sábado, abril 27, 2024

Crítica | Herói de Sangue – Omar Sy Emociona em Filme de MAIOR Bilheteria da França em 2023

Aqueles que já visitaram a França, sabem; aqueles que nunca foram, explico: debaixo do Arco do Triunfo, em Paris, estão enterrados os ossos de um famoso desconhecido. Trata-se de um soldado da Primeira Guerra Mundial cujos ossos foram exumados após serem encontrados em um dos diversos campos de batalha e foram enterrados ali, como símbolo e homenagem a todos os soldados que deram suas vidas na Primeira Guerra e cujas identidades são até hoje desconhecidas. Numa tentativa de dar nome a esse herói desconhecido, estreia nos cinemas brasileiros o filme de guerraHerói de Sangue’.

No ano de 1914 a França estava em guerra com a Alemanha na Europa. Para reforçar seu exército, que já estava capengando nas frentes de batalha, a França decidiu buscar nas suas colônias africanas homens saudáveis e jovens que pudessem lutar pela defesa dos interesses franceses. É assim que um jovem rapaz, Thierno (Alassane Diong) é sequestrado e transportado para a França, para integrar o exército francês. Seu pai, Bakary (Omar Sy), decidido a resgatar e salvar o filho dos horrores da guerra, decide voluntariamente se inscrever no exército francês, para, assim, poder proteger de perto Thierno. O que nenhum dos dois esperava é que a guerra fosse destinar caminhos diferentes para pai e filho, o que acabaria por mudar completamente a relação dos dois.

Herói de Sangue’ está sendo, de longe, o filme de maior bilheteria da França neste ano de 2023, o ano de retomada dos espectadores às salas de cinema, e isso, isoladamente, já é impressionante. Mas não é de se admirar, uma vez que o roteiro de Olivier Demangel e Mathieu Vadepied joga luz sobre partes sombrias da história da França, como a violência das colonizações que ainda é recente do século XX e sobre a qual ela prefere convenientemente não se lembrar. Ao optar por ilustrar como eram as práticas de violências coloniais da França e entregar um rosto à maior das homenagens em monumentos de Paris o roteiro confere verdadeiro valor ao tal soldado desconhecido, cuja origem provavelmente não era europeia.

Outro ponto muito interessante do filme é não fazê-lo totalmente em francês; o núcleo dos protagonistas é todo falado em fula, língua originária de 11 países da África Ocidental, conferindo autenticidade ao drama sentido por personagens de uma mesma família, de idades diferentes, inseridos drasticamente numa guerra que não era deles, numa cultura que não era a deles. Também a contextualização da guerra é bem feita neste drama, pois parte da história de conflito e de afeto entre pai e filho e traça um paralelo desta mesma relação com um rapaz de alta patente francês, e como as diferenças culturais refletem no caráter de ambos os jovens.

O diretor Mathieu Vadepied imprime emoção a essa história de ficção que busca dar rostos a um dos episódios de que menos se tem referência na história da França. E, por dar um rosto negro a um dos monumentos mais visitados do país, o diretor traz em seu filme uma crítica que faz paralelo a atualidade daquele território: um local que anteriormente sequestrou pessoas em África para lutar suas guerras, mas que hoje as rejeita quando tentam imigrar para aquela região. Não é à toa que ‘Herói de Sangue’ foi exibido na Seleção Oficial do Festival de Cannes 2023, mostrando mais um trabalho tocante do ótimo Omar Sy.

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