Um padre bem-intencionado tentando expulsar o demônio do corpo de uma mulher possuída: essa é a premissa da maioria (senão de todos) os filmes de terror sobre exorcismo. Bom, até aí, tudo bem, porque o que diferencia um filme do outro é a maneira como essa história é contada. É preciso trazer algo a mais para o público, mostrar-se minimamente inovador. Seguindo muito bem por essa cartilha, chega aos cinemas brasileiros essa semana o novo terror ‘Exorcismo Sagrado’, uma boa pedida nas telonas para quem curte essa pegada.
Estamos no México, no ano de 2002. O Padre Williams (Will Beinbrink, de ‘It – Capítulo 2’), embora estrangeiro, é muito querido pela comunidade local, por isso é chamado às pressas para ajudar no exorcismo da jovem irmã Magali (Irán Castillo), que está possuída pelo demônio Balban (Christian Rummel), mas ninguém sabe disso. Apesar de ainda não ser formado para performar exorcismos sozinho, o Padre Williams vai, mas as coisas não dão muito certo. Dezoito anos depois, e ainda carregando muita culpa pelos erros do passado, o Padre Williams é novamente chamado para ajudar, dessa vez à uma jovem detenta, Esperanza (María Gabriela de Faría), mas, dessa vez, ele contará com a experiência e o apoio do Bispo Michael Lewis (Joseph Marcell, o Geoffrey de ‘Um Maluco no Pedaço’), para garantir que nada mais dê errado. Só que o demônio Balban é muito mais malicioso e articulado do que eles imaginam, e vai fazer de tudo para conseguir o que quer.
Em pouco mais de uma hora e meia de duração, ‘Exorcismo Sagrado’ traz alguns elementos interessantes em sua produção e que irão agradar ao espectador: o primeiro deles é o elenco facilmente reconhecível, que inclui o Tom de ‘It – Capítulo 2’ e o irreconhecível Geoffrey, o mordomo hilário de ‘Um Maluco no Pedaço’, aqui como o sério e ácido bispo que orienta e toma as rédeas do exorcismo. Sério, ver esse ator fazendo esse papel mais sombrio é um bocado chocante, tão acostumado estávamos de vê-lo sempre sorrindo sarcasticamente. Muito bom!
O roteiro de Alejandro Hidalgo e Santiago Fernández Calvete é um pouco demorado para fazer a transição do passado para o tempo atual, o que faz com que a gente tenha uma sensação de que o filme se arrasta. Quando finalmente a produção do mesmo Alejandro Hidalgo chega onde deveria dedicar mais sua atenção, o longa dá uma corrida, perdendo a oportunidade de explorar mais a situação do exorcismo e as cenas de terror. Apesar desse desequilíbrio do ritmo, o terror mesmo é bem maneiro, trazendo elementos interessantes para o gênero e inovando, de certa maneira, com a resolução trazida para o filme.
Já que é preciso algo de diferencial em filmes de possessão demoníaca para agradar ao público, ‘Exorcismo Sagrado’ é um prato que sai da mesmice e entrega um sabor novo ao gênero já bastante explorado. Respeitando e homenageando as grandes referências do gênero – como o clássico ‘O Exorcista’, mencionado e retratado no longa –, o filme agrada, assusta e diverte na medida certa para entreter os fãs de terror.