sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Free Solo – Superação é o tema do Documentário vencedor do Oscar 2019

Coragem nas Alturas

Qual é o verdadeiro significado do espírito humano? Evolução pode ser uma definição. Superação, outra. Free Solo é o documentário produzido pela National Geographic que teve a honraria de sair com a estatueta do Oscar na categoria este ano. O longa fez sua estreia no Brasil no canal da própria NG neste fim de semana, tendo sido exibido previamente em pré-estreia no cinema em São Paulo – e como deve ter sido impressionante vê-lo na telona!

À primeira vista, Free Solo é um documentário esportivo, sobre os desafios a serem superados por super alpinistas – alguns dos nomes mais proeminentes deste jogo, em especial Alex Honnold, o verdadeiro protagonista do filme. Mas é só chegar mais perto para perceber que a obra dirigida por Elizabeth Chai Vasarhelyi e pelo também escalador Jimmy Chin é bem mais íntima do que parece, se mostrando um aprofundado mergulho numa personalidade extrema.

Sim, Free Solo fala sobre a paixão pelo esporte e o evidencia como artifício libertador máximo. Porém, o filme é motivado única e exclusivamente pela presença de Honnold, um dos aventureiros mais audaciosos a passar por este imenso planeta azul. E se o francês Philippe Petit se tornou uma lenda devido à sua destemida travessia pendurado num cabo de aço no topo das Torres Gêmeas, o jovem americano Alex pode ter certeza de uma coisa: também está devidamente imortalizado na história por seu feito.

A grande sacada por trás da obra é justamente descortinar seu protagonista, nos levando a tentar entender e conhecer quem é Alex Honnold, assim compreendendo um pouco mais seus atos – que estão muito longe da autopromoção ou simplesmente desafiar a morte por adrenalina. E Free Solo desmistifica com a precisão milimétrica de um escalador a figura de seu personagem principal. Desenvolve um interessante diagnóstico psicológico deste ser humano, cuja melhor definição seria “livre”. Ao mesmo tempo, evita santificá-lo, humanizando-o, principalmente no que diz respeito ao relacionamento com a namorada Sanni McCandless, uma espécie pé de coelho às avessas para o sujeito.

Fora isso, existe muita filosofia existencial em Free Solo – tudo imposto com muita sinceridade, criando conexão imediata até mesmo com o mais cético dos espectadores (como este que vos fala). Aqui, tudo ocorre naturalmente, com o “filósofo” fazendo mais do que falando, e demonstrando no que verdadeiramente acredita sem querer catequizar – e automaticamente nos permitindo refletir sobre nossa própria existência.

A forma desapegada de Alex, em muito lembra a de um xará famoso, Alex Supertramp, pseudônimo de Christopher McCandless, cuja história foi retratada na famosa produção de Sean Penn, Na Natureza Selvagem (2007) – uma das histórias mais edificantes já postas em filme. Até mesmo o fato de ambos viverem num carro (van ou ônibus). Honnold, no entanto, não tem como objetivo somente a exclusão social, e sua missão a ser cumprida é grandiosa – ao ponto de não existir nada maior (dentro de seu próprio mundo).

Free Solo também fala sobre o amor. Sobre como ele muda, ele se transforma e vai nos deixando, para o entregarmos a alguém, se tornando maior ainda. Free Solo é repleto de significados e dualidades dignas de debates. Definitivamente, a absorção transcende e está muito além de um homem escalando montanhas sem cordas e equipamentos.

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