sexta-feira , 15 novembro , 2024

Crítica | Gostosas, Lindas & Sexies – ‘Sex and the City’ tupiniquim e GG

Livres, “Pesadas” e Soltas

O mote por trás de Gostosas, Lindas & Sexies é muito claro: a inclusão de mulheres acima do peso, hoje tratadas como plus size. A intenção é sem dúvidas digna, assim como todo projeto cujo objetivo seja libertar uma sociedade de seus preconceitos, promovendo uma mentalidade de aceitação. O curioso é que para tal proposta politicamente correta, a opção seja por uma obra totalmente confeccionada no caminho inverso, deixando outras questões sobressaírem.

Escrito e dirigido pelos estreantes em longas Vinícius Marquez e Ernani Nunes, respectivamente, Gostosas, Lindas e Sexies acompanha as vidas e badalações de quatro amigas no melhor estilo Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, o quarteto do sucesso Sex and the City, aqui em versão tupiniquim, pelas ruas de São Paulo. Em comum, além da amizade, a forma física exuberante dessas verdadeiras “gordelícias”.



Os realizadores, em especial o diretor Nunes, se mostram apaixonados pela forma do cinema, criando e brincando com o estilo. Nunes se declara fã de Woody Allen e demonstra domínio de técnica, preparando tomadas com planos-sequência (cenas longas sem cortes). O problema maior, como em grande parte dos filmes nacionais mirados ao grande público, é o roteiro, um tanto quanto esquizofrênico, que parece perder o foco inúmeras vezes do que deseja falar.

Alguns momentos são pra lá de óbvios e outros soam inacabados. Nessa, quem ganha são a belíssima Carolinie Figueiredo (Beatriz) e Lyv Ziese (Tânia), cujas personagens são donas das subtramas mais interessantes, reais, humanas e identificáveis. Tânia passa pelo trauma da traição do marido – mesmo que o tema renda um dos momentos mais non sense do filme, num restaurante – e Beatriz se vê no outro espectro da situação, sendo ela a vítima da tentação, cometendo o adultério. E o filme não as exime.

Com o “lado mais curto da corda” ficam Cacau Protásio (Ivone) e Mariana Xavier (Marilu). É louvável a tentativa de encaixar cada uma das mulheres em sua própria subtrama de tema fervoroso, o problema se encontra justamente na polêmica, em especial, destes dois atos citados. A complexidade das situações em que as duas se encontram exige mais tempo para o desenvolvimento, coisa que o filme não tem. Ivone, por exemplo, dona de um salão de beleza e bem sucedida, é sequestrada e cria com seu captor uma relação ‘síndrome de Estocolmo’. Uma vez revelado quem é o criminoso, percebemos que não faz sentido algum e uma explicação sequer é tentada.

Já Marilu, existe numa tênue linha ainda mais perigosa, prestes a arrebentar. Se a intenção era a de tolerância, mostrando mulheres plus size muito bem resolvidas com sua forma física, temos aqui uma subtrama que passa para o outro lado do aceitável, com a personagem de Xavier, uma professora colegial, mantendo uma relação sexual/relacionamento amoroso com um aluno menor de idade. Pois é, amiguinhos, isso é um assunto bem sério, que o filme trata de forma muito blasé e mirada ao humor, resultando em uma parte de tremendo mau gosto. Existem certos terrenos arenosos aonde não devemos adentrar.

Gostosas, Lindas e Sexies é o incorreto do politicamente correto. Para assumir o controle emocional de suas personagens, extramente conscientes de quem são, o longa extrapola na segurança, pisando fora da linha inúmeras vezes. E daí toma-lhe pegação, muita conversa e palavreado de boteco (delas) e inclusive certa violência – no tal trecho citado do restaurante, cabeças são arrebentadas e o sangue jorra. Nada de errado com isso, mais uma vez a intenção é boa. O que faltou mesmo foi o prato principal que acompanhasse a entrada e a sobremesa saborosas. Essas GLSs agradeceriam.

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Escrito e dirigido pelos estreantes em longas Vinícius Marquez e Ernani Nunes, respectivamente, Gostosas, Lindas e Sexies acompanha as vidas e badalações de quatro amigas no melhor estilo Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, o quarteto do sucesso Sex and the City, aqui em versão tupiniquim, pelas ruas de São Paulo. Em comum, além da amizade, a forma física exuberante dessas verdadeiras “gordelícias”.

Os realizadores, em especial o diretor Nunes, se mostram apaixonados pela forma do cinema, criando e brincando com o estilo. Nunes se declara fã de Woody Allen e demonstra domínio de técnica, preparando tomadas com planos-sequência (cenas longas sem cortes). O problema maior, como em grande parte dos filmes nacionais mirados ao grande público, é o roteiro, um tanto quanto esquizofrênico, que parece perder o foco inúmeras vezes do que deseja falar.

Alguns momentos são pra lá de óbvios e outros soam inacabados. Nessa, quem ganha são a belíssima Carolinie Figueiredo (Beatriz) e Lyv Ziese (Tânia), cujas personagens são donas das subtramas mais interessantes, reais, humanas e identificáveis. Tânia passa pelo trauma da traição do marido – mesmo que o tema renda um dos momentos mais non sense do filme, num restaurante – e Beatriz se vê no outro espectro da situação, sendo ela a vítima da tentação, cometendo o adultério. E o filme não as exime.

Com o “lado mais curto da corda” ficam Cacau Protásio (Ivone) e Mariana Xavier (Marilu). É louvável a tentativa de encaixar cada uma das mulheres em sua própria subtrama de tema fervoroso, o problema se encontra justamente na polêmica, em especial, destes dois atos citados. A complexidade das situações em que as duas se encontram exige mais tempo para o desenvolvimento, coisa que o filme não tem. Ivone, por exemplo, dona de um salão de beleza e bem sucedida, é sequestrada e cria com seu captor uma relação ‘síndrome de Estocolmo’. Uma vez revelado quem é o criminoso, percebemos que não faz sentido algum e uma explicação sequer é tentada.

Já Marilu, existe numa tênue linha ainda mais perigosa, prestes a arrebentar. Se a intenção era a de tolerância, mostrando mulheres plus size muito bem resolvidas com sua forma física, temos aqui uma subtrama que passa para o outro lado do aceitável, com a personagem de Xavier, uma professora colegial, mantendo uma relação sexual/relacionamento amoroso com um aluno menor de idade. Pois é, amiguinhos, isso é um assunto bem sério, que o filme trata de forma muito blasé e mirada ao humor, resultando em uma parte de tremendo mau gosto. Existem certos terrenos arenosos aonde não devemos adentrar.

Gostosas, Lindas e Sexies é o incorreto do politicamente correto. Para assumir o controle emocional de suas personagens, extramente conscientes de quem são, o longa extrapola na segurança, pisando fora da linha inúmeras vezes. E daí toma-lhe pegação, muita conversa e palavreado de boteco (delas) e inclusive certa violência – no tal trecho citado do restaurante, cabeças são arrebentadas e o sangue jorra. Nada de errado com isso, mais uma vez a intenção é boa. O que faltou mesmo foi o prato principal que acompanhasse a entrada e a sobremesa saborosas. Essas GLSs agradeceriam.

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