Quando você, espectador, acha que já viu de tudo, vem Hollywood e traz alguma coisa nova. Bom, não que seja exatamente nova, no real sentido da palavra, mas uma ideia que repagina conceitos já trabalhados só que sob uma perspectiva diferente. Nesse movimento, vem a observação do entorno com uma pitadinha de non-sense e, assim, surge a comédia ‘Jackpot: Loteria Mortal’, um projeto bem doido que acaba de chegar nesse final de semana aos assinantes da Prime Video.
Katie Kim (Awkwafina) é uma atriz que busca oportunidades e, por isso, após o falecimento de sua mãe, ela se muda para Hollywood, certa de que conseguirá alguma coisa com os $600 dólares que tem no bolso. Porém, logo de cara seus planos começam a desmoronar quando o quarto que alugara na casa de Shadi (Ayden Mayeri) se mostra um completo fiasco. Para piorar, na sua primeira audição Katie acaba ativando um bilhete de loteria que, para seu azar, acaba sendo vencedor. Repentina proprietária de uma fortuna de 3,6 bilhões de dólares, Katie descobre na marra as regras do jogo: para ficar com o dinheiro, precisa sobreviver pelas próximas seis horas seguintes, quando literalmente toda e qualquer pessoa da cidade irá tentar matá-la para ficar com o prêmio. Felizmente, ela poderá contar com a ajuda de Noel (John Cena), um segurança que parece ser a única pessoa disposta a ajudá-la.
O roteiro de Rob Yescombe (que também escreveu ‘Zona de Combate’) é aquele tipo de projeto que você olha e pensa “não, ninguém vai aprovar isso”. Mas aprovaram. E o resultando é uma maravilhosa comédia que não faz o menor sentido, e nem pretende fazê-lo. Sob o manto do riso, o roteiro sabiamente faz uma crítica sobre o atual cenário de Los Angeles (onde centenas de pessoas estão morando em situação de rua ou locais insalubres, sem dinheiro, emprego e com fome) em paralelo com a tal busca pelo “sonho americano” – que, no caso de Hollywood, significa mudar-se para a cidade para se tornar ator famoso. Quando ambos os cenários entram no mesmo enquadramento, a vida real se torna menos glamurosa, porém, através da ficção e do riso, a mensagem se torna mais palatável.
A direção de Paul Feig (As Bem Armadas) surpreende nas escolhas realizadas. Por exemplo, boa parte das cenas são filmadas com dezenas de figurantes (com e sem fala). Quem é do cinema sabe o quanto isso encarece uma produção, porém, o diretor aproveita esse gancho para empregar a galera em Hollywood, e tem de todos os tipos mesmo, levando a cabo o quesito diversidade no set. E não só a figuração ganhou trabalho: em ‘Jackpot: Loteria Mortal’ podemos observar uma vasta gama de dublês de ação de todos os tipos, lutando, sendo atropelados, esfaqueados, pulando de prédios, enfim, toda a classe que trabalha para embelezar um filme lá no background foi contemplada, e isso é ótimo.
A química humorística entre Awkwafina e John Cena ajudam a provocar o riso no hilário ‘Jackpot: Loteria Mortal’, sendo Awkwafina uma gênia da atuação que faz parecer todas as falas naturais e todas as situações absurdas. Aliás, todo o elenco está ótimo, e conta ainda com a participação de Machine Gun Kelly como ele mesmo e Simu Liu em cenas engraçadíssimas com Awkwafina.
‘Jackpot: Loteria Mortal’ é completamente engraçado desde o início, mantendo o nível da risada lá em cima o tempo todo. Ótima pedida para assistir a qualquer momento do dia ou da noite.