Os filmes baseados em jogos de videogame continuam em alta no mercado cinematográfico, o que demonstra o potencial de alcance desse mercado ainda pouco explorado pelo audiovisual. E não só as histórias dos jogos são inspiradoras, mas também – e muitas das vezes, principalmente – as histórias por trás dos jogos, que conduzem o espectador pelos caminhos que tornaram um grande sucesso. Esse é o mote de ‘Gran Turismo – De Jogador a Corredor’, filme de ação inspirado no jogo homônimo do PlayStation.
Danny (Orlando Bloom) é um diretor de marketing com uma ideia ousada e inovadora: quer propor aos seus parceiros da Nissan uma grande competição mundial com jogadores do simulador de corrida ‘Gran Turismo’. A ideia é que os melhores corredores sejam treinados oficialmente em uma academia criada especialmente para eles, com o intuito de transformar o melhor deles em um corredor oficial da marca Nissan/‘Gran Turismo’. Para que isso ocorra ele precisa do aval de um engenheiro mecânico que se responsabilize e treine os competidores, e para isso ele chama Jack Salter (David Harbour), um ex-corredor que hoje trabalha apenas como mecânico na equipe de Capa (Josha Stradowski). Quando o anúncio é feito, Jann (Archie Madekwe) vê nesta oportunidade a chance de provar seu valor como um grande corredor, mas entre a simulação do jogo e um carro voando na pista de corrida muitas coisas irão mudar na vida desse jovem rapaz.
Uma informação que é dada apenas no final do filme, mas que talvez fizesse toda a diferença caso soubéssemos desde o início, é que o longa ‘Gran Turismo’ é baseado em uma história real. Ainda que os episódios tenham ocorrido mesmo daquela forma, o roteiro de Jason Hall, Zach Baylin e Alex Tse faz colocações muitas das vezes extremamente didáticas e irritantemente cafonas para a construção da história desse personagem. Por exemplo, quando vão competir em uma pista na França, há todo um minuto inteiro dedicado à bandeira e ao hino da França, com a bandeira sendo literalmente descida de um helicóptero com militares correndo com ela em câmera lenta. Entendemos o apoio do país na produção, mas não tem como não revirar os olhos nessa cena.
Se por um lado o filme de Neill Blomkamp traz uma leitura meio Willy Wonka da trama (um cara que seleciona jovens do mundo inteiro com um dom especial para visitar um local único do qual apenas um sairá com o prêmio), a produção acerta – e muito – nos efeitos especiais e na pós-produção. Ainda que demore entrar nas competições em alta velocidade, quando finalmente entramos nelas elas são intensas ao ponto de inconscientemente fazer o espectador roer as unhas e prender a respiração, tamanha a velocidade com que os carros correm na pista. A edição e a montagem fazem as cenas transitarem entre a tensão do rosto do personagem com a queima de combustível, a passagem de marcha e os pneus cantando, somados a efeitos do videogame que demonstram em que posição o carro está, imergindo completamente o espectador dentro do universo das corridas – e, particularmente, no universo do jogo.
‘Gran Turismo’ traz aquele saudoso sabor de domingo de manhã. Ainda que Archie Madekwe e Orlando Bloom estejam bem fraquinhos em cena, David Harbour levanta o ânimo do projeto. Com cenas de corrida espetaculares e espetaculosas, ‘Gran Turismo’ é um filme que pede para ser assistido na tela grande do cinema.