Elena Guerra (Vittoria Puccini) é uma competente promotora que, embora seja muito requisitada no trabalho, está determinada a tirar um ano sabático para se dedicar ao seu casamento. Entretanto, é chamada para investigar o assassinato da jovem Angelica Petroni (Margherita Caviezel), cujo corpo foi encontrado em um canal em Mântua (distrito mais conhecido por ser cenário da tragédia ‘Romeu e Julieta’, de Shakespeare). Todas as provas indicam a poderosa Linda Monaco (Camilla Filippi) como a principal suspeita do assassinato, e, por ser uma mulher muito rica de uma família muito influente, o caso passa a ser defendido pelo advogado Ruggero Barone (Francesco Scianna, que é a cara do nosso Pablo Bazarello), amigo do marido de Linda.
Com oito episódios com cerca de cinquenta minutos de duração cada, a primeira temporada de ‘Il Processo’ (sim, o título é esse mesmo, sem tradução em português) é uma série italiana disponível na Netflix cujo foco é acompanhar o clima de julgamento do caso supracitado. Embora os dois primeiros episódios sirvam para apresentar as peças do jogo – advogados, personagens, histórias pessoais, elementos essenciais na história, etc –, a essência da série é construir o cenário investigativo do processo judicial contra Linda Monaco: quem é ela? Quais seriam seus motivos? Quem era a vítima? O que aconteceu naquela noite de março, durante a festa?
À primeira vista, ‘Il Processo’ não parece, mas é uma superprodução. O investimento vai desde locações luxuosíssimas, a um figurino que inclui alfaiataria sob medida, efeitos visuais para recriar as cenas do crime e até mesmo os direitos da canção ‘Bury a Friend’, da cantora-do-momento Billie Eilish, como música-tema para os créditos de abertura da série.
As boas atuações do elenco principal – em especial dos protagonistas – consegue levar a história adiante, porém, o grande problema do roteiro escrito a seis mãos entre Alessandro Fabbri, Enrico Audenino e Laura Colella é a escolha de construir uma série cuja linha temporal é confusa e não linear. Resumidamente, ela acontece em três tempos: o presente, quando o corpo de Angelica é encontrado; o passado, que conta a vida pessoal dos personagens; o futuro, que é a linha temporal do julgamento, que, consequentemente, se remete a esses dois outros tempos como passado (sem contar que o tempo do julgamento não é periódico, avançando em mais de um ano desde a descoberta do corpo, e tudo isso gera confusão pro espectador). Outro ponto prejudicial é o ritmo lento com que as cenas se desenrolam, o que também não ajuda a prender o interesse do espectador.
Entretanto, ‘Il Processo’ tem grandes reviravoltas na sua trama e encerra sua primeira temporada com uma conclusão satisfatória para sua história, de modo que, cajo não seja renovada, o espectador tem seu merecido esclarecimento dos fatos.
‘Il Processo’ é uma boa série procedural para quem curte acompanhar séries como ‘Law & Order’, só que no sistema jurídico italiano – o que traz uma variação ao gênero.