domingo , 24 novembro , 2024

Crítica | Jockey: Molly Parker e Clifton Collins Jr. em poderoso e premiado drama

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2021

O vigor e a riqueza natural de uma fotografia estratégica e quase bucólica se torna um poderoso contraste diante de um homem que – com o seu corpo já fragilizado – encara sua carreira como jockey beirando o fim. Clifton Collins Jr., conhecido muito bem pelos fãs de Westworld, vive em Jockey um atleta com um passado esportivo grandioso, mas um futuro incerto e frágil. Como alguém que renegou seus relacionamentos, ele é um homem solitário, com poucos vínculos, morando em um trailer de aspecto abandonado e que nada se parece com um lar.



A still from Jockey by Clint Bently, an official selection of the U.S. Dramatic Competition at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Adolpho Veloso.
All photos are copyrighted and may be used by press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Clint Bentley faz de Jockey uma bela homenagem à história do seu próprio pai no esporte. Entregando uma narrativa ficcional, inspirada em um universo muito particular e familiar para si mesmo, ele inaugura sua jornada como cineasta de maneira grandiosa e autoral, como alguém que já mostra uma identidade toda sua em conduzir um roteiro e a direção. E aqui, Collins Jr. entrega sua melhor performance, com uma caracterização emocional surpreendente. Dono de uma dureza em seu olhar, que esconde a mais profunda delicadeza e vulnerabilidade, ele se entrega aos braços da audiência e nos conquista a cada cena.

Do seu sotaque mais arrastado à sua linguagem corporal, que emana dores e hematomas profundos que podem lhe custar a vida, Clifton Collins Jr. brilha em cena como esse solitário e enigmático jockey – papel que já lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Sundance 2021. E à medida em que Jackson caminha para o inevitável fim de sua carreira, ele conhecerá um jovem atleta que pode se tornar o laço familiar que ele tanto insistiu em não ter, mas que sempre precisou. E o astro é ainda acompanhado por Molly Parker (House of Cards; Perdidos no Espaço), que acrescenta uma sinergia em sua dinâmica em tela com Collins Jr. Juntos, eles são a força motriz desse drama regado por personagens complexos.

Mas Jockey carrega em si um fator surpresa realmente inesperado. Com Moisés Arias no papel de um jovem jockey, o longa ganha uma profunda e arrebatadora carga dramática. O famoso “molecote” de Hannah Montana rouba as cenas em seus principais momentos e cativa nossos olhos logo em seu primeiro instante em tela. Contracenando lado a lado com Collins Jr., ele transita por suas falas com precisão, maturidade e um olhar que entrega um sentimento de abandono e a necessidade de uma figura paterna. E essa combinação entre ambos os atores faz com que esse drama atinja a audiência de maneira pessoal e simbólica, conforme promove reflexões identificáveis, ainda que estejamos dentro de um universo tão singular e recluso.

Clifton Collins Jr. appears in Jockey by Clint Bently, an official selection of the U.S. Dramatic Competition at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Adolpho Veloso.
All photos are copyrighted and may be used by press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Impecável em sua qualidade técnica, o longa desafia a audiência a se entregar nas performances de seus personagens e é capaz de nos levar pelas mais dolorosas e tenras oscilações emocionais de cada um. Com uma direção de fotografia que opera como um personagem adicional – de tão entremeada à trama -, o drama sabe usar esse artifício como uma forma absolutamente visual e sinestésica de se comunicar. A cinematografia se incorpora à caracterização dos atores de maneira rara, ajudando a pautar as cenas.

Tudo isso se compõe de forma única em tela, gerando um filme cercado por subtramas que se vinculam de maneira precisa ao seu principal núcleo narrativo. Conectando suas pequenas histórias com perfeição, Jockey é um filme intimista, nos leva para os átrios de um esporte singular e guarda em si um universo rico de histórias poderosas que facilmente se desdobrariam. Delicado e alegórico em sua integralidade, o drama é uma linda homenagem feita a um pai e que vai se perpetuar com facilidade na indústria cinematográfica.

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Clint Bentley faz de Jockey uma bela homenagem à história do seu próprio pai no esporte. Entregando uma narrativa ficcional, inspirada em um universo muito particular e familiar para si mesmo, ele inaugura sua jornada como cineasta de maneira grandiosa e autoral, como alguém que já mostra uma identidade toda sua em conduzir um roteiro e a direção. E aqui, Collins Jr. entrega sua melhor performance, com uma caracterização emocional surpreendente. Dono de uma dureza em seu olhar, que esconde a mais profunda delicadeza e vulnerabilidade, ele se entrega aos braços da audiência e nos conquista a cada cena.

Do seu sotaque mais arrastado à sua linguagem corporal, que emana dores e hematomas profundos que podem lhe custar a vida, Clifton Collins Jr. brilha em cena como esse solitário e enigmático jockey – papel que já lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Sundance 2021. E à medida em que Jackson caminha para o inevitável fim de sua carreira, ele conhecerá um jovem atleta que pode se tornar o laço familiar que ele tanto insistiu em não ter, mas que sempre precisou. E o astro é ainda acompanhado por Molly Parker (House of Cards; Perdidos no Espaço), que acrescenta uma sinergia em sua dinâmica em tela com Collins Jr. Juntos, eles são a força motriz desse drama regado por personagens complexos.

Mas Jockey carrega em si um fator surpresa realmente inesperado. Com Moisés Arias no papel de um jovem jockey, o longa ganha uma profunda e arrebatadora carga dramática. O famoso “molecote” de Hannah Montana rouba as cenas em seus principais momentos e cativa nossos olhos logo em seu primeiro instante em tela. Contracenando lado a lado com Collins Jr., ele transita por suas falas com precisão, maturidade e um olhar que entrega um sentimento de abandono e a necessidade de uma figura paterna. E essa combinação entre ambos os atores faz com que esse drama atinja a audiência de maneira pessoal e simbólica, conforme promove reflexões identificáveis, ainda que estejamos dentro de um universo tão singular e recluso.

Clifton Collins Jr. appears in Jockey by Clint Bently, an official selection of the U.S. Dramatic Competition at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Adolpho Veloso.
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Impecável em sua qualidade técnica, o longa desafia a audiência a se entregar nas performances de seus personagens e é capaz de nos levar pelas mais dolorosas e tenras oscilações emocionais de cada um. Com uma direção de fotografia que opera como um personagem adicional – de tão entremeada à trama -, o drama sabe usar esse artifício como uma forma absolutamente visual e sinestésica de se comunicar. A cinematografia se incorpora à caracterização dos atores de maneira rara, ajudando a pautar as cenas.

Tudo isso se compõe de forma única em tela, gerando um filme cercado por subtramas que se vinculam de maneira precisa ao seu principal núcleo narrativo. Conectando suas pequenas histórias com perfeição, Jockey é um filme intimista, nos leva para os átrios de um esporte singular e guarda em si um universo rico de histórias poderosas que facilmente se desdobrariam. Delicado e alegórico em sua integralidade, o drama é uma linda homenagem feita a um pai e que vai se perpetuar com facilidade na indústria cinematográfica.

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