domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica ‘Invasão Secreta’ | Primeiro episódio mantém padrão de qualidade dos ‘pilotos’ Marvel

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu o primeiro episódio de Invasão Secreta, evite esta matéria, pois ela contém spoilers



Depois de uma campanha publicitária muito interessante no exterior, em que a Disney pagou atores vestidos como Skrulls para atuarem como “papagaio de pirata” nos principais canais de reportagem dos EUA, dando aquela sensação incômoda de haver aliens vivendo entre nós há algum tempo, Invasão Secreta enfim estreou com um episódio piloto muito interessante e dentro do esperado. No entanto, como visto nas últimas séries do MCU, talvez valha a pena conter um pouco a empolgação, já que, em alguns casos, o primeiro capítulo acabou sendo justamente um dos melhores, com algumas produções caindo de nível conforme a temporada ia se desenrolando.

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A proposta é bem de acordo com aquilo proposto na sinopse oficial. Há um clima de incerteza bastante incômoda porque os protagonistas estão lidando com alienígenas metamorfos. Ou seja, qualquer um de todo o Universo Cinematográfico Marvel pode ser um Skrull “disfarçado”. E, nesse ponto, o primeiro capítulo trabalha bastante essa sensação de paranoia, sendo auxiliada por um protagonista em desconstrução.

Na última década, acompanhamos Nick Fury (Samuel L. Jackson) ser retratado como o maior espião do mundo. Sempre três passos à frente dos adversários, ele parecia imortal e inabalável, já que voltou da morte algumas vezes, se reergueu, teve suas crenças destruídas e se tornou o homem por trás da formação dos Vingadores. Esse arquétipo do espião ‘muy macho’, instaurado até mesmo para passar uma sensação de respeito a ele ante os funcionários e heróis, dá lugar a uma versão mais interessante de Nick, que agora está física e psicologicamente abalado, vivendo um trauma pós-Blip, quando foi apagado por Thanos (Josh Brolin) e trazido de volta pelo Hulk (Mark Ruffalo).

A desconstrução de um personagem, quando bem feita, é muitíssimo bem-vinda. E se isso será feito, só saberemos com o desenrolar dos próximos capítulos. Fato é que trazer essa faceta de vulnerabilidade para Fury justamente em seu maior desafio promete ser bem interessante. E ainda mais agora, com esse final de episódio caótico e surpreendente. Mas antes de falar do choque final, há outra interação que merece destaque.

A dupla Fury e Talos (Ben Mendelsohn) é sensacional. Mendelsohn é um ator espetacular, que ficou famoso nos últimos anos por interpretar vilões com maestria e um porte em cena digno dos grandes nomes da atuação. Neste primeiro capítulo, ele foge de seu habitual padrão maligno e encarna um Skrull relutante em se unir à invasão, que desenvolveu uma amizade de décadas com Fury, como visto lá em Capitã Marvel (2019). O ponto aqui é que ele se vê no maior impasse que um ser digno pode vivenciar. Ele tem que escolher entre seu povo e o lar que o acolheu. Porém, com tantos anos nessa luta de viver sob um disfarce, é nítido que ele está exausto. Não só do trabalho, mas também pela promessa feita por Fury, que havia se comprometido a ajudar a encontrar um mundo para que os Skrulls exilados pudessem viver. Foram três décadas e nenhuma solução foi dado. Ao mesmo tempo, eles se tornaram confidentes da Terra, melhores amigos. Como se trai um melhor amigo? Pior: como se trai um melhor amigo, condenando ele e toda sua espécie a morte certa?

No entanto, mesmo com todas essas dúvidas, ele se mantém íntegro a seus ideais pela lealdade, amizade e gratidão a Fury. Só que há uma cena bastante emblemática que sugere que essa relação pode azedar em breve. Durante o enfrentamento aos Skrulls invasores, Talos pede ao amigo que não interfira, mesmo que ele esteja apanhando. Em sua luta, ele enxerga no adversário um irmão que batalha a mesma luta que ele, mas com uma ótica, uma opinião diferente da dele. Ele entende a situação e tenta convencê-lo a enxergar essa guerra por uma visão diferente. Claro que não dá certo e ele acaba levando uma surra, interrompida por Fury, que atira contra o Skrull.

A reação de Talos é emblemática. Ele fica desapontado pelo desrespeito de Fury em não cumprir o combinado, mas ainda mais assustado por ver como os humanos não entendem os alienígenas como seres vivos inteligentes, apenas como invasores. Não dá para tirar o mérito da humanidade, óbvio, mas como um indivíduo dividido entre os dois mundo, é nítido o conflito interno de Talos.

E o final, que já trouxe o primeiro embate de maior peso na série, termina da forma mais cruel possível. A cena de Fury atirando contra Maria Hill (Cobie Smulders), que supostamente morre, é surpreendente e construída de forma exemplar. O momento em que a câmera acompanha o corpo sangrando no chão e não se revela um Skrull, mas a própria Maria Hill, é de uma tristeza muito grande. Imagina você morrer pelas mãos daquele a quem você dedicou amizade e lealdade? E mesmo se tratando de um ‘Nick Skrull’, é um momento daqueles que indicam que a Marvel provavelmente conduzirá essa produção como uma série mesmo, não um “filme de seis horas dividido em capítulos”.

Por fim, há uma “barriga” ali no meio do episódio, principalmente focado no núcleo dos vilões, que se arrastou um pouco mais do que o necessário, dando uma quebra no ritmo paranoico proposto inicialmente. Nada que atrapalhe muito o desenvolvimento, mas que pode se tornar um problema se for repetido nos próximos cinco capítulos. E não daria para encerrar esse texto sem falar dos polêmicos créditos iniciais, que foram inteiramente gerados por inteligência artificial. Confesso não ter bagagem e estudo suficiente para opinar sobre esse uso da tecnologia em vez de artistas criativos. Ainda assim, analisando exclusivamente a questão estética e criativa, esses são os créditos de abertura mais feios das séries do MCU até aqui. E se fosse para usar uma inteligência artificial, seria mais legal se guardassem esse artifício para uma produção que abordasse o retorno de Ultron, que provavelmente voltará a esse universo cinematográfico nos próximos anos.

Como disse antes, não parece muito seguro afirmar que essa série será “mais um acerto Marvel”, porque o histórico das séries é bastante irregular, mas esse piloto traz promessas de um seriado mais sóbrio e trabalhado na paranoia, algo ainda não explorado dentro do MCU. Resta torcer e assistir para ver se teremos um sucesso ou mais uma série de potencial que poderia ser bem melhor do que foi.

Os novos episódios de Invasão Secreta estreiam toda quarta no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A proposta é bem de acordo com aquilo proposto na sinopse oficial. Há um clima de incerteza bastante incômoda porque os protagonistas estão lidando com alienígenas metamorfos. Ou seja, qualquer um de todo o Universo Cinematográfico Marvel pode ser um Skrull “disfarçado”. E, nesse ponto, o primeiro capítulo trabalha bastante essa sensação de paranoia, sendo auxiliada por um protagonista em desconstrução.

Na última década, acompanhamos Nick Fury (Samuel L. Jackson) ser retratado como o maior espião do mundo. Sempre três passos à frente dos adversários, ele parecia imortal e inabalável, já que voltou da morte algumas vezes, se reergueu, teve suas crenças destruídas e se tornou o homem por trás da formação dos Vingadores. Esse arquétipo do espião ‘muy macho’, instaurado até mesmo para passar uma sensação de respeito a ele ante os funcionários e heróis, dá lugar a uma versão mais interessante de Nick, que agora está física e psicologicamente abalado, vivendo um trauma pós-Blip, quando foi apagado por Thanos (Josh Brolin) e trazido de volta pelo Hulk (Mark Ruffalo).

A desconstrução de um personagem, quando bem feita, é muitíssimo bem-vinda. E se isso será feito, só saberemos com o desenrolar dos próximos capítulos. Fato é que trazer essa faceta de vulnerabilidade para Fury justamente em seu maior desafio promete ser bem interessante. E ainda mais agora, com esse final de episódio caótico e surpreendente. Mas antes de falar do choque final, há outra interação que merece destaque.

A dupla Fury e Talos (Ben Mendelsohn) é sensacional. Mendelsohn é um ator espetacular, que ficou famoso nos últimos anos por interpretar vilões com maestria e um porte em cena digno dos grandes nomes da atuação. Neste primeiro capítulo, ele foge de seu habitual padrão maligno e encarna um Skrull relutante em se unir à invasão, que desenvolveu uma amizade de décadas com Fury, como visto lá em Capitã Marvel (2019). O ponto aqui é que ele se vê no maior impasse que um ser digno pode vivenciar. Ele tem que escolher entre seu povo e o lar que o acolheu. Porém, com tantos anos nessa luta de viver sob um disfarce, é nítido que ele está exausto. Não só do trabalho, mas também pela promessa feita por Fury, que havia se comprometido a ajudar a encontrar um mundo para que os Skrulls exilados pudessem viver. Foram três décadas e nenhuma solução foi dado. Ao mesmo tempo, eles se tornaram confidentes da Terra, melhores amigos. Como se trai um melhor amigo? Pior: como se trai um melhor amigo, condenando ele e toda sua espécie a morte certa?

No entanto, mesmo com todas essas dúvidas, ele se mantém íntegro a seus ideais pela lealdade, amizade e gratidão a Fury. Só que há uma cena bastante emblemática que sugere que essa relação pode azedar em breve. Durante o enfrentamento aos Skrulls invasores, Talos pede ao amigo que não interfira, mesmo que ele esteja apanhando. Em sua luta, ele enxerga no adversário um irmão que batalha a mesma luta que ele, mas com uma ótica, uma opinião diferente da dele. Ele entende a situação e tenta convencê-lo a enxergar essa guerra por uma visão diferente. Claro que não dá certo e ele acaba levando uma surra, interrompida por Fury, que atira contra o Skrull.

A reação de Talos é emblemática. Ele fica desapontado pelo desrespeito de Fury em não cumprir o combinado, mas ainda mais assustado por ver como os humanos não entendem os alienígenas como seres vivos inteligentes, apenas como invasores. Não dá para tirar o mérito da humanidade, óbvio, mas como um indivíduo dividido entre os dois mundo, é nítido o conflito interno de Talos.

E o final, que já trouxe o primeiro embate de maior peso na série, termina da forma mais cruel possível. A cena de Fury atirando contra Maria Hill (Cobie Smulders), que supostamente morre, é surpreendente e construída de forma exemplar. O momento em que a câmera acompanha o corpo sangrando no chão e não se revela um Skrull, mas a própria Maria Hill, é de uma tristeza muito grande. Imagina você morrer pelas mãos daquele a quem você dedicou amizade e lealdade? E mesmo se tratando de um ‘Nick Skrull’, é um momento daqueles que indicam que a Marvel provavelmente conduzirá essa produção como uma série mesmo, não um “filme de seis horas dividido em capítulos”.

Por fim, há uma “barriga” ali no meio do episódio, principalmente focado no núcleo dos vilões, que se arrastou um pouco mais do que o necessário, dando uma quebra no ritmo paranoico proposto inicialmente. Nada que atrapalhe muito o desenvolvimento, mas que pode se tornar um problema se for repetido nos próximos cinco capítulos. E não daria para encerrar esse texto sem falar dos polêmicos créditos iniciais, que foram inteiramente gerados por inteligência artificial. Confesso não ter bagagem e estudo suficiente para opinar sobre esse uso da tecnologia em vez de artistas criativos. Ainda assim, analisando exclusivamente a questão estética e criativa, esses são os créditos de abertura mais feios das séries do MCU até aqui. E se fosse para usar uma inteligência artificial, seria mais legal se guardassem esse artifício para uma produção que abordasse o retorno de Ultron, que provavelmente voltará a esse universo cinematográfico nos próximos anos.

Como disse antes, não parece muito seguro afirmar que essa série será “mais um acerto Marvel”, porque o histórico das séries é bastante irregular, mas esse piloto traz promessas de um seriado mais sóbrio e trabalhado na paranoia, algo ainda não explorado dentro do MCU. Resta torcer e assistir para ver se teremos um sucesso ou mais uma série de potencial que poderia ser bem melhor do que foi.

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