quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Crítica | Exorcismos e Demônios

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O terror é um gênero que está sempre necessitando se reinventar para atender as necessidades do público, que também está cada vez mais exigente, pagando altos valores visando ter experiências de medo e diversão em conjunto. Talvez, de todos os gêneros do cinema, seja o mais mutável e arriscado. E é exatamente por isso que quando nos deparamos com um filme que apenas reproduz clichês, sentimos que o tempo gasto assistindo foi, na verdade, uma perda de tempo.

É o caso de Exorcismos e Demônios (The Crucifixion), que até mesmo a escolha do título nacional parece ter sido feita sem vontade, replicando os clichês que o filme tanto insiste em explorar dentro de sua narrativa cansativa.



A trama é baseada na história real de um padre sentenciado à prisão após a morte de uma freira em que praticou um exorcismo. Uma jornalista investigativa se esforça para desvendar se de fato ele assassinou uma pessoa mentalmente doente ou se perdeu uma batalha contra uma força demoníaca. Parece familiar para você?

Começamos acompanhando um ritual de exorcismo em uma região rural da Romênia chamada Tanacu. Com bons ângulos, a cena pode até parecer interessante à primeira vista, o que logo se altera quando somos introduzido na trama da jornalista, que viaja até o local para descobrir pistas do acontecimento, porém, o que ela faz de fato é se envolver em uma busca sem sentido, seguindo pistas óbvias demais, se rodeando de situações criadas apenas para dar sustos utilizando uma enxurrada de jump scares e tentando a todo custo provar para si mesma que não tem medo de nada.

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O roteiro fraco parece ter perdido a inspiração em sua metade, quando se torna redundante e tedioso a ponto de nos fazer perder todo o interesse em esperar que aquelas situações se desenvolvam. Há um crescente clima de enrolação no ar, mas o roteiro quer nos convencer de que, na verdade, é a tensão que está aumentando conforme a protagonista começa a descobrir o que realmente aconteceu naquele lugar. O que não convence e, com o passar dos minutos intermináveis de sustos forçados, nos mantém presos cada vez menos.

Outro ponto interessante a se tocar é a protagonista, vivida pela Sophie Cookson, que talvez tenha entregado seu pior trabalho, afinal já havia se provado boa em outros filmes como ‘Kingsman: O Círculo Dourado’. Aqui, ela parece tão desinteressada nos acontecimentos quanto todo o resto do elenco. É uma tempestade de péssimas decisões tomadas por ela que poderiam entrar para a lista de “O Que Não se Deve Fazer em Um Filme de Terror”, como a fatídica cena do milharal, em que escolhe correr para dentro do escuro apenas para gerar uma situação de susto, retornando ao normal imediatamente após o mesmo.

Por outro lado, até existe uma preocupação do diretor Xavier Gens (‘Hitman – Assassino 47’) em tentar explorar planos estilosos, que atravessam vidros de janelas, plongées e câmera lenta em cenas envolvendo chuva, além de alguns cortes interessantes com a passagem de pessoas na frente da câmera, detalhes que não deixam o filme totalmente descartável, como outros do gênero que nem mesmo isso tentam fazer. E claro, a fotografia e as belas paisagens da Romênia também dão aquela força necessária, apesar de terem sido mal exploradas no geral.

Em meio à um romance forçado com um Padre (é sério!), mesmo que expressando as “tentações da carne” provocadas pelo demônio que persegue todos em seu caminho, o desfecho evidente frustra mais do que satisfaz e terminamos com a sensação de que já vimos tudo aquilo em outras obras, que inclusive desenvolveram muito melhor, como por exemplo O Exorcismo de Emily Rose. Aliás, há uma cena envolvendo uma casa na árvore muito similar à memorável cena do celeiro de ‘Emily Rose’.

No fim, Exorcismos e Demônios é apenas mais um filme de possessão demoníaca ultrapassado, que após todos esses anos desde O Exorcista, parece não ter aprendido como fazer um terror correto, sem apelar para o áudio explodindo, vozes grossas e lentes totalmente pretas. Faltou explorar mais profundamente a questão “Fé vs. Descrença” que o filme tanto promete, e isso para não falar do CGI horroroso envolvendo aranhas. O que espanta mesmo é que o filme teve o envolvimento do produtor Peter Safran, do ótimo Invocação do Mal’.

Facilmente esquecível, é uma potencial história real desperdiçada, mais uma para ficar guardada no fundo das gavetas escuras do cinema.

 

 

 

 

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Thiago Munizhttp://cinepop.com.br/
Carioca, 26 anos, apaixonado por Cinema. Venho estudando e vivendo todas as partes da sétima arte à procura de conhecimento da área. Graduando no curso de Cinema e influenciador cinematográfico no Instagram.

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O terror é um gênero que está sempre necessitando se reinventar para atender as necessidades do público, que também está cada vez mais exigente, pagando altos valores visando ter experiências de medo e diversão em conjunto. Talvez, de todos os gêneros do cinema, seja o mais mutável e arriscado. E é exatamente por isso que quando nos deparamos com um filme que apenas reproduz clichês, sentimos que o tempo gasto assistindo foi, na verdade, uma perda de tempo.

É o caso de Exorcismos e Demônios (The Crucifixion), que até mesmo a escolha do título nacional parece ter sido feita sem vontade, replicando os clichês que o filme tanto insiste em explorar dentro de sua narrativa cansativa.

A trama é baseada na história real de um padre sentenciado à prisão após a morte de uma freira em que praticou um exorcismo. Uma jornalista investigativa se esforça para desvendar se de fato ele assassinou uma pessoa mentalmente doente ou se perdeu uma batalha contra uma força demoníaca. Parece familiar para você?

Começamos acompanhando um ritual de exorcismo em uma região rural da Romênia chamada Tanacu. Com bons ângulos, a cena pode até parecer interessante à primeira vista, o que logo se altera quando somos introduzido na trama da jornalista, que viaja até o local para descobrir pistas do acontecimento, porém, o que ela faz de fato é se envolver em uma busca sem sentido, seguindo pistas óbvias demais, se rodeando de situações criadas apenas para dar sustos utilizando uma enxurrada de jump scares e tentando a todo custo provar para si mesma que não tem medo de nada.

O roteiro fraco parece ter perdido a inspiração em sua metade, quando se torna redundante e tedioso a ponto de nos fazer perder todo o interesse em esperar que aquelas situações se desenvolvam. Há um crescente clima de enrolação no ar, mas o roteiro quer nos convencer de que, na verdade, é a tensão que está aumentando conforme a protagonista começa a descobrir o que realmente aconteceu naquele lugar. O que não convence e, com o passar dos minutos intermináveis de sustos forçados, nos mantém presos cada vez menos.

Outro ponto interessante a se tocar é a protagonista, vivida pela Sophie Cookson, que talvez tenha entregado seu pior trabalho, afinal já havia se provado boa em outros filmes como ‘Kingsman: O Círculo Dourado’. Aqui, ela parece tão desinteressada nos acontecimentos quanto todo o resto do elenco. É uma tempestade de péssimas decisões tomadas por ela que poderiam entrar para a lista de “O Que Não se Deve Fazer em Um Filme de Terror”, como a fatídica cena do milharal, em que escolhe correr para dentro do escuro apenas para gerar uma situação de susto, retornando ao normal imediatamente após o mesmo.

Por outro lado, até existe uma preocupação do diretor Xavier Gens (‘Hitman – Assassino 47’) em tentar explorar planos estilosos, que atravessam vidros de janelas, plongées e câmera lenta em cenas envolvendo chuva, além de alguns cortes interessantes com a passagem de pessoas na frente da câmera, detalhes que não deixam o filme totalmente descartável, como outros do gênero que nem mesmo isso tentam fazer. E claro, a fotografia e as belas paisagens da Romênia também dão aquela força necessária, apesar de terem sido mal exploradas no geral.

Em meio à um romance forçado com um Padre (é sério!), mesmo que expressando as “tentações da carne” provocadas pelo demônio que persegue todos em seu caminho, o desfecho evidente frustra mais do que satisfaz e terminamos com a sensação de que já vimos tudo aquilo em outras obras, que inclusive desenvolveram muito melhor, como por exemplo O Exorcismo de Emily Rose. Aliás, há uma cena envolvendo uma casa na árvore muito similar à memorável cena do celeiro de ‘Emily Rose’.

No fim, Exorcismos e Demônios é apenas mais um filme de possessão demoníaca ultrapassado, que após todos esses anos desde O Exorcista, parece não ter aprendido como fazer um terror correto, sem apelar para o áudio explodindo, vozes grossas e lentes totalmente pretas. Faltou explorar mais profundamente a questão “Fé vs. Descrença” que o filme tanto promete, e isso para não falar do CGI horroroso envolvendo aranhas. O que espanta mesmo é que o filme teve o envolvimento do produtor Peter Safran, do ótimo Invocação do Mal’.

Facilmente esquecível, é uma potencial história real desperdiçada, mais uma para ficar guardada no fundo das gavetas escuras do cinema.

 

 

 

 

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