domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Eu Fico Loko

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Assim que sobem os créditos iniciais, com as logos dos patrocinadores, a voz em off de Christian Figueiredo explica que o procedimento é padrão para obras cinematográficas, concluindo que grande parte do público que lotará as sessões de seu filme não está acostumado a ir ao cinema e sim assistir aos seus vídeos na plataforma Youtube. Condescendência ou ironia, a impressão do astro da internet não está muito longe da realidade. E o fato não é demérito, já que assim como a TV tirou o cartaz do cinema na década de 1950, agora é substituída pela internet.

Embora ainda vistos com descrença e preconceito, os novos “artistas” são visionários e precursores, profetizando tendências, de olho no amanhã. Obviamente, como em todas as mídias (TV e cinema também), nem tudo o que se consome é ouro – e também é inegável que tais plataformas dão voz a qualquer um, só é preciso ter uma câmera. Conquistar um público e fazer sucesso talvez seja o trabalho mais difícil, digam os detratores o que quiserem (aqui caberia a famosa máxima “faça melhor”).



Já virando quase um segmento no cinema – em especial aqui no Brasil – os filmes protagonizados pelas neo cyber celebridades estão se materializando aos montes. A atriz e entertainer Kéfera Buchmann, por exemplo, saiu na frente e protagonizou dois longas (com planos para mais) – que não foram bem recebidos pelos críticos. E em breve teremos Internet – O filme, que juntará em um só longa as principais figuras deste admirável novo mundo. Pode-se dizer também que a coisa não começa tão capenga assim, já que no lote temos este Eu Fico Loko tratando de eliminar, ou ao menos reduzir bastante, a incredulidade dos céticos.

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Esta biografia de Christian Figueiredo começa com a narração do mesmo dizendo o que muitos na plateia irão pensar em relação aos seus méritos por ganhar um filme só seu. É este nível de esperteza que faz o longa estar sempre a um passo à frente de sua audiência, tirando sarro de si e se depreciando antes que outros o façam. Figueiredo e os realizadores entendem bem isso, conhecem de perto a descrença da maioria porque igualmente as têm. Sabem o quão ridículo é o fato de um jovem de vinte anos de idade ganhar sua própria cinebiografia, mas usam a seu favor a rejeição e a ironia implícita em tudo – o que já é metade da batalha ganha.

O próprio Figueiredo salpica a tela de tempos em tempos para se dirigir ao público, comentando sarcasticamente a narrativa de eventos e, ao desfecho, vestindo-se finalmente de protagonista e interpretando a si mesmo. A história acompanha a vida do rapaz no colégio, circundando todos os acontecimentos tipicamente adolescentes, que figuram na maioria dos filmes teen de high school. A diferença é a honestidade com que a obra é confeccionada, nunca se excedendo e conhecendo plenamente suas limitações.

O jovem retraído, com pais liberais e com uma avó que é uma peça por si só (Suely Franco), sofre bullying diário no colégio e perpassa por todas as desventuras amorosas esperadas. Alguns trechos geram risadas genuínas (o que é muito mais do que pode ser dito da maioria das comédias nacionais) e as cenas montadas nos pegam pensando se realmente ocorreram ou foram romantizadas para criar um apelo maior junto ao público. Seja como for, funcionam. Os atores mirins são de primeira e criam harmonia com seus desempenhos – em especial Filipe Bragança (Christian, 15 anos), Isabella Moreira (Alice, 15 anos) e Giovanna Grigio (Gabriela Coelho).

Eu Fico Loko desenvolve empatia imediata com o público, tendo como maior êxito não ser um produto de nicho, recomendado apenas para os fãs do famoso Youtuber. O carisma do rapaz e de seu intérprete nas telas (Bragança) é grande, transcende e fará o espectador mais resistente mudar de lado para o corner do menino em fração de minutos. A história atemporal do loser que encontra um artifício para superar as dificuldades do dia a dia já foi contada e recontada inúmeras vezes através dos tempos pelo mundo – seja o artifício a luta, a música, o cinema ou vídeos na internet. O que faz a diferença é sempre a forma como essa história é contada e neste quesito os louros precisam ir para o roteiro adaptado por Sylvio Gonçalves (Confissões de Adolescente, 2013) e pelo próprio cineasta Bruno Garotti – cuja estreia na direção de longas supera os trabalhos anteriores como assistente de direção de comédias no cinema.

Eu Fico Loko é dinâmico, criativo e muito bem humorado. Faz ponderar mais uma vez que não deve existir preconceito quando o tema é cinema, inerente muito mais nos que clamam pelo mesmo, mas aderem ao comportamento segmentário.

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Embora ainda vistos com descrença e preconceito, os novos “artistas” são visionários e precursores, profetizando tendências, de olho no amanhã. Obviamente, como em todas as mídias (TV e cinema também), nem tudo o que se consome é ouro – e também é inegável que tais plataformas dão voz a qualquer um, só é preciso ter uma câmera. Conquistar um público e fazer sucesso talvez seja o trabalho mais difícil, digam os detratores o que quiserem (aqui caberia a famosa máxima “faça melhor”).

Já virando quase um segmento no cinema – em especial aqui no Brasil – os filmes protagonizados pelas neo cyber celebridades estão se materializando aos montes. A atriz e entertainer Kéfera Buchmann, por exemplo, saiu na frente e protagonizou dois longas (com planos para mais) – que não foram bem recebidos pelos críticos. E em breve teremos Internet – O filme, que juntará em um só longa as principais figuras deste admirável novo mundo. Pode-se dizer também que a coisa não começa tão capenga assim, já que no lote temos este Eu Fico Loko tratando de eliminar, ou ao menos reduzir bastante, a incredulidade dos céticos.

Esta biografia de Christian Figueiredo começa com a narração do mesmo dizendo o que muitos na plateia irão pensar em relação aos seus méritos por ganhar um filme só seu. É este nível de esperteza que faz o longa estar sempre a um passo à frente de sua audiência, tirando sarro de si e se depreciando antes que outros o façam. Figueiredo e os realizadores entendem bem isso, conhecem de perto a descrença da maioria porque igualmente as têm. Sabem o quão ridículo é o fato de um jovem de vinte anos de idade ganhar sua própria cinebiografia, mas usam a seu favor a rejeição e a ironia implícita em tudo – o que já é metade da batalha ganha.

O próprio Figueiredo salpica a tela de tempos em tempos para se dirigir ao público, comentando sarcasticamente a narrativa de eventos e, ao desfecho, vestindo-se finalmente de protagonista e interpretando a si mesmo. A história acompanha a vida do rapaz no colégio, circundando todos os acontecimentos tipicamente adolescentes, que figuram na maioria dos filmes teen de high school. A diferença é a honestidade com que a obra é confeccionada, nunca se excedendo e conhecendo plenamente suas limitações.

O jovem retraído, com pais liberais e com uma avó que é uma peça por si só (Suely Franco), sofre bullying diário no colégio e perpassa por todas as desventuras amorosas esperadas. Alguns trechos geram risadas genuínas (o que é muito mais do que pode ser dito da maioria das comédias nacionais) e as cenas montadas nos pegam pensando se realmente ocorreram ou foram romantizadas para criar um apelo maior junto ao público. Seja como for, funcionam. Os atores mirins são de primeira e criam harmonia com seus desempenhos – em especial Filipe Bragança (Christian, 15 anos), Isabella Moreira (Alice, 15 anos) e Giovanna Grigio (Gabriela Coelho).

Eu Fico Loko desenvolve empatia imediata com o público, tendo como maior êxito não ser um produto de nicho, recomendado apenas para os fãs do famoso Youtuber. O carisma do rapaz e de seu intérprete nas telas (Bragança) é grande, transcende e fará o espectador mais resistente mudar de lado para o corner do menino em fração de minutos. A história atemporal do loser que encontra um artifício para superar as dificuldades do dia a dia já foi contada e recontada inúmeras vezes através dos tempos pelo mundo – seja o artifício a luta, a música, o cinema ou vídeos na internet. O que faz a diferença é sempre a forma como essa história é contada e neste quesito os louros precisam ir para o roteiro adaptado por Sylvio Gonçalves (Confissões de Adolescente, 2013) e pelo próprio cineasta Bruno Garotti – cuja estreia na direção de longas supera os trabalhos anteriores como assistente de direção de comédias no cinema.

Eu Fico Loko é dinâmico, criativo e muito bem humorado. Faz ponderar mais uma vez que não deve existir preconceito quando o tema é cinema, inerente muito mais nos que clamam pelo mesmo, mas aderem ao comportamento segmentário.

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