Em 2012, uma notícia abismou os espectadores cariocas: uma mulher estadunidense tinha ido fazer sua corrida matinal na orla da praia da Barra da Tijuca quando, de repente, foi atacada brutalmente por um homem em situação de rua. O episódio fez com quem esta mulher, Renée Murdoch, fosse internada em grave estado. Os moradores do Rio ficaram estarrecidos com a violência do caso e da aleatoriedade do acontecimento. Agora essa história foi adaptada para os cinemas através do filme ‘Fé Para o Impossível’, que chega ao circuito exibidor nacional a partir do dia 20 de fevereiro pelas produtoras 360 WayUp e +Galeria.
Renée Murdoch (Vanessa Giácomo, atualmente na novela ‘Cabocla’, reprisada pela TV Globo) é mãe de quatro filhos e esposa do pastor Philip Murdoch (Dan Stulbach, de ‘O Vendedor de Sonhos’). Certa manhã, Renée sai para correr na praia e é brutalmente atingida por diversos golpes proferidos por um homem em situação de rua. Imediatamente ela é levada para o hospital e acaba entrando em coma, em estado crítico. Desesperado para tentar fazer algo por sua esposa, Philip começa a gravar uma série de vídeos mostrando a realidade do estado de Renée, pedindo orações para a melhora da saúde de sua esposa, e a comunidade mundial respondeu ao seu pedido.
Com pouco mais de uma hora e meia de duração, ‘Fé Para o Impossível’ é um filme que busca ao mesmo tempo inspirar pela fé e mostrar a importância de se ter um coletivo ao seu redor para, principalmente, dar sustentação nos momentos difíceis. Isso é visto na produção a partir do ataque, com o suporte de pessoas da igreja dos Murdoch (ajudas que são mencionadas pelos personagens) e nas redes sociais – que, a partir dos vídeos de Philip, engajam e viralizam as postagens, deixando comentários e orações para Renée.
Mesmo baseado em um evento real, é difícil para o espectador torcer por Philip na primeira metade do filme, pois o personagem quer impor aos outros a forma como devem lidar com o episódio, principalmente aos filhos, e isso é bastante complicado. Philip tem como que um “otimismo tóxico”, pois além de sempre acreditar que tudo vai dar certo, exige que os outros enxerguem da mesma forma, forçando os filhos a não expressarem tristeza ou desesperança. Felizmente, lá pelas tantas o roteiro de faz com que a personagem de Júlia Gomes dê um sacode no pai e o faça enxergar que, como aprendemos em ‘Divertida Mente’, a tristeza também é um sentimento importante que não deve ser suprimido.
Do elenco dedicado, surpreende a atuação de Vanessa Giácomo, em especial nas cenas em que Renée acorda em surtos psicóticos. Como a própria doutora (interpretada por Juliana Alves) diz, são cenas difíceis de se ver. Também o doutor Caíque (Ricardo Oshiro) se destaca com uma atuação bem natural de um médico que precisa dar notícias ruins dentro de um plantão corrido.
Dirigido por Ernani Nunes, ‘Fé Para o Impossível’ é uma história impressionante que transformou um episódio trágico em exemplo de fé, crença e esperança. Para além das crenças individuais, é um filme de drama que sinaliza a importância da união mesmo (ou principalmente) nos momentos mais difíceis da vida.
