Crítica | Fé nas Alturas – Sessão da Tarde Religioso Consegue Manter a Tensão na Prime Video

O que torna um determinado acontecimento um milagre? Isso não tem necessariamente a ver com religião, seja ela qual for, mas sim com o potencial da pessoa em acreditar que algo é possível mesmo quando todos os dados e todas as provas mostrem o contrário. Milagre tem a ver com acreditar, acima de tudo, e muitas vezes esse acreditar tem a ver com entregar o controle das coisas a algo ou alguém que ganha muitos nomes em diferentes religiões, mas que, no final, é essa força superior sem rosto e sem forma que teria criado o mundo e de alguma forma direciona os nossos destinos. Milagre é ter algo impossível acontecendo graças à crença de uma ou mais pessoas em entregar o destino nas mãos dessa força superior. Esse é o mote de ‘Fé nas Alturas’, drama de ação que chegou no Prime Video como grande lançamento dessa Páscoa.

Doug White (Dennis Quaid) é um exemplar pai de família, marido de Terri (Heather Graham), pai de duas filhas adolescentes (Abigail Rhyne e Jessi Case), que adora fazer caridade e também gosta de viver a vida desafiando-se em aventuras nas quais seu irmão (Brett Rice) o acompanha. Quando uma notícia ruim faz com que a família voe para Naples, na Flórida, Doug começa a questionar a existência de Deus e sua fé na religião católica. Porém, no voo de volta para Louisiana um acidente faz com que o piloto fique inconsciente e, para salvar sua família, Doug precisa assumir o controle do avião. Só que ele não tem quase nenhuma experiência no assunto e precisará de toda a ajuda possível vinda das torres de controle de Miami e Fort Myers para conseguir pousar o avião em segurança.

Inspirado em uma história real, ‘Fé nas Alturas’ tem uma boa ideia (que provavelmente é a parte real da produção) – um cara que, sem experiência, precisa pousar um avião porque sua família está em perigo – porém, o que vemos no roteiro de Brian Egeston é que, tirando esta parte, todo o resto da produção é uma construção bastante ingênua para preencher a história de modo que ela tenha tempo de exibição suficiente para se tornar um longa-metragem. Das 1:40 de filme, leva-se 34 minutos até que Doug e sua família finalmente embarquem no avião que dá o mote da história; antes disso o espectador passeia entre um concurso de churrasco e vai conhecendo outros 3 núcleos de personagens aleatórios (um controlador de voo com problemas de bebida, uma criança obcecada com o mundo da aviação e um outro homem que tem algum conhecimento de avião mas que anda desgostoso da vida); até esses mundos convergirem, já se passaram quase 1 hora de filme, o que demonstra que o filme em si tinha pouca história.



Apesar disso o diretor Sean McNamara se dedica em fazer bem o arco principal de seu longa, conseguindo manter a tensão de um thriller durante todo o arco em que os personagens ficam no avião sem controle sem saber como irão pousar. Embora a história seja fraquinha, durante esta parte o filme consegue manter a atenção do espectador, engajando-o em torcer pelos personagens.

Fé nas Alturas’ é um drama religioso bem estilo de Sessão da Tarde, com um pouco de ação para chamar um público mais adulto e crianças explicando a história, de modo a tornar o filme mais abrangente para toda a família. Por ter se passado durante a Páscoa, foi a aposta da Prime Video para o feriado, mas é uma história inspiradora que pode ser assistida em qualquer época do ano, especialmente entre aqueles que têm fé mesmo nos momentos mais difíceis da vida.

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Janda Montenegro
Janda Montenegro é doutora-pesquisadora em Literatura Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRJ com ênfase nas literaturas preta e indígenas de autoria brasileira contemporâneas. De origem peruana amazônica, Janda é uma palavra em tupi que significa “voar”. Desde 2018 trabalha como crítica de cinema nos portais CinePOP e Cabine Secreta. É curadora, repórter cultural, assistente de direção e roteirista. Co-proprietária da produtora Cabine Secreta e autora dos romances Antes do 174 (2010), O Incrível Mundo do Senhor da Chuva (2011); Por enquanto, adeus (2013); A Love Tale (2014); Três Dias Para Sempre (2015); Um Coração para o Homem de Lata (2016); Aconteceu Naquele Natal (2018,). O Último Adeus (2023). Cinéfila desde pequena, escreve seus textos sem usar chat GPT e já entrevistou centenas de artistas, dentre os quais Xuxa, Viola Davis, Willem Dafoe, Luca Guadanigno e Dakota Johnson.
Janda Montenegrohttps://cinepop.com.br
Janda Montenegro é doutora-pesquisadora em Literatura Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRJ com ênfase nas literaturas preta e indígenas de autoria brasileira contemporâneas. De origem peruana amazônica, Janda é uma palavra em tupi que significa “voar”. Desde 2018 trabalha como crítica de cinema nos portais CinePOP e Cabine Secreta. É curadora, repórter cultural, assistente de direção e roteirista. Co-proprietária da produtora Cabine Secreta e autora dos romances Antes do 174 (2010), O Incrível Mundo do Senhor da Chuva (2011); Por enquanto, adeus (2013); A Love Tale (2014); Três Dias Para Sempre (2015); Um Coração para o Homem de Lata (2016); Aconteceu Naquele Natal (2018,). O Último Adeus (2023). Cinéfila desde pequena, escreve seus textos sem usar chat GPT e já entrevistou centenas de artistas, dentre os quais Xuxa, Viola Davis, Willem Dafoe, Luca Guadanigno e Dakota Johnson.
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