sábado , 21 dezembro , 2024

Critica | Ingrid Vai Para o Oeste: Um tapa na cultura de pseudo celebridades da era digital

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Sorrisos perfeitamente alinhados em cenários incríveis. Tudo muito bem posicionado: perspectivas adequadas; poses manjadas; frases de efeito com pouco ou quase nenhuma autenticidade. O sinônimo de felicidade na era digital se tornou as belas fotos paradisíacas, que estampam padrões de belezas bem estigmatizados, expressões faciais manipuladas e uma falsa humildade que exala pelos poros. Entre o cinismo e a busca por curtidas, comentários e patrocínios de marcas, estão personas que vendem estilos de vida dos quais são incapazes de sustentar. E em uma era onde a redes sociais se tornaram a ponte de contato e autopromoção mundial da sociedade, a verdade se tornou mais uma questão de opinião e…por que não, ângulo de câmera? Ingrid Vai Para o Oeste escrutina esse novo tempo, expondo as rachaduras da ostentação coletiva nascida em um tempo de pseudo celebridades, influencers e personalidades que só querem se promover às custas de vidas – muitas vezes – fingidas.



Sucesso no Festival de Sundance 2017, o cult estrelado pela princesa do cinema independente, Aubrey Plaza, ganhou o acesso necessário apenas agora. Após uma jornada tímida na rede TeleCine, Ingrid Vai Para o Oeste pode finalmente encontrar o vasto público que lhe é digno, ao chegar à grade de programação da Netflix. Dirigido por Matt Spicer, que co-assina o roteiro com David Branson Smith, a comédia dramática ácida faz um retrato sobre a falsa ideia de perfeição nascida nas redes sociais, criada a partir de uma contemporânea estratégia publicitária onde a cobiça pelas coisas alheias é o que alimenta o sucesso de muitos. Em um mundo que respira o anseio inesgotável por uma popularidade tão cínica e falsa, que chega a até mesmo ser “comprável” com sistemas automáticos que inflam os números de seguidores e inscritos, o longa é uma verdade inconveniente que tenta perfurar a autoestima inchada de web celebs, trazendo para fora aquilo que está escondido nos bastidores e que ninguém quer que seja conhecido.

Sem meias palavras em sem suavizar sua narrativa, Spicer e Smith criam uma dramédia precisa que vai direto ao ponto e que traz Aubrey Plaza aqui como uma garota comum que, após a dolorosa perda da sua mãe, tenta encontrar um estímulo para viver – zapeando entre as publicações dos influencers que acompanha no Instagram. Comparando sua humilde vida com a suposta perfeição daqueles que segue, ela se torna fruto do seu próprio meio, redefinindo a sua identidade a partir do estilo de uma blogueira hipster da Califórnia (Elizabeth Olsen), a fim de – quem sabe – preencher o vazio que fora deixado com a morte da pessoa mais amada por ela. Mal ela sabia que, ao se tornar stalker, ela também descobriria que não há foto bem editada do Instagram capaz de sustentar uma vida plástica inexistente.

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Como um ensaio sobre a cultura doentia que as mídias sociais acabaram gerando, Ingrid Vai Para o Oeste pega pesado (e com razão) com ambos os lados da questão, sendo categórico ao expor a forma como um stalker manipula todas as circunstâncias, mas não poupando também a generosa parcela de responsabilidade que precisa ser atribuída às figuras populares que dominam o Instagram e etc. Mostrando a artificialidade desses estilos de vida que exalam perfeição e felicidade absoluta, a comédia dramática é também um exposed sobre como tudo aquilo que é mostrado na internet deve ser visto com grandes ressalvas e muita desconfiança. Nos levando para os bastidores dessas belas e invejáveis fotos cheias de edição, somos todos confrontados sobre essa falsa e maquiada ideia de sucesso, sustentada e propagada por personas muitas vezes nascidas a partir de mentiras, estrategicamente projetadas para alimentar o seu egocentrismo, sua soberba e ostentação – e tudo às custas dos próprios internautas que as seguem.

Muitas vezes desconfortável e inebriante do começo ao fim, a produção esbraveja tudo aquilo que muitos de nós sonhamos em expressar diante da falsidade digital nascida nesta era. De maneira quase didática e envolvente, a comédia dramática é impecável em todos os sentidos, constrói personagens vazios de forma profundamente substancial e realista e sabe exatamente dosar toda a narrativa nas belas atuações de Olsen, Plaza, O’Shea Jackson Jr., Wyatt Russell e Billy Magnussen – que dominam a trama do começo ao fim, proporcionando uma experiência ainda mais voraz e prazerosa. Um tapa na cara da sociedade contemporânea, o filme é quase documental em seus relatos, provoca a audiência a também se confrontar diante de suas próprias posturas on-line e deixa todos à deriva, em meio às mais diversas conclusões que chegamos sobre nós mesmos. Bem dirigido e com uma excelente trilha sonora adaptada indie que se incorpora ao longa, Ingrid Vai Para o Oeste nos surpreende a cada um de seus atos e seu final glorioso, irônico e sarcástico é a quinta-essência de que em terra de perfeições de mentirinhas, quem fala a verdade também pode ser tornar uma rainha.

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Sorrisos perfeitamente alinhados em cenários incríveis. Tudo muito bem posicionado: perspectivas adequadas; poses manjadas; frases de efeito com pouco ou quase nenhuma autenticidade. O sinônimo de felicidade na era digital se tornou as belas fotos paradisíacas, que estampam padrões de belezas bem estigmatizados, expressões faciais manipuladas e uma falsa humildade que exala pelos poros. Entre o cinismo e a busca por curtidas, comentários e patrocínios de marcas, estão personas que vendem estilos de vida dos quais são incapazes de sustentar. E em uma era onde a redes sociais se tornaram a ponte de contato e autopromoção mundial da sociedade, a verdade se tornou mais uma questão de opinião e…por que não, ângulo de câmera? Ingrid Vai Para o Oeste escrutina esse novo tempo, expondo as rachaduras da ostentação coletiva nascida em um tempo de pseudo celebridades, influencers e personalidades que só querem se promover às custas de vidas – muitas vezes – fingidas.

Sucesso no Festival de Sundance 2017, o cult estrelado pela princesa do cinema independente, Aubrey Plaza, ganhou o acesso necessário apenas agora. Após uma jornada tímida na rede TeleCine, Ingrid Vai Para o Oeste pode finalmente encontrar o vasto público que lhe é digno, ao chegar à grade de programação da Netflix. Dirigido por Matt Spicer, que co-assina o roteiro com David Branson Smith, a comédia dramática ácida faz um retrato sobre a falsa ideia de perfeição nascida nas redes sociais, criada a partir de uma contemporânea estratégia publicitária onde a cobiça pelas coisas alheias é o que alimenta o sucesso de muitos. Em um mundo que respira o anseio inesgotável por uma popularidade tão cínica e falsa, que chega a até mesmo ser “comprável” com sistemas automáticos que inflam os números de seguidores e inscritos, o longa é uma verdade inconveniente que tenta perfurar a autoestima inchada de web celebs, trazendo para fora aquilo que está escondido nos bastidores e que ninguém quer que seja conhecido.

Sem meias palavras em sem suavizar sua narrativa, Spicer e Smith criam uma dramédia precisa que vai direto ao ponto e que traz Aubrey Plaza aqui como uma garota comum que, após a dolorosa perda da sua mãe, tenta encontrar um estímulo para viver – zapeando entre as publicações dos influencers que acompanha no Instagram. Comparando sua humilde vida com a suposta perfeição daqueles que segue, ela se torna fruto do seu próprio meio, redefinindo a sua identidade a partir do estilo de uma blogueira hipster da Califórnia (Elizabeth Olsen), a fim de – quem sabe – preencher o vazio que fora deixado com a morte da pessoa mais amada por ela. Mal ela sabia que, ao se tornar stalker, ela também descobriria que não há foto bem editada do Instagram capaz de sustentar uma vida plástica inexistente.

Como um ensaio sobre a cultura doentia que as mídias sociais acabaram gerando, Ingrid Vai Para o Oeste pega pesado (e com razão) com ambos os lados da questão, sendo categórico ao expor a forma como um stalker manipula todas as circunstâncias, mas não poupando também a generosa parcela de responsabilidade que precisa ser atribuída às figuras populares que dominam o Instagram e etc. Mostrando a artificialidade desses estilos de vida que exalam perfeição e felicidade absoluta, a comédia dramática é também um exposed sobre como tudo aquilo que é mostrado na internet deve ser visto com grandes ressalvas e muita desconfiança. Nos levando para os bastidores dessas belas e invejáveis fotos cheias de edição, somos todos confrontados sobre essa falsa e maquiada ideia de sucesso, sustentada e propagada por personas muitas vezes nascidas a partir de mentiras, estrategicamente projetadas para alimentar o seu egocentrismo, sua soberba e ostentação – e tudo às custas dos próprios internautas que as seguem.

Muitas vezes desconfortável e inebriante do começo ao fim, a produção esbraveja tudo aquilo que muitos de nós sonhamos em expressar diante da falsidade digital nascida nesta era. De maneira quase didática e envolvente, a comédia dramática é impecável em todos os sentidos, constrói personagens vazios de forma profundamente substancial e realista e sabe exatamente dosar toda a narrativa nas belas atuações de Olsen, Plaza, O’Shea Jackson Jr., Wyatt Russell e Billy Magnussen – que dominam a trama do começo ao fim, proporcionando uma experiência ainda mais voraz e prazerosa. Um tapa na cara da sociedade contemporânea, o filme é quase documental em seus relatos, provoca a audiência a também se confrontar diante de suas próprias posturas on-line e deixa todos à deriva, em meio às mais diversas conclusões que chegamos sobre nós mesmos. Bem dirigido e com uma excelente trilha sonora adaptada indie que se incorpora ao longa, Ingrid Vai Para o Oeste nos surpreende a cada um de seus atos e seu final glorioso, irônico e sarcástico é a quinta-essência de que em terra de perfeições de mentirinhas, quem fala a verdade também pode ser tornar uma rainha.

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