sexta-feira , 15 novembro , 2024

Crítica | Good Boy: Polêmico terror norueguês é PERTURBADOR, mas carece de profundidade

A pós-modernidade trouxe consigo a normalização do bizarro. Em uma era em que todos possuem sua própria verdade, comportamentos ultrajantes passam a ser endereçados como uma nova faceta da “normalidade”. Tudo é permitido e – por incrível que pareça – tudo convém. Dentro dessa metanoia, Good Boy, dirigido e roteirizado por Viljar Bøe, se apresenta como um terror da vida real que até já não nos assustaria tanto, tamanha familiaridade com o que vemos estampado nas redes sociais. E talvez seja por isso que o horripilante seja o menor dos fatores da produção. Voltando-se para os efeitos perturbadores dessa sociedade ultra permissiva e legalista, o longa norueguês apela para a nossa sensibilidade e choca com o perturbador, ainda que seu roteiro deixe a desejar.

Na trama, Christian (Gard Fartein Løkke Goli) é um belo e antissocial jovem que divide sua vida com Frank, um homem que gosta de se vestir e se comportar como cachorro. Mas o que inicialmente aparentava apenas ser o peculiar (para dizer o mínimo) “puppy play”, na verdade se destrinchará em um doentio e inexplicável comportamento, que vai colocar em jogo a vida de Sigrid (Katrine Lovise Øpstad Fredriksen), uma garota que julgava ter conhecido o homem perfeito, até descobrir suas reais intenções em um isolado fim de semana em uma casa de campo. E ao longo de 1h15, acompanhamos esse ambiente estranho, regado por comportamentos pitorescos e um sadismo que jamais é explicado.



Entregando mais perguntas do que respostas, o filme do novato cineasta se resume a um retrato raso do comportamento humano em sua barbárie. Nunca indo além de sua própria sinopse, Good Boy é estático na maior parte do tempo. Sem um ato elucidativo, que explique Christian e seu caráter perverso, o suspense de terror funcionaria melhor como um curta-metragem, onde a falta de um plot twist se transformaria em um cliffhanger mais convidativo. Com uma proposta interessante, mas pouquíssimo desenvolvimento de personagem, o longa é incompleto em sua concepção. Se inspira em produções icônicas como A Pele Que Habito e Midsommar, mas nunca se dá ao trabalho de desenvolver suas motivações.

Fazendo do sadismo injustificável um convite para os fãs de filmes bizarros, o terror tem boas intenções, mas parece se divertir demais com o suas atrocidades, deixando de lado o verdadeiro ponto de conexão narrativo que não apenas daria sentido a toda proposta, como também faria o filme sair de sua própria zona de conforto. Funcionando mais como um experimento do que como uma verdadeira experiência cinematográfica, Good Boy opera melhor na teoria do que na prática. Com boas atuações, mas falta de substância, significado e profundidade, o longa é um devaneio de um artista com potencial, mas que por querer chocar tanto o público, esqueceu que – para convencê-lo – precisava contar uma boa história.

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Na trama, Christian (Gard Fartein Løkke Goli) é um belo e antissocial jovem que divide sua vida com Frank, um homem que gosta de se vestir e se comportar como cachorro. Mas o que inicialmente aparentava apenas ser o peculiar (para dizer o mínimo) “puppy play”, na verdade se destrinchará em um doentio e inexplicável comportamento, que vai colocar em jogo a vida de Sigrid (Katrine Lovise Øpstad Fredriksen), uma garota que julgava ter conhecido o homem perfeito, até descobrir suas reais intenções em um isolado fim de semana em uma casa de campo. E ao longo de 1h15, acompanhamos esse ambiente estranho, regado por comportamentos pitorescos e um sadismo que jamais é explicado.

Entregando mais perguntas do que respostas, o filme do novato cineasta se resume a um retrato raso do comportamento humano em sua barbárie. Nunca indo além de sua própria sinopse, Good Boy é estático na maior parte do tempo. Sem um ato elucidativo, que explique Christian e seu caráter perverso, o suspense de terror funcionaria melhor como um curta-metragem, onde a falta de um plot twist se transformaria em um cliffhanger mais convidativo. Com uma proposta interessante, mas pouquíssimo desenvolvimento de personagem, o longa é incompleto em sua concepção. Se inspira em produções icônicas como A Pele Que Habito e Midsommar, mas nunca se dá ao trabalho de desenvolver suas motivações.

Fazendo do sadismo injustificável um convite para os fãs de filmes bizarros, o terror tem boas intenções, mas parece se divertir demais com o suas atrocidades, deixando de lado o verdadeiro ponto de conexão narrativo que não apenas daria sentido a toda proposta, como também faria o filme sair de sua própria zona de conforto. Funcionando mais como um experimento do que como uma verdadeira experiência cinematográfica, Good Boy opera melhor na teoria do que na prática. Com boas atuações, mas falta de substância, significado e profundidade, o longa é um devaneio de um artista com potencial, mas que por querer chocar tanto o público, esqueceu que – para convencê-lo – precisava contar uma boa história.

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