domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘Happier Than Ever: Uma Carta de Amor para Los Angeles’ celebra a musa inspiradora de Billie Eilish

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Billie Eilish retornou há alguns meses com seu aclamado segundo álbum de estúdio, Happier Than Ever, colocando-a novamente na corrida pelo Grammy Award de Álbum do Ano e demonstrando uma versatilidade e uma maturidade incríveis. E, para acompanhar o disco, a cantora e compositora se aliou com os estúdios Walt Disney para uma experiência cinematográfica imperdível, seja para os apreciadores de boa música, seja para seus fãs.

Intitulado Happier Than Ever: Uma Carta de Amor para Los Angeles’, a produção foi encabeçada por ninguém menos que Robert Rodriguez, nome conhecido pela franquia ‘Pequenos Espiões’ e pela aventura ‘Alita: Anjo de Batalha’, e Patrick Osborne, de ‘Operação Big Hero’. Aliando-se a Eilish, a construção nem chega a ultrapassar os sessenta minutos de duração e, por esse motivo, funciona como uma declaração da performer àqueles que a apoiaram desde sua estreia no cenário fonográfico. Não há muito a se esperar em relação à narrativa fílmica ou a descobrir mais detalhes sobre a vida a popstar (para isso, recomendo o incrível documentário ‘The World’s a Little Blurry’, da Apple TV+); o que temos aqui é uma tradução da íntima sensorialidade que Billie trouxe com seu álbum, com apresentações muito bem pensadas e que fogem da fórmula explorada.



O média-metragem não é um teatro filmado, muito menos a mera gravação de um show. Eilish, aqui, está essencialmente acompanhada do irmão, produtor e compositor Finneas O’Connell e de outros convidados de peso incrível, incluindo o musicista Gustavo Dudamel e a Orquestra Filarmônica de Los Angeles, cidade onde ela nasceu e que lhe deu as ferramentas para ascender ao estrelato. Faixa a faixa, os artistas envolvidos com essa obra colaboram em uma catártica rendição que se desenrola em um ritmo próprio, sem pecar em escolhas técnicas muito formais, mas ousando onde é possível. Afinal, a ideia principal, aqui, é permitir que o disco em si ganhe uma nova roupagem, afastando-se da unidimensionalidade da sinestesia sonora e abrindo portas para uma correspondência visual – que conta com um mágico espetáculo de luzes e de efeitos especiais de tirar o fôlego.

Rodriguez e Osborne fazem o máximo que conseguem dentro de um espaço limitado de tempo e um confinamento estético que não deixa muitas brechas, por assim dizer. Guiados pela certeira visão de Eilish, inúmeros clipes acertam em propostas avassaladoras, como é o caso da cândida rendição de “Billie Bossa Nova”, um dos grandes ápices da produção que inclusive toma um rumo inesperado quando comparado ao álbum. A fusão atemporal da orquestra e a vibrante amálgama do pop noir e dos elementos brasileiros é emocionante e não falha em nenhum aspecto – nos transportando para o singular cosmos em que a cantora vive.

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Vemos o mesmo sucesso se repetir na crueza electro-techno de “Oxytocin”, cujo clipe traz elementos já vistos na carreira de Tove Lo, por exemplo, em esteroides. Todos os elementos convergem para uma dinâmica investida cinemática, pincelada por uma montagem frenética e por uma oscilação tonal que dialoga à atuação quase diabólica da artista. Nos momentos finais, a complexa energia de Billie retorna com uma tocante versão de “Therefore I Am”, mostrando que se tornou uma peça necessária da engrenagem que move a música contemporânea – e que sua jornada apenas começou.

O filme sabe como alternar o íntimo com o profano de maneira bastante fortuita e fluida. Além dos interessantes e divertidos momentos supracitados, temos os momentos de reflexão amorosa e metafísica que Eilish promove – algo que já esperávamos, considerando a temática trazida ao CD. Essas sequências despontam no reconhecimento em que a artista faz para o coral da qual participou quando mais jovem, o Los Angeles Children’s Chorus, reunindo-se com o grupo para a aplaudível performance de “Goldwing”; ela também se reúne com o irmão em “Halley’s Comet” e na onírica conclusão “Male Fantasy”; como se não bastasse, deixa que o estilo neo-noir futurista tome conta do interlúdio “Not My Responsibility”, cujos minimalismo e simplicidade rasgam uma crítica pungente às mazelas sociais.

Não há muito que destoe em Happier Than Ever: Uma Carta de Amor para Los Angeles’: a premissa indica o que iremos conferir logo nos trailers promocionais e na breve sinopse do filme e, mesmo destinado a seus fãs, é um divertido título para assistir nesse feriado prolongado. Billie demonstra sua humildade nessa breve celebração da cidade e das pessoas que a inspiraram e, eventualmente, isso é tudo o que precisamos para gostar ainda mais dela.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Billie Eilish retornou há alguns meses com seu aclamado segundo álbum de estúdio, Happier Than Ever, colocando-a novamente na corrida pelo Grammy Award de Álbum do Ano e demonstrando uma versatilidade e uma maturidade incríveis. E, para acompanhar o disco, a cantora e compositora se aliou com os estúdios Walt Disney para uma experiência cinematográfica imperdível, seja para os apreciadores de boa música, seja para seus fãs.

Intitulado Happier Than Ever: Uma Carta de Amor para Los Angeles’, a produção foi encabeçada por ninguém menos que Robert Rodriguez, nome conhecido pela franquia ‘Pequenos Espiões’ e pela aventura ‘Alita: Anjo de Batalha’, e Patrick Osborne, de ‘Operação Big Hero’. Aliando-se a Eilish, a construção nem chega a ultrapassar os sessenta minutos de duração e, por esse motivo, funciona como uma declaração da performer àqueles que a apoiaram desde sua estreia no cenário fonográfico. Não há muito a se esperar em relação à narrativa fílmica ou a descobrir mais detalhes sobre a vida a popstar (para isso, recomendo o incrível documentário ‘The World’s a Little Blurry’, da Apple TV+); o que temos aqui é uma tradução da íntima sensorialidade que Billie trouxe com seu álbum, com apresentações muito bem pensadas e que fogem da fórmula explorada.

O média-metragem não é um teatro filmado, muito menos a mera gravação de um show. Eilish, aqui, está essencialmente acompanhada do irmão, produtor e compositor Finneas O’Connell e de outros convidados de peso incrível, incluindo o musicista Gustavo Dudamel e a Orquestra Filarmônica de Los Angeles, cidade onde ela nasceu e que lhe deu as ferramentas para ascender ao estrelato. Faixa a faixa, os artistas envolvidos com essa obra colaboram em uma catártica rendição que se desenrola em um ritmo próprio, sem pecar em escolhas técnicas muito formais, mas ousando onde é possível. Afinal, a ideia principal, aqui, é permitir que o disco em si ganhe uma nova roupagem, afastando-se da unidimensionalidade da sinestesia sonora e abrindo portas para uma correspondência visual – que conta com um mágico espetáculo de luzes e de efeitos especiais de tirar o fôlego.

Rodriguez e Osborne fazem o máximo que conseguem dentro de um espaço limitado de tempo e um confinamento estético que não deixa muitas brechas, por assim dizer. Guiados pela certeira visão de Eilish, inúmeros clipes acertam em propostas avassaladoras, como é o caso da cândida rendição de “Billie Bossa Nova”, um dos grandes ápices da produção que inclusive toma um rumo inesperado quando comparado ao álbum. A fusão atemporal da orquestra e a vibrante amálgama do pop noir e dos elementos brasileiros é emocionante e não falha em nenhum aspecto – nos transportando para o singular cosmos em que a cantora vive.

Vemos o mesmo sucesso se repetir na crueza electro-techno de “Oxytocin”, cujo clipe traz elementos já vistos na carreira de Tove Lo, por exemplo, em esteroides. Todos os elementos convergem para uma dinâmica investida cinemática, pincelada por uma montagem frenética e por uma oscilação tonal que dialoga à atuação quase diabólica da artista. Nos momentos finais, a complexa energia de Billie retorna com uma tocante versão de “Therefore I Am”, mostrando que se tornou uma peça necessária da engrenagem que move a música contemporânea – e que sua jornada apenas começou.

O filme sabe como alternar o íntimo com o profano de maneira bastante fortuita e fluida. Além dos interessantes e divertidos momentos supracitados, temos os momentos de reflexão amorosa e metafísica que Eilish promove – algo que já esperávamos, considerando a temática trazida ao CD. Essas sequências despontam no reconhecimento em que a artista faz para o coral da qual participou quando mais jovem, o Los Angeles Children’s Chorus, reunindo-se com o grupo para a aplaudível performance de “Goldwing”; ela também se reúne com o irmão em “Halley’s Comet” e na onírica conclusão “Male Fantasy”; como se não bastasse, deixa que o estilo neo-noir futurista tome conta do interlúdio “Not My Responsibility”, cujos minimalismo e simplicidade rasgam uma crítica pungente às mazelas sociais.

Não há muito que destoe em Happier Than Ever: Uma Carta de Amor para Los Angeles’: a premissa indica o que iremos conferir logo nos trailers promocionais e na breve sinopse do filme e, mesmo destinado a seus fãs, é um divertido título para assistir nesse feriado prolongado. Billie demonstra sua humildade nessa breve celebração da cidade e das pessoas que a inspiraram e, eventualmente, isso é tudo o que precisamos para gostar ainda mais dela.

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