terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | GLOW – Temporada 3: O auge de uma das melhores séries da Netflix

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Entre figurinos extravagantes, penteados assombrosamente arqueados e maquiagens que exalam excentricidade, uma nova camada de GLOW começa a ser explorada, levando a audiência a uma jornada muito mais emocional, simbólica e significativa aos anos 80. Mantendo sua essência estrutural nas caricatas e espetaculosas lutas livres, a série opta por seguir um rumo diferenciado em seu terceiro ano, colocando em segundo plano essas coreografias que – primeiramente – nos cativaram, para imergir em uma trama ainda mais substancial e progressiva, onde o grupo de mulheres estereotipadas começam a se digladiar fora dos ringues, batalhando consigo mesmas sobre quem elas genuinamente querem ser. Entre viver na pele de uma personagem e assumir sua própria identidade, a Netflix recomeça uma jornada vigorosa liderada pelo público feminino.

A Netflix tem nos surpreendido cada vez mais com suas produções originais seriadas. Desbravando algumas áreas pouco ou nada exploradas na TV – provavelmente pela suposta falta de interesse do público em narrativas inusitadas, que poderiam resultar em prejuízos – a gigante do streaming continua encantando o bom amante de séries revigorantes. Quebrando o molde e reinventando épocas, novas histórias têm sido criadas, entregando performances inebriantes. E em GLOW, a máxima é legítima e nos apresenta uma Alison Brie muito mais madura, ciente do impacto sócio cultural de sua personagem. Como aquela que lidera a trama, ao lado de Betty Gilpin, ela domina a transição emocional com maestria e vai do humor ao drama em uma fração de minutos, se comprovando genuinamente como uma das grandes atrizes da TV da atualidade.

E dentro desse cenário de profundidade emocional, os dissabores de sua personagem pautam o andamento da narrativa, nos levando a um grau de compreensão ainda mais identificável em relação às nossas protagonistas. Assim como Ruth lida com a incerteza de seu futuro profissional – sob a pressão de se submeter a uma vida com a qual já não está satisfeita -, as demais personagens seguem pelo mesmo descontentamento, se desabrochando nas telas de maneira suave, delicada e sensível. Em meio a um trabalho inusitado e regado por preconceitos em uma década que estampava a misoginia a plenos pulmões, elas passam a se confrontar de maneira ainda mais evidente, revelando camadas mais profundas de suas personalidades e da própria narrativa em si.

Oscilando entre a dramaticidade do peso das escolhas que fizeram, ao decidirem se mudar para Las Vegas, a nova temporada ainda segue agridoce, mantendo-se afiada em seu humor, que continua cativando por sua irreverência e peculiaridade que – diga-se de passagem – não é para todos os tipos de público. Inteligente e ácida, a comédia produzida por GLOW tem seus pilares firmados em ótimas referências, muita ironia e sarcasmo, tornando o riso uma manifestação regada a conhecimentos prévios e versatilidade. Superando ainda mais na qualidade de suas lutas, o novo ciclo ainda nos presenteia com um especial de Natal divertidíssimo, tão bem arquitetado, que nos faz ansiar por um espetáculo de luta livre das atrizes recriando toda a brincadeira. E sob uma direção pontual e um design de produção riquíssimo, atento à estética da época, GLOW chega ao seu auge com uma leva de episódios insuperáveis.

Essa ascensão ainda maior se consolida com a presença irrevogável da veterana Geena Davis, que encontra na TV a sua realização profissional, em um papel tão fundamental e necessário, que nos faz hipnotizar em sua presença a cada nova entrada. No ápice de seus 63 anos, ela se despe – figurativa e literalmente – diante do público, choca em primeira instância, mas nos leva a aplaudi-la de pé pela ousadia em se reconhecer como uma bela mulher, cuja sensualidade exala naturalmente de seu carisma. Com uma personagem que representa o estereótipo da feminilidade madura, ela entrega uma performance que ainda faz um contraste com o presente, onde atrizes de idade avançada veem suas carreiras perderem o valor diante da indústria hollywoodiana, pelo fato de sua juventude não mais estampar as curvas de seus corpos.

Com um design de figurino exemplar, que destaca a moda oitentista, à medida que evidencia um dos aspectos mais cativantes das lutas livres desempenhadas por elas, a nova temporada da série da Netflix está ainda mais renovada. Com uma trama madura e latente, a produção aborda a homofobia no auge da descoberta da Aids, trazendo ainda um background histórico excepcional que se perdera das produções cinematográficas ao longo do tempo. Lapidando uma narrativa que não tem medo de crescer e até mesmo caminhar em direção a um final planejado, GLOW é um dos maiores presentes da Netflix aos fãs de uma boa série de TV. Perspicaz e representativa em todos os âmbitos, ela segue cada vez mais contemporânea e necessária, ainda que sua narrativa esteja firmada entre os adorados idos dos anos 80.

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Entre figurinos extravagantes, penteados assombrosamente arqueados e maquiagens que exalam excentricidade, uma nova camada de GLOW começa a ser explorada, levando a audiência a uma jornada muito mais emocional, simbólica e significativa aos anos 80. Mantendo sua essência estrutural nas caricatas e espetaculosas lutas livres, a série opta por seguir um rumo diferenciado em seu terceiro ano, colocando em segundo plano essas coreografias que – primeiramente – nos cativaram, para imergir em uma trama ainda mais substancial e progressiva, onde o grupo de mulheres estereotipadas começam a se digladiar fora dos ringues, batalhando consigo mesmas sobre quem elas genuinamente querem ser. Entre viver na pele de uma personagem e assumir sua própria identidade, a Netflix recomeça uma jornada vigorosa liderada pelo público feminino.

A Netflix tem nos surpreendido cada vez mais com suas produções originais seriadas. Desbravando algumas áreas pouco ou nada exploradas na TV – provavelmente pela suposta falta de interesse do público em narrativas inusitadas, que poderiam resultar em prejuízos – a gigante do streaming continua encantando o bom amante de séries revigorantes. Quebrando o molde e reinventando épocas, novas histórias têm sido criadas, entregando performances inebriantes. E em GLOW, a máxima é legítima e nos apresenta uma Alison Brie muito mais madura, ciente do impacto sócio cultural de sua personagem. Como aquela que lidera a trama, ao lado de Betty Gilpin, ela domina a transição emocional com maestria e vai do humor ao drama em uma fração de minutos, se comprovando genuinamente como uma das grandes atrizes da TV da atualidade.

E dentro desse cenário de profundidade emocional, os dissabores de sua personagem pautam o andamento da narrativa, nos levando a um grau de compreensão ainda mais identificável em relação às nossas protagonistas. Assim como Ruth lida com a incerteza de seu futuro profissional – sob a pressão de se submeter a uma vida com a qual já não está satisfeita -, as demais personagens seguem pelo mesmo descontentamento, se desabrochando nas telas de maneira suave, delicada e sensível. Em meio a um trabalho inusitado e regado por preconceitos em uma década que estampava a misoginia a plenos pulmões, elas passam a se confrontar de maneira ainda mais evidente, revelando camadas mais profundas de suas personalidades e da própria narrativa em si.

Oscilando entre a dramaticidade do peso das escolhas que fizeram, ao decidirem se mudar para Las Vegas, a nova temporada ainda segue agridoce, mantendo-se afiada em seu humor, que continua cativando por sua irreverência e peculiaridade que – diga-se de passagem – não é para todos os tipos de público. Inteligente e ácida, a comédia produzida por GLOW tem seus pilares firmados em ótimas referências, muita ironia e sarcasmo, tornando o riso uma manifestação regada a conhecimentos prévios e versatilidade. Superando ainda mais na qualidade de suas lutas, o novo ciclo ainda nos presenteia com um especial de Natal divertidíssimo, tão bem arquitetado, que nos faz ansiar por um espetáculo de luta livre das atrizes recriando toda a brincadeira. E sob uma direção pontual e um design de produção riquíssimo, atento à estética da época, GLOW chega ao seu auge com uma leva de episódios insuperáveis.

Essa ascensão ainda maior se consolida com a presença irrevogável da veterana Geena Davis, que encontra na TV a sua realização profissional, em um papel tão fundamental e necessário, que nos faz hipnotizar em sua presença a cada nova entrada. No ápice de seus 63 anos, ela se despe – figurativa e literalmente – diante do público, choca em primeira instância, mas nos leva a aplaudi-la de pé pela ousadia em se reconhecer como uma bela mulher, cuja sensualidade exala naturalmente de seu carisma. Com uma personagem que representa o estereótipo da feminilidade madura, ela entrega uma performance que ainda faz um contraste com o presente, onde atrizes de idade avançada veem suas carreiras perderem o valor diante da indústria hollywoodiana, pelo fato de sua juventude não mais estampar as curvas de seus corpos.

Com um design de figurino exemplar, que destaca a moda oitentista, à medida que evidencia um dos aspectos mais cativantes das lutas livres desempenhadas por elas, a nova temporada da série da Netflix está ainda mais renovada. Com uma trama madura e latente, a produção aborda a homofobia no auge da descoberta da Aids, trazendo ainda um background histórico excepcional que se perdera das produções cinematográficas ao longo do tempo. Lapidando uma narrativa que não tem medo de crescer e até mesmo caminhar em direção a um final planejado, GLOW é um dos maiores presentes da Netflix aos fãs de uma boa série de TV. Perspicaz e representativa em todos os âmbitos, ela segue cada vez mais contemporânea e necessária, ainda que sua narrativa esteja firmada entre os adorados idos dos anos 80.

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