quinta-feira, março 28, 2024

Crítica | Jessabelle – O Passado Nunca Morre

Jessabelle tem a mesma sensação de uma refeição não tão gostosa; Aquele tipo de comida mais ou menos que você engole pra não ficar com fome. Enche o seu estômago, claro, mas não te deixa 100% satisfeito depois de comê-la. Trata-se de um filme que cumpre sua função de um terror médio, quem procura emoção não sairá completamente desapontado da sala. É recheado de crenças, sustos baratos, tensão e até frase de efeito no final (que original!), pode-se dizer que é enquadrado na categoria do passatempo meia boca, que embora arranque suspiros, é recheado dos velhos clichés de personagem e das mesmas abordagens de sempre.

A situação de Jessie (Sarah Snook) é, de fato, assustadora. Ela tem que ficar em uma casa “mal assombrada” após ter sofrido um acidente que a deixou com as pernas imobilizadas. Acaba descobrindo algumas fitas que contém mensagens que a mãe havia deixado antes de morrer. A grande premissa do filme é baseada na ligação da mãe com o sobrenatural, de início representado pelo tarô e depois pelo Vudu. E isso é bastante incomôdo, não só pela demonização de uma religião já tão estigmatizada, mas pelo tratamento a essa questão “sobrenatural”. Aqui entram os velhos símbolos; a mobília velha, a fita VHS, a casa tradicional do sul, o caixão, as caveiras… E vamos combinar, já deu.

Jessabelle

A protagonista parece estar em uma espécie de limbo, estacionada em uma fase da sua vida que precisa ultrapassar. Logo de início, Jessie perde o namorado/marido em um acidente de carro, que soa absolutamente aleatório, e é obrigada a encarar esta perda. O enfrentamento deste problema, que envolve as fitas VHS, parece inevitável, mesmo quando é quase certo que Jessie conseguirá escapar da casa. O desenvolvimento desse tema não consegue ser conciliado com o terror, sendo substituído por este, além de ser sabotado pela minúscula apresentação dos personagens e pela incapacidade de Sarah Snook de imprimir tristeza ou abatimento em sua performance. Logo no momento seguinte a morte do companheiro, em um evento extremamente traumático, a atriz reage sem um traço de abatimento na expressão facial, como se nada houvesse acontecido.

A parte terror é o que sustenta, a já pouco sólida, estrutura do filme. O clima criado é, embora extremamente repetitivo e pouco criativo, pesado e aterrorizante, sugerindo um passado sombrio e um tom fantasmagórico. As cenas são conduzidas de forma inteligente, fazendo mais com que sintamos medo e tensão pela expectativa do que irá acontecer do que com sustos abruptos. O cineasta é habilidoso em utilizar os espaços em que a cena ocorre, para aumentar o terror. Em um momento a “entidade” aparece dentro da banheira em que Jessie toma banho. O silêncio é total, a cena é segurada ao máximo para que se tenha mais tensão e, além disso, nunca conseguimos ver a entidade por completo, apenas seu braço ou cabelo, com enquadramentos bastante fechados.

Tentando adicionar profundidade da maneira mais fácil possível, que é, inserindo diálogos reflexivos sem nunca apresentar uma reflexão, de fato, o filme acaba sendo um terror legalzinho, que tem uma única função. Caso não tenha nada de melhor para fazer, por que não?

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