Depois de três filmes, os fãs da franquia ‘Hotel Transilvânia’ aprenderam que Drácula pode até ser o vampirão boladão que estamos acostumados a ver em todas as adaptações literárias e cinematográficas, mas ele é também um paizão amoroso e muito ciumento de sua única herdeira, Mavis. Há dez anos o vampirão vem tentando aceitar e entender que sua filha se apaixonou e casou com um humano, e até hoje ele lida (meio desgostoso) com as consequências dessa escolha. Só que as coisas se invertem em ‘Hotel Transilvânia 4: Transformonstrão’ – filme originalmente produzido para ser exibido nos cinemas mas que, por conta da instabilidade da programação das grades exibidoras devido à pandemia, foi direto para a plataforma da Prime Video, e já está disponível aos assinantes.
No aniversário de 125 anos do Hotel Transilvânia, Drac (na voz original de Brian Hull, que substitui Adam Sandler) está prestes a fazer um grande anúncio a todos: quer se aposentar e deixar a administração do hotel para sua filha. Porém, durante o evento, Mavis (Selena Gomez) ouve o segredo e o comenta com seu marido, Johnny (Andy Samberg), que não se aguenta de felicidade e acaba indo conversar com o sogro antes da hora. Em pânico por imaginar seu hotel transformado em um spa hippie, Drac decide mudar de ideia em cima da hora e conta uma mentirinha para justificar seu ato ao genro, dizendo-lhe que uma lei imobiliária o impedia de deixar o hotel a um humano. Por conta desse impedimento, Johnny decide pedir a ajuda de Van Helsing (Jim Gaffigan) para transformá-lo em monstro – e dá certo! Porém, o aparelho transforma Drac em humano também e, em seguida, quebra. Agora, para consertar as coisas, os dois terão que embarcar em uma viagem para a Amazonia, em busca do cristal encantado.
Com um argumento costurado por uma sequência de justificativas que não convencem muito, ‘Hotel Transilvânia 4: Transformonstrão’ arranca alguns sorrisos, mas não alcança o ápice já apresentado na franquia. O roteiro de Amos Vernon, Nunzio Randazzo e Genndy Tartakovsky recicla a fórmula que agradou no primeiro filme – o embate entre Drac e o genro humano – e a atualiza, forçando os personagens a trocarem de lugar; com isso, apesar de trazer alguma novidade, acaba construindo a mesma aventura já experimentada pelo público, baseada na repulsa que o vampirão tem aos humanos, e carrega a turma toda para a viagem, como já foi visto também nos últimos dois filmes.
Em sua hora e meia de duração, ‘Hotel Transilvânia 4: Transformonstrão’ perde a oportunidade de explorar o que realmente era interessante em sua premissa: a desenvoltura (ou a falta dela) dos monstros ao se transformarem em humanos, dando-lhe pouco espaço. Por focar uma vez mais na relação pai e genro, o filme de Derek Drymon e Jennifer Kluska demonstra pouca criatividade, mais uma vez afastando os protagonistas originais da franquia – Drácula e sua filha –, relegando Mavis uma vez mais a um espaço secundário, em prol de iluminar o rapaz humano.
‘Hotel Transilvânia 4: Transformonstrão’ é um filme simpático, pensado em agradar a garotada mais pimpolha. Não inova em sua história, mas, com tanta cor, brilho, caretas e piadas com geleca e bumbum, certamente é um entretenimento garantido para a criançada esse fim de semana em casa.