terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | John and the Hole: Michael C. Hall e Taissa Farmiga em ambicioso mas fraco terror

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2021

Um belo e tranquilo cenário bucólico se transforma em um inquietante contraste, diante da silenciosa psicopatia de um aparente adolescente comum, que faz dos seus pais e irmã reféns de si mesmos – em um esquecido bunker encontrado na floresta que rodeia sua residência. John and the Hole se apresenta como esse ambicioso terror psicológico e emocional, que tenta levar a audiência para uma espécie de análise de personagem, à medida em que a instiga a tentar decifrar o doentio e sádico comportamento de um adolescente mimado. Mas sua ousadia inicial acaba se perdendo, em um roteiro que promete muito mais do que realmente consegue entregar.

Pascual Sisto tem boas intenções com o seu terror e tenta mirar para algo com uma abordagem semelhante a de Precisamos Falar Sobre o Kevin, só que com uma estética um pouco mais conceitual e autoral. Intrigando a audiência logo em seus primeiros minutos, o longa caminha bem, cresce vertiginosamente diante dos olhos da audiência e levanta uma sucessão de questionamentos que seguem de forma latente até o último segundo. Tentando mostrar as rachaduras de uma suposta família perfeita – em meio à fragilidade da adolescência contemporânea, John and The Hole até parece ser ousado, tentando trazer um frescor novo para o gênero.

Mas à medida em que seu segundo ato se encerra, dando início aos estágios finais da trama, nossa crença no potencial narrativo do roteiro de Nicolás Giacobone começa ficar à deriva, ao ponto de perecer diante de um final raso, ralo e que – nem de perto – corresponde à audácia e soberba de seu personagem homônimo. Mesmo trazendo um elenco de peso, encabeçado por Michael C. Hall (Dexter) e Taissa Farmiga (American Horror Story), a produção nos deixa na exata posição dos demais membros da família de John: Sem entender absolutamente nada das motivações do psicopata.

E não que haja a essencial necessidade de justificar os atos de seu sádico protagonista. A grande problemática de John and The Hole é exatamente a falta de noção em seu roteiro, que originalmente parece querer esmiuçar psicologicamente um família de classe alta, mas esquece de seu alicerce inicial, deixando a trama correr solta no mesmo ritmo de insanidade do personagem vivido pelo jovem Charlie Shotwell. E ainda que o thriller/terror tente esmiuçar a angústia que por vezes rege a adolescência, a produção falha em nunca se aprofundar demais nessa questão – que é sim essencial para o desfecho do filme -, mais uma vez nos deixando à deriva, à espera de algo que deveria, mas não veio.

Preguiçoso em seu desfecho, mas tecnicamente muito bem dirigido, o primeiro longa da carreira de Pascual Sisto poderia ter ido mais além, se perde em si mesmo em seus instantes finais e se encerra como uma oportunidade perdida, tanto para o cineasta, bem como para o público. Incapaz de honrar sua própria ambição, John and The Hole tinha tudo para ser o grande filme de terror psicológico do ano, mas infelizmente corre o sério risco de ser esquecido pelo tempo.

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Pascual Sisto tem boas intenções com o seu terror e tenta mirar para algo com uma abordagem semelhante a de Precisamos Falar Sobre o Kevin, só que com uma estética um pouco mais conceitual e autoral. Intrigando a audiência logo em seus primeiros minutos, o longa caminha bem, cresce vertiginosamente diante dos olhos da audiência e levanta uma sucessão de questionamentos que seguem de forma latente até o último segundo. Tentando mostrar as rachaduras de uma suposta família perfeita – em meio à fragilidade da adolescência contemporânea, John and The Hole até parece ser ousado, tentando trazer um frescor novo para o gênero.

Mas à medida em que seu segundo ato se encerra, dando início aos estágios finais da trama, nossa crença no potencial narrativo do roteiro de Nicolás Giacobone começa ficar à deriva, ao ponto de perecer diante de um final raso, ralo e que – nem de perto – corresponde à audácia e soberba de seu personagem homônimo. Mesmo trazendo um elenco de peso, encabeçado por Michael C. Hall (Dexter) e Taissa Farmiga (American Horror Story), a produção nos deixa na exata posição dos demais membros da família de John: Sem entender absolutamente nada das motivações do psicopata.

E não que haja a essencial necessidade de justificar os atos de seu sádico protagonista. A grande problemática de John and The Hole é exatamente a falta de noção em seu roteiro, que originalmente parece querer esmiuçar psicologicamente um família de classe alta, mas esquece de seu alicerce inicial, deixando a trama correr solta no mesmo ritmo de insanidade do personagem vivido pelo jovem Charlie Shotwell. E ainda que o thriller/terror tente esmiuçar a angústia que por vezes rege a adolescência, a produção falha em nunca se aprofundar demais nessa questão – que é sim essencial para o desfecho do filme -, mais uma vez nos deixando à deriva, à espera de algo que deveria, mas não veio.

Preguiçoso em seu desfecho, mas tecnicamente muito bem dirigido, o primeiro longa da carreira de Pascual Sisto poderia ter ido mais além, se perde em si mesmo em seus instantes finais e se encerra como uma oportunidade perdida, tanto para o cineasta, bem como para o público. Incapaz de honrar sua própria ambição, John and The Hole tinha tudo para ser o grande filme de terror psicológico do ano, mas infelizmente corre o sério risco de ser esquecido pelo tempo.

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