sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Hailee Steinfeld explora sua vulnerabilidade no EP ‘Half Written Story’

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Hailee Steinfeld é provavelmente conhecida por suas incríveis performances no cinema. Afinal, com apenas catorze anos, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação impecável no drama Bravura Indômita, tornando-se um dos nomes mais jovens da história a ser nomeado na categoria em questão. Logo depois, trilharia um caminho de puro sucesso, estrelando o coming-of-age Quase 18, o spin-off de Transformers, Bumblebee, e, recentemente, a irreverente série de época Dickinson, em que vive a icônica poeta norte-americana Emily Dickinson. Entretanto, para aqueles que ousaram explorar um pouco a vida dessa artista, é de imprescindível necessidade comentar sobre suas investidas no musical – inclusive nesse momento com a divulgação de seu segundo EP oficial, Half Written Story.

Já faz um tempo desde que Steinfeld agraciava os fãs com composições sólidas e dançantes – a última vez, na verdade, foi em 2015 com o lançamento de Haiz, seu miniálbum de estreia que a colocou nos holofotes com a sugestiva “Love Myself”. Vários singles soltos depois, incluindo uma a bem produzida “Afterlife” para o show supracitado, a performer resolveu mostrar que ainda tem muito a nos oferecer. O resultado de seu novo CD, por mais breve que seja, é envolvente e emocionante em cada batida pop e em cada íntimo verso que delineou. As cinco breves faixas, dessa forma, transformam-se em uma jornada na conturbada e traumatizada mente de um eu lírico que não encontra modo melhor de se expressar que pela música.



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A obra começa com “I Love You’s”, track lançada em março deste ano, que já nos impacta pelo metafórico liricismo e, além disso, pela homenagem que a cantora faz para a lendária Annie Lennox e sua balada “No More I Love You’s”. Emprestando samples desta, vê-se que a produção opta por uma abordagem contemporânea e prática, mergulhando numa balada desconstruída por um upbeat que é calcado numa fórmula funcional e esplêndida – eventualmente criando um crescendo que restringe-se aos instrumentos, enquanto os vocais irretocáveis permanecem num espectro unidimensional e dramático na medida certa (razão pela qual insurge como uma das melhores canções de 2020).

Assista também:
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Steinfeld tem um apreço bastante significativo com construções minimalistas, que refletem-se em três das faixas do EP. “Your Name Hurts” traz uma personagem destruída com uma história escrita pela metade e um término frustrante; no topo disso, temos a entrada de KOZ como o produtor, marcado pelo uso sutil do autotune e dos sintetizadores – que se aproximam tanto das iterações predecessoras da cantora quanto das obras em que ele trabalhou (como ‘MDNA’ e ‘Dua Lipa’). Logo depois, “End this (L.O.V.E.)” ganha espaço; apesar de ser a entrada mais fraca por sua fragmentação excessiva, ela ainda é bem interessante por seu escopo onírico, movido por um tímido synth-pop e por batidas que ressoam na cultura latina (por mais longínquas que sejam). Felizmente, a letra amarra a narrativa que nos é contada, abrindo o capítulo da epifania amorosa de um relacionamento abusivo.

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Diferente do que se espera de uma produção musical, nenhuma das tracks carrega consigo uma carga mercadológica – pelo menos em primeiro plano. Em um plano oposto ao de “Love Myself”, por exemplo, as construções sonoras não seguem as tendências atuais da indústria fonográficas, recusando-se a olhar para o retorno dos anos 1980 e 1990 para a atualidade (como vários artistas vêm mostrando nos últimos meses). Pelo contrário, Hailee segue o ritmo de seu próprio coração, dando a última palavra sobre o que quer e o que deseja alcançar com mensagens ora explícitas, ora mascaradas por pontuações dúbias. “Man Up” é um dos casos em que o significado não poderia estar mais estampado na casa, regado por um trap-rap primitivo e divertido sobre um interlocutor infantiloide.

Steinfeld volta para as ballads com “Wrong Direction”, o capítulo final de seu livro cheio de idas e vindas, altos e baixos – algo consideravelmente aplaudível, considerando a brevidade da produção em si. Nesta teatral e saudosista conclusão, ela rende-se para suas melhores oscilações performativas, ousando ir uma nota além do que se esperaria em o que apenas encaramos como uma das melhores canções de sua carreira. Mantendo uma progressiva e original identidade, a música é o desfecho perfeito para um EP que apenas falha em não ser mais longo.

Nota por faixa:

  • I Love You’s – 5/5
  • Your Name Hurts – 4,5/5
  • End this (L.O.V.E.) – 4,5/5
  • Man Up – 5/5
  • Wrong Direction – 5/5
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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Já faz um tempo desde que Steinfeld agraciava os fãs com composições sólidas e dançantes – a última vez, na verdade, foi em 2015 com o lançamento de Haiz, seu miniálbum de estreia que a colocou nos holofotes com a sugestiva “Love Myself”. Vários singles soltos depois, incluindo uma a bem produzida “Afterlife” para o show supracitado, a performer resolveu mostrar que ainda tem muito a nos oferecer. O resultado de seu novo CD, por mais breve que seja, é envolvente e emocionante em cada batida pop e em cada íntimo verso que delineou. As cinco breves faixas, dessa forma, transformam-se em uma jornada na conturbada e traumatizada mente de um eu lírico que não encontra modo melhor de se expressar que pela música.

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A obra começa com “I Love You’s”, track lançada em março deste ano, que já nos impacta pelo metafórico liricismo e, além disso, pela homenagem que a cantora faz para a lendária Annie Lennox e sua balada “No More I Love You’s”. Emprestando samples desta, vê-se que a produção opta por uma abordagem contemporânea e prática, mergulhando numa balada desconstruída por um upbeat que é calcado numa fórmula funcional e esplêndida – eventualmente criando um crescendo que restringe-se aos instrumentos, enquanto os vocais irretocáveis permanecem num espectro unidimensional e dramático na medida certa (razão pela qual insurge como uma das melhores canções de 2020).

Steinfeld tem um apreço bastante significativo com construções minimalistas, que refletem-se em três das faixas do EP. “Your Name Hurts” traz uma personagem destruída com uma história escrita pela metade e um término frustrante; no topo disso, temos a entrada de KOZ como o produtor, marcado pelo uso sutil do autotune e dos sintetizadores – que se aproximam tanto das iterações predecessoras da cantora quanto das obras em que ele trabalhou (como ‘MDNA’ e ‘Dua Lipa’). Logo depois, “End this (L.O.V.E.)” ganha espaço; apesar de ser a entrada mais fraca por sua fragmentação excessiva, ela ainda é bem interessante por seu escopo onírico, movido por um tímido synth-pop e por batidas que ressoam na cultura latina (por mais longínquas que sejam). Felizmente, a letra amarra a narrativa que nos é contada, abrindo o capítulo da epifania amorosa de um relacionamento abusivo.

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Diferente do que se espera de uma produção musical, nenhuma das tracks carrega consigo uma carga mercadológica – pelo menos em primeiro plano. Em um plano oposto ao de “Love Myself”, por exemplo, as construções sonoras não seguem as tendências atuais da indústria fonográficas, recusando-se a olhar para o retorno dos anos 1980 e 1990 para a atualidade (como vários artistas vêm mostrando nos últimos meses). Pelo contrário, Hailee segue o ritmo de seu próprio coração, dando a última palavra sobre o que quer e o que deseja alcançar com mensagens ora explícitas, ora mascaradas por pontuações dúbias. “Man Up” é um dos casos em que o significado não poderia estar mais estampado na casa, regado por um trap-rap primitivo e divertido sobre um interlocutor infantiloide.

Steinfeld volta para as ballads com “Wrong Direction”, o capítulo final de seu livro cheio de idas e vindas, altos e baixos – algo consideravelmente aplaudível, considerando a brevidade da produção em si. Nesta teatral e saudosista conclusão, ela rende-se para suas melhores oscilações performativas, ousando ir uma nota além do que se esperaria em o que apenas encaramos como uma das melhores canções de sua carreira. Mantendo uma progressiva e original identidade, a música é o desfecho perfeito para um EP que apenas falha em não ser mais longo.

Nota por faixa:

  • I Love You’s – 5/5
  • Your Name Hurts – 4,5/5
  • End this (L.O.V.E.) – 4,5/5
  • Man Up – 5/5
  • Wrong Direction – 5/5
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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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