FECHANDO CICLOS
A guerra está chegando em Winterfell. Certamente, a batalha é um dos momentos mais aguardados pelos fãs de Game of Thrones – GoT. Mas, como uma espécie de prólogo da guerra, os roteiristas optaram por um segundo episódio dedicado a fechar arcos de alguns personagens, aparar arestas, aprofundar relações.
Nos diversos encontros, pudemos perceber o quanto nossos personagens mudaram. Arya (Maisie Williams) parece perdoar alguns da sua lista e focar sua atenção em conhecer as boas coisas da vida. Tyrion (Peter Dinklage) e Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) tornaram-se muito mais parecidos, tornando-se sujeitos mais justos e amargurados. Verme Cinzento (Jacob Anderson) e Missandei (Nathalie Emmanuel) percebem que podem ir além da condição de devotas da sua rainha ao assumirem seus sonhos para o futuro. Jorah (Ian Glen) de certa forma tem um acerto de contas com a sua casa. O interesse do roteiro em destacar as mudanças é tão claro que chega a verbalizar o fato de antigos inimigos da família Stark estarem agora lutando para impedir a queda de Winterfell.
Podemos notar em cada personagem a mudança das suas personalidades. Quem menos aparenta essa mudança profunda é Daenerys (Emilia Clarke). Ela continua obcecada pelo Trono de Ferro, uma obsessão que a acompanha desde o começo e que vem, nas últimas temporadas, moldando um lado mais sombrio. Com sua sede de poder, ela vem confundindo abuso com justiça. Enfim, assim como o roteiro construiu uma jornada do herói para Jon Snow (Kit Harington), também se costurou a possibilidade da loucura Targaryen atingir Daenerys. Trocando em miúdos: as teorias de que a mãe dos dragões poderia virar a casaca, têm sustentação no que a série construiu.
Um outro tema forte no episódio foi a força das mulheres. Durante muito tempo, GoT foi acusado – no meu entender injustamente – de ser machista. Esta é a demonstração do quanto uma leitura pode ser enviesada. A série nunca deixou de retratar situações machistas, mas sempre teve nas mulheres figuras importantes. O interessante nesta reta final é a inversão do protagonismo: o centro de gravidade do poder migrou dos homens velhos e nobres da primeira temporada, para as mulheres jovens e para o bastardo. O segundo episódio destacou essencialmente a importância que as mulheres têm na grande narrativa de Westeros. Um belo exemplo disso foi o ótimo diálogo ente Daenerys e Sansa (Sophie Turner).
O episódio buscou amarrar pontas e fechar arcos de personagens menos importantes. No próximo episódio teremos uma batalha épica – possivelmente a sequência de batalha mais longa da TV e do cinema – e certamente muitos que tiveram destaque neste segundo episódio vão morrer. Vejam o caso de Brienne (Gwendoline Christie): seu plot principal era proteger as filhas de Catelyn Stark (Michelle Fairley). Tornar-se cavaleira pelas mãos de Jaime – com quem tem uma tensão amorosa – é um fechamento digno para o seu arco. Se ela morrer no próximo episódio, não sentiremos que algo ficou faltando.
Aliás, dos muitos significados que podemos retirar, está a música cantada por Podrick (Daniel Portman), ela antecipa quem pode morrer na batalha de Winterfell. No momento em que a montagem intercala vários personagens ao som de uma canção que fala de mortos, ela já nos dá um spoiler. A canção também pode apontar o possível desfecho: como a história por trás da canção envolve abdicação de trono, morte a uma história de amor, teoriza-se que ou Daenerys ou Jon Snow, uma dos dois, pode abdicar do trono ou morrer.
Apesar dos elogios que fiz até aqui, comparativamente, este episódio está um ponto abaixo de temporadas anteriores. Em termos de diálogos, se compararmos com o que foi feito antes, notamos um texto mais óbvio e menos rico em ambiguidades. Longe de ser ruim, mas o texto não tem o brilho de outras temporadas.
Alguns dos momentos mais bem feitos deste segundo episódio foram a sequência sobre o plano de defesa de Winterfell, os diálogos envolvendo Jaime e Tyrion e o diálogo entre Sansa e Daenerys. Algumas chances foram desperdiçadas, como uma possível conversa particular entre Jaime e Daenerys – imaginem esse papo reto… Constrangedor mesmo, foi o diálogo entre Daenerys e Jon Snow. Extremamente burocrático, pareceu que os roteiristas estavam querendo se livrar de um diálogo que era obrigatório ocorrer no episódio.
Voltando às teorias, muitos apostam que Bran (Isaac Hempstead Wright) seria o Rei da Noite. Pelos diálogos do episódio, a teoria perde força. Ainda se mantém forte a ideia de que ele poderia controlar o Rei da Noite. Acho, porém, mais plausível ele controlar o Dragão de Gelo. Já ficou demonstrado que Bran gasta muita força para controlar alguém. E o Rei da Noite é muito forte. Um dragão, mesmo enorme, é irracional, o que a série demonstrou ser mais fácil para o jovem Stark controlar.
Na parte mais técnica, vale destacar a ótima fotografia do episódio, que trabalhou o claro e escuro de maneira muito rica, ajudando a expor visualmente a luta do povo de Winterfell contra a Longa Noite.
E aí, o que achou deste episódio? Valeu ou não? Ficou emocionado com a Brienne? Também acha um risco o pessoal se proteger nas criptas? Aposta que Daenerys vai fugir, lutar ou virar rainha da noite? E o Bran, vai controlar o Rei da Noite, o Dragão ou vai só ficar debaixo da árvore?
Durante toda a temporada, ao final de cada episódio, eu, Bruno Fai e Rafa Gomes estaremos conversando ao vivo sobre o a série. O bate papo do segundo episódio vocês podem conferir aqui. E não deixem de comentar, compartilhar a resenha e curtir as nossas redes sociais:
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