quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Gaslit – Julia Roberts BRILHA ao lado de um Irreconhecível Sean Penn em Thriller Político da Starzplay

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O Estados Unidos é um país bastante dedicado a contar a própria história, mesmo aquelas não tão agradáveis aos olhos públicos. Hollywood viu no lamaçal político estadunidense uma fonte inesgotável de histórias sórdidas que imediatamente despertavam o interesse dos espectadores. Muitos filmes e séries já foram realizados nessa pegada, sendo o mais novo deles a série ‘Gaslit’, que começa a chegar aos assinantes da plataforma Starzplay a partir de 24 de abril, com um novo episódio sendo liberado todo domingo.



O ano é 1972, janeiro. Richard Nixon é o presidente dos Estados Unidos, com sua política internacional de aproximação com a Rússia e a China. Enquanto ele ocupa a cadeira mais importante do país, muitas pessoas o assistem em diversas instâncias, dentre as quais estão o assessor John Dean (Dan Stevens) e o procurador-geral John Mitchell (Sean Penn). Prestes a entrar na campanha de reeleição e com medo de perder, os políticos republicanos se organizaram em uma ação para espionar as ações do partido democrata, para se anteciparem aos passos deles. Essa operação, nomeada Gemstone, foi encabeçada por Gordon (Shea Whigham), um lunático miliciano que teve a missão de liderar um grupo de cubanos para se infiltrarem nos escritórios democratas. Tudo isso e muito mais era entreouvido, sabido e falado aos jornalistas por Martha Mitchell (Julia Roberts), esposa do procurador-geral que tinha o caráter de sempre falar o que pensa. Só que, quando se é uma pessoa pública e se sabe demais, os inimigos se acumulam por todos os lados, até mesmo dentro da sua própria casa.

Em oito episódios com quase uma hora de duração cada, o grande mérito de ‘Gaslit’ é abordar o mesmo tema já anteriormente trabalhado por outras produções – a operação Watergate – só que com uma perspectiva diferente: em vez de trazer a narrativa de Nixon numa áurea de coitadismo, a série joga luz sobre aqueles que de fato sujaram suas mãos para realizar a vontade do presidente, e que de fato foram os únicos punidos na história toda, de uma maneira ou de outra.

Assim, o roteiro de Robbie Pickering e Amelia Gray para o thriller político segue três núcleos paralelos ao episódio: o cotidiano de Martha, constantemente dando entrevistas falando sobre os bastidores da política; o ambicioso John Dean e sua ganância estilo ‘O Lobo de Wall Street’ para conseguir as coisas; e o fanatismo obsessivo de Gordon, um surtado que acreditava estar em algum tipo de missão divina. São essas as pessoas que vão ser sufocadas até enlouquecerem e perderem tudo por conta das politicagens arquitetadas pelo presidente e seus ministros. No seio disso tudo, destacam-se o irreconhecível Sean Penn, com uma maquiagem cuja identidade, enquanto a câmera não foca em seu rosto, o espectador não reconhece; e a oscarizada Julia Roberts, capaz de sustentar cenas horríveis de violência contra a mulher e ainda assim manter um aspecto de força em sua personagem.

Mesmo que partindo de uma história particular da política estadunidense, ‘Gaslit’ de certa forma é universal, posto que corrupção e falcatrua nos governos parecem ser moda em muitos países. Esse é possivelmente o fator que faz com que o espectador reconheça a trama, apesar de não conhecer os personagens ou os detalhes (saber isso ajuda um bocado a entender a evolução do enredo), mas não é de todo essencial, pois ‘Gaslit’ nos mostra o quanto as mulheres, mesmo nos anos 1970, continuavam a ser desmoralizadas e descreditadas publicamente como exercício do poder masculino, principalmente na política, e como ainda podemos ver e sentir os reflexos dessas ações até hoje.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O ano é 1972, janeiro. Richard Nixon é o presidente dos Estados Unidos, com sua política internacional de aproximação com a Rússia e a China. Enquanto ele ocupa a cadeira mais importante do país, muitas pessoas o assistem em diversas instâncias, dentre as quais estão o assessor John Dean (Dan Stevens) e o procurador-geral John Mitchell (Sean Penn). Prestes a entrar na campanha de reeleição e com medo de perder, os políticos republicanos se organizaram em uma ação para espionar as ações do partido democrata, para se anteciparem aos passos deles. Essa operação, nomeada Gemstone, foi encabeçada por Gordon (Shea Whigham), um lunático miliciano que teve a missão de liderar um grupo de cubanos para se infiltrarem nos escritórios democratas. Tudo isso e muito mais era entreouvido, sabido e falado aos jornalistas por Martha Mitchell (Julia Roberts), esposa do procurador-geral que tinha o caráter de sempre falar o que pensa. Só que, quando se é uma pessoa pública e se sabe demais, os inimigos se acumulam por todos os lados, até mesmo dentro da sua própria casa.

Em oito episódios com quase uma hora de duração cada, o grande mérito de ‘Gaslit’ é abordar o mesmo tema já anteriormente trabalhado por outras produções – a operação Watergate – só que com uma perspectiva diferente: em vez de trazer a narrativa de Nixon numa áurea de coitadismo, a série joga luz sobre aqueles que de fato sujaram suas mãos para realizar a vontade do presidente, e que de fato foram os únicos punidos na história toda, de uma maneira ou de outra.

Assim, o roteiro de Robbie Pickering e Amelia Gray para o thriller político segue três núcleos paralelos ao episódio: o cotidiano de Martha, constantemente dando entrevistas falando sobre os bastidores da política; o ambicioso John Dean e sua ganância estilo ‘O Lobo de Wall Street’ para conseguir as coisas; e o fanatismo obsessivo de Gordon, um surtado que acreditava estar em algum tipo de missão divina. São essas as pessoas que vão ser sufocadas até enlouquecerem e perderem tudo por conta das politicagens arquitetadas pelo presidente e seus ministros. No seio disso tudo, destacam-se o irreconhecível Sean Penn, com uma maquiagem cuja identidade, enquanto a câmera não foca em seu rosto, o espectador não reconhece; e a oscarizada Julia Roberts, capaz de sustentar cenas horríveis de violência contra a mulher e ainda assim manter um aspecto de força em sua personagem.

Mesmo que partindo de uma história particular da política estadunidense, ‘Gaslit’ de certa forma é universal, posto que corrupção e falcatrua nos governos parecem ser moda em muitos países. Esse é possivelmente o fator que faz com que o espectador reconheça a trama, apesar de não conhecer os personagens ou os detalhes (saber isso ajuda um bocado a entender a evolução do enredo), mas não é de todo essencial, pois ‘Gaslit’ nos mostra o quanto as mulheres, mesmo nos anos 1970, continuavam a ser desmoralizadas e descreditadas publicamente como exercício do poder masculino, principalmente na política, e como ainda podemos ver e sentir os reflexos dessas ações até hoje.

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