pretensões artísticas desmedidas. É um telefilme bem temperado, cuja força está na presença de seus astros de cinema e de seu virtuoso empenho.

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