terça-feira, abril 16, 2024

Crítica | Honeyland – Aposta para o Oscar 2020 é belo retrato sobre isolamento e natureza

Melhor Documentário do cultuado Festival de Cinema de Sundance e exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ambos em 2019, Honeyland é uma das grandes apostas para o Oscar 2020 em pelo menos duas categorias: Melhor Filme Internacional e, é claro, Documentário. Representante da Macedônia na corrida por uma estatueta da Academia, o longa conta a história de uma apicultura de meia idade que vive com a mãe em um lugar recluso nas montanhas da referido país.

A trama promete algo simples ou mesmo chato. Estaríamos diante de um documentário estilo National Geographic sobre uma mulher que cuida de abelhas em um lugar recluso do mundo? Essa pode ser a premissa básica da produção, mas Honeyland é muito mais do que isso.

Hatidze Muratova é o foco central da história. Ela caça abelhas na região para depois cuidar delas e produzir mel, sempre de forma humanizada, seguindo a própria regra de dividir a produção em 50% pra ela e 50% para as abelhas. Ao mesmo tempo em que lida com a mãe enferma, que praticamente não sai da cama, a mulher tem que viajar constantemente para uma cidade próxima para tentar vender seu produto. 

Apesar da aura quase ermitã, Hatidze se revela uma pessoa humilde, carinhosa e muito simpática. Principalmente, quando uma família repleta de crianças se mudar para uma casa abandonada ao lado do local em que ela mora com a mãe. A mulher logo se torna parte da família, mas a dinâmica vai se complicando quando o patriarca do grupo decide também produzir mel. Sem o mesmo conhecimento dela, o homem opta pelo caminho mais rápido, do dinheiro fácil, pensando na quantidade produzida e não na qualidade, ou nas consequências de se tomar demais dos animais.

Sem oferecer uma linha de texto que seja panfletária, o filme consegue se apresentar como uma grande obra em defesa da natureza e sobre os males da intervenção humana. É sobre ecossistema e sobre a quebra do mesmo. É sobre a relação do ser humano entre si e entre os animais. O que parecia uma obra sobre uma apicultura se mostra uma coisa maior, repleta de camadas. 

Há de se valorizar a determinação dos documentaristas Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov. Eles visitaram o local para gravar um curta-metragem e acabaram passando anos por lá. O resultado disso é um material complexo e repleto de reviravoltas. Neste meio tempo, a dupla conseguiu registrar quase um ciclo dessa vida moderna dos dias de hoje. Se os cineastas tivessem ficado poucas semanas no local, o que é o padrão neste tipo de produção, teriam conseguido tomadas lindíssimas, mas jamais as mudanças de cenários vistas aqui.

Filme visto durante a cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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