domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Esquadrão Suicida

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Quase lá…

Após a repercussão no mínimo duvidosa de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, além obviamente dos números em bilheteria ficarem na margem do esperado, a Warner/DC precisou se mexer para de alguma forma apagar ou empalidecer a má impressão deixada. Nomes sacados e alguns cargos trocados, títulos cancelados, datas modificadas e até mesmo o tom dos trailers de produções futuras ganharam outro norte.

No entanto há algo que o estúdio parece não querer abrir mão e é a tal da liberdade criativa para os cineastas que encabeçam seus projetos, o que à primeira vista é artisticamente bem interessante, mas na prática essa lógica parece não surtir efeito, pois, apesar de estarem no mesmo universo, vemos títulos bem diferentes um dos outros. Pior ainda é quando a empresa resolve meter o bedelho e confundir tudo.



É o caso deste Esquadrão Suicida, um filme que antes mesmo de estrear já havia conquistado um bom número de fãs pelo material de marketing, que mostrava anti-heróis malucos em meio a canções populares e muita ação, despertando assim a curiosidade do público em geral. E se procuram apenas isto, irão realmente achar aqui.

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Escrito e dirigido por David Ayer – que mesmo após ter realizado o premiado Corações de Ferro (2014), tem em seu currículo coisas bocós como Sabotagem (2012) – o longa em questão possui nitidamente uma despretensão temática em relação a outras produções irmãs. Contudo tendo este a função de incrementar informações ao universo que está sendo estabelecido e de também ligar pontos aos demais materiais da franquia, são inseridos (ou muitas vezes jogados) infindáveis elementos que tornam a obra confusa e inchada. Uma colcha de retalhos que, no fim das contas, não sabe muito bem a que veio.

Se encarado como um filme de ação puramente escapista, é possível achar pontos que agradem o tipo de público que aprecia o gênero, até pela linguagem narrativa solta e os personagens carregarem consigo o DNA dos protagonistas brucutus do final dos anos 1980. Ou até mesmo por trazer cenas de ação megalomaníacas (algumas até empolgantes), vilões unidimensionais e um romance bobo pouco desenvolvido. Artifícios batidos, mas que nunca tiraram a diversão dessas produções.

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Porém a intenção de Ayer – ou do estúdio – é algo que vai mais além, já que começam a lidar com figuras simbólicas como Batman e Coringa, ou quando envolvem grandes corporações políticas, além de em segundo plano se arriscar a abordar arcos dramáticos delicados que poderiam ser mais explorados. É tão clara a falta de naturalidade que, para engrossar o caldo, temos frases de efeito que soam desconexas, objetos característicos sem a mínima função e motivações no mínimo estranhas. Sobrando assim gordura em demasia, que vão de tomadas inteiras até diálogos pontuais.

O núcleo de protagonistas, o que na verdade mais interessa por aqui, também é oscilante. Se por um lado temos a presença surtada, incrivelmente sensual e forte de Margot Robbie como Arlequina, por outro vemos Jared Leto entregar um Coringa que em nenhum momento consegue passar a sensação de perigo, ao contrário disso, tudo parece forçado e às vezes até vexatório. E se Will Smith traz carisma para o seu Pistoleiro, Jai Courtney nunca convence na pele do Capitão Bumerangue. O saldo talvez seja positivo devido a Viola Davis trazer peso à figura de Amanda Waller. Mas é só isso.

esquadraosuicida

O design de produção, apesar de não comprometer, está deveras aquém do aguardado, onde se imaginava trabalharem mais com as luzes em neon mescladas ao cenário, diferente do figurino e o visual dos personagens, quase todos bem acertados – o ponto fora da curva aqui também vai para a conta do Coringa, onde a ideia de ostentação da violência pelas joias e tatuagens jamais funciona. Todavia a trilha sonora aparece em vários andamentos como válvula de escape e confere energia à narrativa, dando melhor ritmo ao longa.

A conclusão é que Esquadrão Suicida ainda não é, nem de longe, o filme que a DC Comics precisa para decolar de vez nos cinemas, mas deve funcionar melhor isoladamente. O tipo de entretenimento feito a toque de caixa e que é de fato esquecível, entretanto pode agradar o público médio e dar esperanças aos fãs que aguardam do estúdio algo mais atrativo no futuro.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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No entanto há algo que o estúdio parece não querer abrir mão e é a tal da liberdade criativa para os cineastas que encabeçam seus projetos, o que à primeira vista é artisticamente bem interessante, mas na prática essa lógica parece não surtir efeito, pois, apesar de estarem no mesmo universo, vemos títulos bem diferentes um dos outros. Pior ainda é quando a empresa resolve meter o bedelho e confundir tudo.

É o caso deste Esquadrão Suicida, um filme que antes mesmo de estrear já havia conquistado um bom número de fãs pelo material de marketing, que mostrava anti-heróis malucos em meio a canções populares e muita ação, despertando assim a curiosidade do público em geral. E se procuram apenas isto, irão realmente achar aqui.

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Escrito e dirigido por David Ayer – que mesmo após ter realizado o premiado Corações de Ferro (2014), tem em seu currículo coisas bocós como Sabotagem (2012) – o longa em questão possui nitidamente uma despretensão temática em relação a outras produções irmãs. Contudo tendo este a função de incrementar informações ao universo que está sendo estabelecido e de também ligar pontos aos demais materiais da franquia, são inseridos (ou muitas vezes jogados) infindáveis elementos que tornam a obra confusa e inchada. Uma colcha de retalhos que, no fim das contas, não sabe muito bem a que veio.

Se encarado como um filme de ação puramente escapista, é possível achar pontos que agradem o tipo de público que aprecia o gênero, até pela linguagem narrativa solta e os personagens carregarem consigo o DNA dos protagonistas brucutus do final dos anos 1980. Ou até mesmo por trazer cenas de ação megalomaníacas (algumas até empolgantes), vilões unidimensionais e um romance bobo pouco desenvolvido. Artifícios batidos, mas que nunca tiraram a diversão dessas produções.

376650.jpg-r_1920_1080-f_jpg-q_x-xxyxx

Porém a intenção de Ayer – ou do estúdio – é algo que vai mais além, já que começam a lidar com figuras simbólicas como Batman e Coringa, ou quando envolvem grandes corporações políticas, além de em segundo plano se arriscar a abordar arcos dramáticos delicados que poderiam ser mais explorados. É tão clara a falta de naturalidade que, para engrossar o caldo, temos frases de efeito que soam desconexas, objetos característicos sem a mínima função e motivações no mínimo estranhas. Sobrando assim gordura em demasia, que vão de tomadas inteiras até diálogos pontuais.

O núcleo de protagonistas, o que na verdade mais interessa por aqui, também é oscilante. Se por um lado temos a presença surtada, incrivelmente sensual e forte de Margot Robbie como Arlequina, por outro vemos Jared Leto entregar um Coringa que em nenhum momento consegue passar a sensação de perigo, ao contrário disso, tudo parece forçado e às vezes até vexatório. E se Will Smith traz carisma para o seu Pistoleiro, Jai Courtney nunca convence na pele do Capitão Bumerangue. O saldo talvez seja positivo devido a Viola Davis trazer peso à figura de Amanda Waller. Mas é só isso.

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O design de produção, apesar de não comprometer, está deveras aquém do aguardado, onde se imaginava trabalharem mais com as luzes em neon mescladas ao cenário, diferente do figurino e o visual dos personagens, quase todos bem acertados – o ponto fora da curva aqui também vai para a conta do Coringa, onde a ideia de ostentação da violência pelas joias e tatuagens jamais funciona. Todavia a trilha sonora aparece em vários andamentos como válvula de escape e confere energia à narrativa, dando melhor ritmo ao longa.

A conclusão é que Esquadrão Suicida ainda não é, nem de longe, o filme que a DC Comics precisa para decolar de vez nos cinemas, mas deve funcionar melhor isoladamente. O tipo de entretenimento feito a toque de caixa e que é de fato esquecível, entretanto pode agradar o público médio e dar esperanças aos fãs que aguardam do estúdio algo mais atrativo no futuro.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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