sábado , 16 novembro , 2024

Crítica | “I Love It”, de Kylie Minogue, é a música mais alto-astral do ano

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Kylie Minogue recuperou as rédeas de sua identidade artística há alguns anos, quando resolveu se afastar do costumeiro pop chiclete explorado em obras como Fever e Aphrodite e investir em novas facetas de suas iterações musicais – como o subestimado Golden, era durante a qual ficou responsável pelos intimistas discursos e pelas poderosas letras que a aproximavam do country-pop. Entretanto, Minogue parece ter entendido, ainda mais de ter visitado o Brasil em março deste ano com um dos melhores shows de sua carreira, que retornar às raízes era uma boa ideia quando o assunto é “reinventar-se” – afinal, revisitar clássicos perdidos no tempo e homenagear aqueles e aquelas que lhe inspiraram é sempre uma ótima pedida.

É por isso que o anúncio de seu novo compilado de originais, Disco, não veio com tanta surpresa: Kylie já anunciava que voltaria ao passado há bastante tempo, fosse com colaborações que passaram longe do radar mainstream, fosse com suas visitas ao estúdio e suas parceria recém-firmadas com produtores apaixonados pela nostalgia musical. O início desse sonho se tornou realidade com o saudosismo de “Say Something”, lead single oficial da nova era, e pela perfeição nu-disco de “Magic” (uma faixa que definitivamente não pode ficar fora das nossas playlists). Agora, através de um anúncio surpresa, Minogue abraçou de vez as divas que regem e abençoam sua discografia, bem, desde sempre.

“I Love It” foi revelado como a terceira música promocional do vindouro CD há poucos dias – e Minogue, na verdade, não preparou um marketing pesado para colocá-la nos holofotes (aliás, nunca nem se preocupou com isso). A ideia era dar à sua legião de fãs mais um gostinho do que está por vir e do que os aguarda na primeira semana de novembro. Mais do que nunca, a artista parece feliz com os resultados de uma mimética honraria a si mesma, passando longe da egolatria desmedida e se rendendo ao divertimento e ao alto-astral em um período que clama pelo escapismo – e a track é um chamativo convite para deixar as preocupações de lado e se jogar numa pista de dança improvisada em nossas casas.



Para a nova canção, Kylie deixou bem explícito que o simples e claro título do álbum é a atmosfera pela qual busca – graças aos deuses da música. Retomando parceria com Richard Stannard, que emprestou seus versos para a supracitada “Say Something” e para icônicas iterações como “In My Arms” e “In Your Eyes”, a narrativa tangencia tons confessionais ao ser acompanhada por batidas sintéticas e por dinâmicos violinos que drenam inspiração de Gloria Gaynor e até mesmo do euro-disco de ABBA (vide “Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)”).

“Dance pela escuridão, juntos eternamente” é a elegíaca premissa que sintetiza essa jornada ultrarromântica, que soa familiar o bastante para nos cativar pela narcótica nostalgia, mas não se perde numa datada construção – muito pelo contrário: é notável o modo como a produção de Duck Blackwell é solidamente coesa para criar lacunas preenchidas por melodias contemporâneas representativas do melhor de 2020 (e o que, no final das contas, a transforma em uma das mais dançantes e evocativas dos últimos meses).

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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É por isso que o anúncio de seu novo compilado de originais, Disco, não veio com tanta surpresa: Kylie já anunciava que voltaria ao passado há bastante tempo, fosse com colaborações que passaram longe do radar mainstream, fosse com suas visitas ao estúdio e suas parceria recém-firmadas com produtores apaixonados pela nostalgia musical. O início desse sonho se tornou realidade com o saudosismo de “Say Something”, lead single oficial da nova era, e pela perfeição nu-disco de “Magic” (uma faixa que definitivamente não pode ficar fora das nossas playlists). Agora, através de um anúncio surpresa, Minogue abraçou de vez as divas que regem e abençoam sua discografia, bem, desde sempre.

“I Love It” foi revelado como a terceira música promocional do vindouro CD há poucos dias – e Minogue, na verdade, não preparou um marketing pesado para colocá-la nos holofotes (aliás, nunca nem se preocupou com isso). A ideia era dar à sua legião de fãs mais um gostinho do que está por vir e do que os aguarda na primeira semana de novembro. Mais do que nunca, a artista parece feliz com os resultados de uma mimética honraria a si mesma, passando longe da egolatria desmedida e se rendendo ao divertimento e ao alto-astral em um período que clama pelo escapismo – e a track é um chamativo convite para deixar as preocupações de lado e se jogar numa pista de dança improvisada em nossas casas.

Para a nova canção, Kylie deixou bem explícito que o simples e claro título do álbum é a atmosfera pela qual busca – graças aos deuses da música. Retomando parceria com Richard Stannard, que emprestou seus versos para a supracitada “Say Something” e para icônicas iterações como “In My Arms” e “In Your Eyes”, a narrativa tangencia tons confessionais ao ser acompanhada por batidas sintéticas e por dinâmicos violinos que drenam inspiração de Gloria Gaynor e até mesmo do euro-disco de ABBA (vide “Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)”).

“Dance pela escuridão, juntos eternamente” é a elegíaca premissa que sintetiza essa jornada ultrarromântica, que soa familiar o bastante para nos cativar pela narcótica nostalgia, mas não se perde numa datada construção – muito pelo contrário: é notável o modo como a produção de Duck Blackwell é solidamente coesa para criar lacunas preenchidas por melodias contemporâneas representativas do melhor de 2020 (e o que, no final das contas, a transforma em uma das mais dançantes e evocativas dos últimos meses).

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