sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Jessica Jones – terceira e última temporada frustra mais do que surpreende

Em 2015, o canal de streaming Netflix estreava a segunda parceria entre a Marvel e a empresa. Jessica Jones trouxe Krysten Ritter encarnando a protagonista e em um papel bem diferente dos quais já tinha feito. Apresentou ao público a australiana Rachael Taylor, nossa Trish Walker, e deu holofotes novamente ao ex-Power Ranger, Eka Darville, que vive o Malcolm Ducasse. Além disso, uma participação super especial de Carrie-Anne Moss como Jeri Hogarth. E manteve a tradição, durante essas três partes, de ter somente mulheres dirigindo seus episódios

A série leva o nome de Melissa Rosenberg (Dexter) como criadora e é baseado nos quadrinhos desenvolvidos por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos. Aqui o espectador acompanha a trajetória da detetive particular beberrona que adquiriu seus poderes após perder a família em um trágico acidente de carro. Ao longo das duas primeiras temporadas, o telespectador viu Jessica encarar um controlador de mentes chamado Kilgrave (David Tennant) e o retorno de sua mãe biológica – com poderes e sem controle – Alisa Jones (Janet McTeer).

A terceira e última etapa tem início alguns meses após os acontecimentos finais do ano passado. O trio que esteve junto desde o começo está separado – Jessica, Trish e Malcolm – e seguindo rumos diferentes. A protagonista agora tem uma secretária chamada Gillian (Aneesh Sheth) cujos momentos em que aparece solta excelentes frases em tom sarcástico. A personagem de Ritter está lidando com os conflitos sobre ser considerada uma heroína.

Enquanto isso, Trish está aprimorando os recém adquiridos poderes. Inclusive, o episódio focado na mesma, onde o espectador descobre o que aconteceu com ela durante esses meses, é dirigido por Krysten Ritter. Do outro lado, uma nova faceta de Malcolm começa a ser revelada devido a necessidade de trabalhar para Hogarth e fazer coisas que antes condenava. E a advogada dos “diabos” segue pavimentando seu caminho de destruição mesmo doente.

 

É natural que depois de duas temporadas com construção excelente e desenvolvimento de personagens alinhado ao contexto da necessidade de amadurecimento, fosse esperado que a terceira trouxesse ainda mais esses aspectos tão essenciais dentro de Jessica Jones, ainda mais se for considerar que é a última. Entretanto, o roteiro parece ter desandado ao tentar forçar uma barra que não havia necessidade. Com uma tentativa de finalmente elevar a protagonista ao ponto de herói, a produção destrói a relação primordial da trama: a fraternidade entre Jessica e Trish.

É perceptível que Jessica está mais Jessica do que nunca. Finalmente abraçando aquilo que é, aceitando aquilo que é, aceitando o destino que Trish sempre pediu que ela vivesse. É como se ao assumir a culpa pela morte da mãe para que Trish saísse livre e combater os seus demônios internos, ela tivesse dado início a esta aceitação. Contudo, a escolha por trazer a personagem de Taylor com poderes felinos – eis que deveria nascer a Hellcat, inclusive tem uma cena referência ao uniforme da mesma nos quadrinhos –, porém dando as costas para princípios que ela (Trish) sempre fez questão de afirmar é descaracterizar a mesma em um nível extremo. Parece que os roteiristas pegaram tudo que afirmaram durante dois anos de série e jogaram pela janela. É frustrante acompanhar o arco de Patsy.

Não deixe de assistir:

O caminho e rendição de Malcolm é de longe o melhor arco da temporada, apesar de estar longe de ser perfeito. Já Hogarth só faz com que o público crie mais desprezo ainda por ela e comemore seu final. Erik Gelden (Benjamin Walker), um novo super, é apresentado na história e consegue fazer uma boa dupla com Jessica. Além disso, seu carisma conquista quem assiste logo de cara. O Detetive Costa (John Ventimiglia) também se mostra mais ativo e é possível conhecer um pouco mais, bem rapidinho, sobre sua vida pessoal.

O antagonista deste ano, Gregory Sallinger (Jeremy Bobb), é bem construído e consegue causar asco no espectador. O ranço vive só de olhar para as feições dele. Apesar de sua força bruta ser bem abaixo quando se trata de um embate físico com Jones, o seu destaque está na inteligência e na sua mente calculista. É necessário pensar como ele para conseguir combater seus planos tão minuciosamente elaborados.

Em quesitos técnicos a produção mantém a qualidade das duas primeiras etapas, traz uma excelente direção de Ritter e permanece dando ênfase em ângulos peculiares e agradáveis aos olhos de quem assiste. A trilha sonora segue o padrão da trama e a arte, como sempre, desenvolve um trabalho espetacular.

A terceira e final temporada de Jessica Jones, infelizmente, frustra mais do que surpreende o público apaixonado pela série. É uma pena que tenha terminado assim.

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