quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Insecure – Terceiro ano da série foca em amadurecimento dos personagens

YouTube video

Depois de um dos melhores finais de série na segunda temporada (ou piores, dependendo do ponto de vista e do nível de sensibilidade de cada um), a terceira temporada de Insecure era mais aguardada do que nunca. No entanto, apesar das boas expectativas, o medo de se decepcionar com tantas reviravoltas amorosas da dupla Issa (Issa Rae) e Molly (Yvonne Orji) também era grande – mas, felizmente, a dramédia da HBO manteve o nível em seu terceiro ano e continuou indo além dos plots de relacionamento das duas amigas, com uma ótima representação da mulher negra na sociedade (com críticas ácidas sem perder o tom de humor) e foco em importantes dilemas da vida adulta.

No último episódio da segunda temporada, nos despedimos de uma Issa que  teve um ponto final definitivo no relacionamento com Lawrence (Jay Ellis) e que se viu obrigada a sair do apartamento que dividiu com ele por anos por não ter condições de arcar com as despesas da casa sozinha. A última cena, para quem não lembra, é dela indo se hospedar na casa de Daniel (Y’lan Noel) – um complicado caso do passado que foi o estopim para o fim do seu namoro de anos.  Assim, na primeira parte da season 3, a história gira em torno da protagonista tentando dividir o mesmo teto ~com sua kriptonita~ sem deixar que a forte atração faça com que os dois fiquem juntos novamente – porque, de acordo com as experiências anteriores, ela percebe que não dá mesmo muito certo. Ao mesmo tempo, também acompanhamos suas tentativas de sair da crise financeira para poder alugar seu próprio apartamento – e, dentre elas, inclui o trabalho de motorista de Lyft (uma espécie de Uber), que faz com que se envolva em algumas confusões.



Para quem gosta do lado mais ácido da série, já revelo que esse começo pode soar meio frustrante, porque as 542345 vezes em que Issa tenta fugir das investidas de Daniel, ao mesmo tempo que sente ciúmes quando ele leva uma mulher para casa, acabam se tornando desinteressantes ao longo da história. No entanto, um tema que se destaca na temporada e que já começa a se desenhar a partir desse plot é o da frustração profissional na vida adulta – assunto atual e necessário em programas que focam em adultos que já estão beirando ou passaram dos 30 anos.  No caso de Daniel, o problema é a falta de oportunidade para quem realmente tem talento e não os contatos certos no meio musical – e isso fica claro quando um antigo amigo da faculdade, que não é tão original assim como produtor, bomba na carreira enquanto ele vive em busca de chances.  Já com Issa e Molly a frustração é um pouco diferente. Com a primeira, além da falta de grana, é o comodismo de ficar há 5 anos em um emprego que não ama por medo de arriscar novos desafios; a segunda, por sua vez, apesar de ser bem-sucedida, precisa lidar com a própria ambição para se adaptar na nova empresa (onde, diferentemente da primeira, só trabalham negros) sem despertar a antipatia dos seus colegas de trabalho (e, sim, já aviso que você pode se pegar achando a maravilhosa Molly irritante em alguns episódios por causa disso).

Ao tratar esse tema, Insecure, mais uma vez, mostra o que tem de melhor: nos faz repensar nossas próprias escolhas profissionais e reavaliar sonhos que acabaram ficando para trás no meio do furacão que é a vida adulta. Se nas duas primeiras temporadas ajudou a acender uma lanterna vermelha em relacionamentos que não estavam muito bons com o plot de Issa e Lawrence, agora, pode aproveitar os dilemas de cada personagem para sacudir quem está na zona de conforto, em busca de oportunidades em um mercado injusto ou até mesmo deixando a famosa ~política da boa vizinhança~ de lado para se sobressair no trabalho. E ao pensar em como a arte pode ser espelho da vida real e trazer reflexão sobre nossos próprios problemas, o amor pela série só aumenta (e a gente até ignora o início não tão bom assim com a complicada relação entre Issa e Daniel).

Mas não é só isso que faz Insecure recuperar o fôlego e manter o nível das temporadas anteriores. Além da questão profissional, nessa jornada de amadurecimento das protagonistas, também toca na questão de amigos de longa data vivendo diferentes momentos da vida – o que, inevitavelmente, pode fazer com que acabem se afastando. Aqui, isso acontece com Tiffany (Amanda Seales), que se sente distante das amigas após engravidar por estar focada em assuntos da maternidade e se sentir obrigada a dar um jeito de ir à festas e festivais com seu quarteto para não ficar excluída. No desenrolar, surge até uma DR sincera entre Issa e ela, com o tom natural e realista que já se tornou marca registrada da série.

Os relacionamentos amorosos, é claro, não ficaram para trás depois do fim do plot de Daniel – afinal, esse é um dos fortes da trama. Dessa vez, saindo um pouco do triângulo Issa-Lawrence-Daniel, a protagonista começa a se envolver com Nathan (Kendrick Sampson) – que, ironicamente, foi seu passageiro no Lyft e protagonizou uma briga tensa com outro rapaz com quem dividiu a viagem.

(SPOILER!!)

Com a entrada desse enigmático personagem, Insecure mostra mais uma vez que sabe retratar muito bem os namoros modernos e aborda o chamado “ghosting” – que é o termo em inglês que se refere ao ato cruel de terminar um relacionamento apenas desaparecendo, sem nenhuma explicação. Dá agonia (e vontade de socar Nathan) ver Issa tentando entender o que fez de errado a cada vez que sua ligação para o rapaz não completa ou quando olha as mil mensagens enviadas sem nenhuma resposta. Sem exageros, a série constrói muito bem os sentimentos da protagonista nessa situação toda – que passa da certeza de que Nathan só está ocupado e vai entrar em contato em breve ao desespero de criar planos mirabolantes para tentar encontrá-lo.

Além disso, também tem o retorno de Lawrence para a história, tentando voltar aos eixos depois de uma vida de orgias e mil casos amorosos em que se envolveu após o fim do namoro com Issa. E Molly com dificuldades para recomeçar depois de dar um basta ao relacionamento complicado com seu amigo casado que prega o amor livre – mantendo sempre a dinâmica incrível com sua melhor amiga em meio aos casos em que as duas se envolvem; cada uma a sua maneira. Inclusive, vale dizer que a química entre Issa Rae e Yvonne Orji continua impecável, e é sempre um dos melhores momentos da série.

Na season finale, assim como aconteceu com a segunda temporada, Insecure deixa um gancho que nos faz querer ter logo os próximos episódios para ver o que vai acontecer com Issa. Mas só resta guardar a ansiedade para o próximo ano (que, para a nossa alegria, já foi confirmado pela HBO). Se as escolhas de roteiro e as atuações continuarem do jeito que estão, certamente, vem coisa boa por aí…

YouTube video

Mais notícias...

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | Insecure – Terceiro ano da série foca em amadurecimento dos personagens

YouTube video

Depois de um dos melhores finais de série na segunda temporada (ou piores, dependendo do ponto de vista e do nível de sensibilidade de cada um), a terceira temporada de Insecure era mais aguardada do que nunca. No entanto, apesar das boas expectativas, o medo de se decepcionar com tantas reviravoltas amorosas da dupla Issa (Issa Rae) e Molly (Yvonne Orji) também era grande – mas, felizmente, a dramédia da HBO manteve o nível em seu terceiro ano e continuou indo além dos plots de relacionamento das duas amigas, com uma ótima representação da mulher negra na sociedade (com críticas ácidas sem perder o tom de humor) e foco em importantes dilemas da vida adulta.

No último episódio da segunda temporada, nos despedimos de uma Issa que  teve um ponto final definitivo no relacionamento com Lawrence (Jay Ellis) e que se viu obrigada a sair do apartamento que dividiu com ele por anos por não ter condições de arcar com as despesas da casa sozinha. A última cena, para quem não lembra, é dela indo se hospedar na casa de Daniel (Y’lan Noel) – um complicado caso do passado que foi o estopim para o fim do seu namoro de anos.  Assim, na primeira parte da season 3, a história gira em torno da protagonista tentando dividir o mesmo teto ~com sua kriptonita~ sem deixar que a forte atração faça com que os dois fiquem juntos novamente – porque, de acordo com as experiências anteriores, ela percebe que não dá mesmo muito certo. Ao mesmo tempo, também acompanhamos suas tentativas de sair da crise financeira para poder alugar seu próprio apartamento – e, dentre elas, inclui o trabalho de motorista de Lyft (uma espécie de Uber), que faz com que se envolva em algumas confusões.

Para quem gosta do lado mais ácido da série, já revelo que esse começo pode soar meio frustrante, porque as 542345 vezes em que Issa tenta fugir das investidas de Daniel, ao mesmo tempo que sente ciúmes quando ele leva uma mulher para casa, acabam se tornando desinteressantes ao longo da história. No entanto, um tema que se destaca na temporada e que já começa a se desenhar a partir desse plot é o da frustração profissional na vida adulta – assunto atual e necessário em programas que focam em adultos que já estão beirando ou passaram dos 30 anos.  No caso de Daniel, o problema é a falta de oportunidade para quem realmente tem talento e não os contatos certos no meio musical – e isso fica claro quando um antigo amigo da faculdade, que não é tão original assim como produtor, bomba na carreira enquanto ele vive em busca de chances.  Já com Issa e Molly a frustração é um pouco diferente. Com a primeira, além da falta de grana, é o comodismo de ficar há 5 anos em um emprego que não ama por medo de arriscar novos desafios; a segunda, por sua vez, apesar de ser bem-sucedida, precisa lidar com a própria ambição para se adaptar na nova empresa (onde, diferentemente da primeira, só trabalham negros) sem despertar a antipatia dos seus colegas de trabalho (e, sim, já aviso que você pode se pegar achando a maravilhosa Molly irritante em alguns episódios por causa disso).

Ao tratar esse tema, Insecure, mais uma vez, mostra o que tem de melhor: nos faz repensar nossas próprias escolhas profissionais e reavaliar sonhos que acabaram ficando para trás no meio do furacão que é a vida adulta. Se nas duas primeiras temporadas ajudou a acender uma lanterna vermelha em relacionamentos que não estavam muito bons com o plot de Issa e Lawrence, agora, pode aproveitar os dilemas de cada personagem para sacudir quem está na zona de conforto, em busca de oportunidades em um mercado injusto ou até mesmo deixando a famosa ~política da boa vizinhança~ de lado para se sobressair no trabalho. E ao pensar em como a arte pode ser espelho da vida real e trazer reflexão sobre nossos próprios problemas, o amor pela série só aumenta (e a gente até ignora o início não tão bom assim com a complicada relação entre Issa e Daniel).

Mas não é só isso que faz Insecure recuperar o fôlego e manter o nível das temporadas anteriores. Além da questão profissional, nessa jornada de amadurecimento das protagonistas, também toca na questão de amigos de longa data vivendo diferentes momentos da vida – o que, inevitavelmente, pode fazer com que acabem se afastando. Aqui, isso acontece com Tiffany (Amanda Seales), que se sente distante das amigas após engravidar por estar focada em assuntos da maternidade e se sentir obrigada a dar um jeito de ir à festas e festivais com seu quarteto para não ficar excluída. No desenrolar, surge até uma DR sincera entre Issa e ela, com o tom natural e realista que já se tornou marca registrada da série.

Os relacionamentos amorosos, é claro, não ficaram para trás depois do fim do plot de Daniel – afinal, esse é um dos fortes da trama. Dessa vez, saindo um pouco do triângulo Issa-Lawrence-Daniel, a protagonista começa a se envolver com Nathan (Kendrick Sampson) – que, ironicamente, foi seu passageiro no Lyft e protagonizou uma briga tensa com outro rapaz com quem dividiu a viagem.

(SPOILER!!)

Com a entrada desse enigmático personagem, Insecure mostra mais uma vez que sabe retratar muito bem os namoros modernos e aborda o chamado “ghosting” – que é o termo em inglês que se refere ao ato cruel de terminar um relacionamento apenas desaparecendo, sem nenhuma explicação. Dá agonia (e vontade de socar Nathan) ver Issa tentando entender o que fez de errado a cada vez que sua ligação para o rapaz não completa ou quando olha as mil mensagens enviadas sem nenhuma resposta. Sem exageros, a série constrói muito bem os sentimentos da protagonista nessa situação toda – que passa da certeza de que Nathan só está ocupado e vai entrar em contato em breve ao desespero de criar planos mirabolantes para tentar encontrá-lo.

Além disso, também tem o retorno de Lawrence para a história, tentando voltar aos eixos depois de uma vida de orgias e mil casos amorosos em que se envolveu após o fim do namoro com Issa. E Molly com dificuldades para recomeçar depois de dar um basta ao relacionamento complicado com seu amigo casado que prega o amor livre – mantendo sempre a dinâmica incrível com sua melhor amiga em meio aos casos em que as duas se envolvem; cada uma a sua maneira. Inclusive, vale dizer que a química entre Issa Rae e Yvonne Orji continua impecável, e é sempre um dos melhores momentos da série.

Na season finale, assim como aconteceu com a segunda temporada, Insecure deixa um gancho que nos faz querer ter logo os próximos episódios para ver o que vai acontecer com Issa. Mas só resta guardar a ansiedade para o próximo ano (que, para a nossa alegria, já foi confirmado pela HBO). Se as escolhas de roteiro e as atuações continuarem do jeito que estão, certamente, vem coisa boa por aí…

YouTube video

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS