quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Especialista em Crise

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Bullock turbinada, o filme nem tanto

A estrela Sandra Bullock conhece bem os altos e baixos de uma carreira. Bullock chegou ao mundo do cinema como a nova rainha das comédias românticas, em meados da década de 1990, apesar de conseguir encaixar um suspense ou um filme de ação aqui e ali. Mas o que todo ator quer de verdade é ser reconhecido, e para isso precisa investir em papeis sérios, em filmes idem.

Bullock já vinha tentando reconhecimento desde ganhou os holofotes, com filmes como No Amor e na Guerra (1996), por exemplo, e recebendo elogios, que viam além da doçura da namoradinha da América, por seu desempenho em filmes como Crash: No Limite (2005). Sua maturidade artística foi reconhecida somente no final da década passada, com a primeira indicação, seguida de vitória no Oscar por Um Sonho Possível (2009). Daí seguiram trabalhos elogiados como em Tão Forte, Tão Perto (2011) e Gravidade (2013) – sua segunda indicação e último trabalho como atriz até então.



ourbrandiscrisis_3

A atriz voltou às telas este ano com ‘Especialista em Crise‘ (Our Brand is Crisis), comédia política, que fez sua estreia mundial aqui no Festival de Toronto, onde pude conferi-lo em primeira mão. Primeiramente, vale dizer que o filme já vinha anunciado como a próxima tentativa de Bullock emplacar numa obra mais madura (apesar de ser uma comédia, é adulta) e, quem sabe, mirada a prêmios. Nos bastidores, esse era conhecido como o filme que Bullock tirou de George Clooney para protagonizar – o ator produz o longa ao lado da atriz e do parceiro atual, Grant Heslov (roteirista e produtor de seus últimos filmes).

Na trama, Bullock vive “Calamity” Jane Bodine, lobista especializada em campanhas políticas. O filme abre e fecha com a personagem em uma entrevista, dessas do tipo “Marília Gabriela”. Quando a encontramos, ela está relativamente aposentada, dando um tempo do emprego que a consome tanto física e emocionalmente, após uma mancada. Mesmo após o erro, todos reconhecem que ela é uma das melhores do jogo, e logo em sua porta aparecem os personagens de Anthony Mackie e Ann Dowd para recrutá-la em mais uma missão. Esta, no entanto, estará fora de sua área, e consiste em ganhar uma eleição para um político sul-americano, papel de Joaquin de Almeida, em seu continente.

ourbrandiscrisis_2

Especialista em Crise‘, assim como Freeheld (outro filme de destaque no TIFF), também é baseado num documentário homônimo, que narra justamente o uso de estrategistas norte-americanos em campanhas políticas sul-americanas. O filme tinha tudo para ir além, e ficamos o tempo todo esperando que decole, coisa que nunca faz de fato. De Mera Coincidência (1998) a Obrigado por Fumar (2005), o cinema já nos apresentou diversas sátiras políticas afiadas. Our Brand is Crisis não é uma delas.

Bullock é a melhor coisa aqui e sobressai ao roteiro escrito pelo geralmente talentoso Peter Straughan. Vale dizer que sua nova obra está mais para Os Homens que Encaravam Cabras (2009) do que para acertos como O Espião que Sabia Demais (2011) ou o recente Frank (2014). Nesse quebra-cabeça nem tudo se encaixa, e temos, por exemplo, a química zero entre a protagonista e seu “par”, vivido por Billy Bob Thornton; momentos dispensáveis como quando a personagem de Bullock fica “alta” junto com um grupo de jovens latinos numa montagem vergonhosa (trecho que deveria ter ficado na sala de montagem); ou a utilização da personagem de Zoe Kazan, que é apresentada como a salvação da lavoura, mas entra muda e sai calada.

ourbrandiscrisis_1

Os personagens não possuem destaque o suficiente e o foco na campanha política (que é o centro aqui) igualmente não nos captura. Tudo isso faz de ‘Especialista em Crise‘ um filme bem irregular, que poderia ter sido sem nunca chegar de fato lá. Nem por isso chega a ser um gol contra, apenas um zero a zero. A direção é do renovado David Gordon Green (Joe, Príncipes da Estrada e Manglehorn), que com o filme não chega a manchar sua restabelecida reputação.

De Pablo Bazarello, enviado especial a Toronto.

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A estrela Sandra Bullock conhece bem os altos e baixos de uma carreira. Bullock chegou ao mundo do cinema como a nova rainha das comédias românticas, em meados da década de 1990, apesar de conseguir encaixar um suspense ou um filme de ação aqui e ali. Mas o que todo ator quer de verdade é ser reconhecido, e para isso precisa investir em papeis sérios, em filmes idem.

Bullock já vinha tentando reconhecimento desde ganhou os holofotes, com filmes como No Amor e na Guerra (1996), por exemplo, e recebendo elogios, que viam além da doçura da namoradinha da América, por seu desempenho em filmes como Crash: No Limite (2005). Sua maturidade artística foi reconhecida somente no final da década passada, com a primeira indicação, seguida de vitória no Oscar por Um Sonho Possível (2009). Daí seguiram trabalhos elogiados como em Tão Forte, Tão Perto (2011) e Gravidade (2013) – sua segunda indicação e último trabalho como atriz até então.

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A atriz voltou às telas este ano com ‘Especialista em Crise‘ (Our Brand is Crisis), comédia política, que fez sua estreia mundial aqui no Festival de Toronto, onde pude conferi-lo em primeira mão. Primeiramente, vale dizer que o filme já vinha anunciado como a próxima tentativa de Bullock emplacar numa obra mais madura (apesar de ser uma comédia, é adulta) e, quem sabe, mirada a prêmios. Nos bastidores, esse era conhecido como o filme que Bullock tirou de George Clooney para protagonizar – o ator produz o longa ao lado da atriz e do parceiro atual, Grant Heslov (roteirista e produtor de seus últimos filmes).

Na trama, Bullock vive “Calamity” Jane Bodine, lobista especializada em campanhas políticas. O filme abre e fecha com a personagem em uma entrevista, dessas do tipo “Marília Gabriela”. Quando a encontramos, ela está relativamente aposentada, dando um tempo do emprego que a consome tanto física e emocionalmente, após uma mancada. Mesmo após o erro, todos reconhecem que ela é uma das melhores do jogo, e logo em sua porta aparecem os personagens de Anthony Mackie e Ann Dowd para recrutá-la em mais uma missão. Esta, no entanto, estará fora de sua área, e consiste em ganhar uma eleição para um político sul-americano, papel de Joaquin de Almeida, em seu continente.

ourbrandiscrisis_2

Especialista em Crise‘, assim como Freeheld (outro filme de destaque no TIFF), também é baseado num documentário homônimo, que narra justamente o uso de estrategistas norte-americanos em campanhas políticas sul-americanas. O filme tinha tudo para ir além, e ficamos o tempo todo esperando que decole, coisa que nunca faz de fato. De Mera Coincidência (1998) a Obrigado por Fumar (2005), o cinema já nos apresentou diversas sátiras políticas afiadas. Our Brand is Crisis não é uma delas.

Bullock é a melhor coisa aqui e sobressai ao roteiro escrito pelo geralmente talentoso Peter Straughan. Vale dizer que sua nova obra está mais para Os Homens que Encaravam Cabras (2009) do que para acertos como O Espião que Sabia Demais (2011) ou o recente Frank (2014). Nesse quebra-cabeça nem tudo se encaixa, e temos, por exemplo, a química zero entre a protagonista e seu “par”, vivido por Billy Bob Thornton; momentos dispensáveis como quando a personagem de Bullock fica “alta” junto com um grupo de jovens latinos numa montagem vergonhosa (trecho que deveria ter ficado na sala de montagem); ou a utilização da personagem de Zoe Kazan, que é apresentada como a salvação da lavoura, mas entra muda e sai calada.

ourbrandiscrisis_1

Os personagens não possuem destaque o suficiente e o foco na campanha política (que é o centro aqui) igualmente não nos captura. Tudo isso faz de ‘Especialista em Crise‘ um filme bem irregular, que poderia ter sido sem nunca chegar de fato lá. Nem por isso chega a ser um gol contra, apenas um zero a zero. A direção é do renovado David Gordon Green (Joe, Príncipes da Estrada e Manglehorn), que com o filme não chega a manchar sua restabelecida reputação.

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