Sem nunca esconder que é um filme de ação daqueles onde o foco é quase total nas cenas coreografadas – aqui em alta velocidade – o longa-metragem francês GTMax parte de um conflito familiar e problemas no passado para compor uma parte dramática genérica longe de qualquer empolgação. Dirigido pelo cineasta Olivier Schneider, debutando na carreira de diretor de longas-metragens, esse é mais um filme parecido com tantos outros.
Ao longo de 100 minutos de projeção acompanhamos a história de Soélie (Ava Baya), uma ex-campeã de Motocross que se depara com complicados problemas financeiros de sua família. Buscando salvar a pista de corrida que são donos, pagar dívidas imensas com um banco e salvar o irmão Michael (Riadh Belaïche) de uma enrascada, resolve aceitar um trabalho criminoso organizado pelo violento Elyas (Jalil Lespert).
Com a trama girando ao redor de poucos personagens, resta ao roteiro buscar elos através de um trauma vivido pela protagonista para se chegar até o clímax com uma estrutura narrativa batida. Nesse projeto, que logo alcançou ao top 10 da Netflix nos seus dias de estreia na plataforma, não há pretensões de ser nada diferente do que parece, reúne, numa linha definida, os heróis e os vilões, deixando o senso crítico estabilizado numa reta rumo ao previsível.
Por um olhar mais profundo, há brechas de reflexões sobre a moral, até mesmo as inconsequências das ações de um policial encrenqueiro que soma pouco a tudo que vemos. Pode-se caminhar também na relação familiar, mesmo sem chegar em muitas camadas, numa difícil relação entre pais e filhos.
Para os amantes do motociclismo, as cenas de ação podem ser um alento, são bem filmadas e com coreografias que podem empolgar. Esse ponto pode ser enxergado por algumas pessoas como um oásis, até mesmo um aceitável passatempo, em meio a uma história sonolenta que é decifrada rapidamente ao longo de poucos minutos. Não sabemos se é o caso, mas parece uma tentativa nada empolgante de um ‘Velozes e Furiosos’ sobre duas rodas.