segunda-feira , 4 novembro , 2024

Crítica | John Wick: Um Novo Dia para Matar

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John Wick: Um Novo Dia para Matar é um filme de ação elegante, glamouroso e muito sofisticado. Para termos uma ideia, o matador de aluguel vivido por Keanu Reeves anda em círculos tão refinados que daria certa inveja ao espião badalado James Bond. Assim como no primeiro De Volta ao Jogo (2014) – os títulos no Brasil deverão causar certa confusão ao espectador desavisado, mas trata-se de uma sequência do filme citado – tudo é esteticamente belíssimo, se tornando um filme de encher os olhos e elevando o conceito de veículos de ação a outro patamar.

Mal comparando, os filmes poderiam ter sido dirigidos por Nicolas Winding Refn, caso o dinamarquês estiloso resolvesse deixar o conceitual cinema de arte de lado brevemente e aderisse ao cinemão pipoca. A forma é impecável neste nível. Existem inúmeras referências aqui, e as brincadeiras no roteiro chegam lado a lado com a beleza visual. A cena de abertura é uma prova disso, quando com poucos segundos, um prédio serve de tela para a projeção de um filme antigo estrelado por Buster Keaton, ator clássico da era de ouro, conhecido por suas performances físicas. Logo em seguida, uma moto rasga o asfalto, tombada, sem piloto. O filme nos mostra que já pegamos o bonde andando, e uma cena de ação se desenrola tão rapidamente, que sequer nos espera chegar para acompanhá-la. Esse é o nível de adrenalina que estará presente durante toda a exibição.

Novamente escrita por Derek Kolstad e dirigida por Chad Stahelski (sem a ajuda do parceiro David Leitch, confirmado na sequência de Deadpool), a trama continua imediatamente de onde o primeiro longa parou, e traz John Wick, o melhor matador profissional de que se tem notícia, indo atrás de seu carro. Uma vez recuperado o veículo, após a melhor sequência de ação de toda a obra, Wick está pronto para ser deixado em paz. A dor da perda da esposa ainda paira, mas a companhia canina foi substituída e lhe dá apoio. No entanto, se terminasse assim não teríamos um novo filme. Desta forma, Wick recebe a visita de Santino D´Antonio (Riccardo Scamarcio), um poderoso chefão, a quem deve lealdade (velada a sangue) – segundo a regra dos assassinos. O sujeito vai até Wick cobrar o favor: que mate sua irmã em Roma para que assuma os negócios da família. E como promessa é dívida, Wick precisa Voltar ao Jogo mais uma vez, com o perdão do trocadilho.

Pode-se dizer que Um Novo Dia para Matar é maior em tudo em relação ao filme original, e talvez justamente aí esteja o problema. Embora seja bem sucedido na maioria dos quesitos, o longa parece tentar demais, caminhando na tênue linha da diversão e do teor over. De Volta ao Jogo encontrou valor de entretenimento onde outros filmes de mesmo tema, como O Protetor (com Denzel Washington), se levaram a sério. Era uma mistura de videogame com quadrinhos, embora não tenha sido baseado em nenhuma das duas fontes. Se tornou um sucesso surpresa, então era natural que uma sequência ocorresse. Mas como continuar sem se tornar repetitivo e mostrar novidades em relação ao que já havia sido tentado? A resposta é: injetando mais arte e certa criatividade na mistura.

A cena que abre o filme é cinema de ação com qualidade estampada. Planos sequência, cenas sem corte, pouco uso de efeitos de computador, e a maioria das performances feitas na marra, como nos bons tempos. É lindo de se ver. Temos também uma viagem para Roma sobrando no orçamento mais folgado, o que deixa John Wick com ares internacionais, entrando realmente na alçada das grandes produções do gênero. A contagem de corpos também é maior, transformando trechos inteiros em reais banhos de sangue. A certa altura, fiquei imaginando um marcador no canto da tela, assim como em Top Gang! 2 – A Missão (1993) – creio que John Wick seria um forte concorrente ao troféu de “filme com mais mortes”. São muito headshots.

Na parte das referências legais e participações especiais bacanas, temos a volta de Ian McShane, como Winston, o “juiz do jogo”, o rapper Common reprisando o papel do assassino rival Cassian, Lance Reddick como o concierge Charon, mais flashbacks da esposa morta Bridget Moynahan, John Leguizamo como um mecânico, a musa blockbuster do momento Ruby Rose (de xXx: Reativado e Resident Evil 6: O Capítulo Final) como uma matadora muda bem bad ass, Laurence ‘Morfeu’ Fishburne – recobrando a parceria com Keanu ‘Neo’ Reeves, em momentos de pura descontração – e um certo astro de faroestes lendário, que não vale mencionar para não estragar a surpresa.

Em contraponto, no lado negativo, apesar de toda a plasticidade extasiante, o conteúdo pode se tornar repetitivo, a menos que você não se incomode de ver corpos sendo descartados por quase 2 horas. Em comparação com o filme original, Um Novo Dia para Matar perde pela falta de originalidade e de certo frescor. No entanto, a vontade é tanta na continuação, que a energia contagia fazendo desta uma das melhores sequências de tempos recentes, tão boa ou melhor que seu antecessor. E se você adorou os dois filmes e mal espera por um retorno do matador, talvez nem precise sentar para esperar, já que a porta é deixada escancarada aqui, e o falatório em torno da terceira parte toma conta da mídia.

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Mal comparando, os filmes poderiam ter sido dirigidos por Nicolas Winding Refn, caso o dinamarquês estiloso resolvesse deixar o conceitual cinema de arte de lado brevemente e aderisse ao cinemão pipoca. A forma é impecável neste nível. Existem inúmeras referências aqui, e as brincadeiras no roteiro chegam lado a lado com a beleza visual. A cena de abertura é uma prova disso, quando com poucos segundos, um prédio serve de tela para a projeção de um filme antigo estrelado por Buster Keaton, ator clássico da era de ouro, conhecido por suas performances físicas. Logo em seguida, uma moto rasga o asfalto, tombada, sem piloto. O filme nos mostra que já pegamos o bonde andando, e uma cena de ação se desenrola tão rapidamente, que sequer nos espera chegar para acompanhá-la. Esse é o nível de adrenalina que estará presente durante toda a exibição.

Novamente escrita por Derek Kolstad e dirigida por Chad Stahelski (sem a ajuda do parceiro David Leitch, confirmado na sequência de Deadpool), a trama continua imediatamente de onde o primeiro longa parou, e traz John Wick, o melhor matador profissional de que se tem notícia, indo atrás de seu carro. Uma vez recuperado o veículo, após a melhor sequência de ação de toda a obra, Wick está pronto para ser deixado em paz. A dor da perda da esposa ainda paira, mas a companhia canina foi substituída e lhe dá apoio. No entanto, se terminasse assim não teríamos um novo filme. Desta forma, Wick recebe a visita de Santino D´Antonio (Riccardo Scamarcio), um poderoso chefão, a quem deve lealdade (velada a sangue) – segundo a regra dos assassinos. O sujeito vai até Wick cobrar o favor: que mate sua irmã em Roma para que assuma os negócios da família. E como promessa é dívida, Wick precisa Voltar ao Jogo mais uma vez, com o perdão do trocadilho.

Pode-se dizer que Um Novo Dia para Matar é maior em tudo em relação ao filme original, e talvez justamente aí esteja o problema. Embora seja bem sucedido na maioria dos quesitos, o longa parece tentar demais, caminhando na tênue linha da diversão e do teor over. De Volta ao Jogo encontrou valor de entretenimento onde outros filmes de mesmo tema, como O Protetor (com Denzel Washington), se levaram a sério. Era uma mistura de videogame com quadrinhos, embora não tenha sido baseado em nenhuma das duas fontes. Se tornou um sucesso surpresa, então era natural que uma sequência ocorresse. Mas como continuar sem se tornar repetitivo e mostrar novidades em relação ao que já havia sido tentado? A resposta é: injetando mais arte e certa criatividade na mistura.

A cena que abre o filme é cinema de ação com qualidade estampada. Planos sequência, cenas sem corte, pouco uso de efeitos de computador, e a maioria das performances feitas na marra, como nos bons tempos. É lindo de se ver. Temos também uma viagem para Roma sobrando no orçamento mais folgado, o que deixa John Wick com ares internacionais, entrando realmente na alçada das grandes produções do gênero. A contagem de corpos também é maior, transformando trechos inteiros em reais banhos de sangue. A certa altura, fiquei imaginando um marcador no canto da tela, assim como em Top Gang! 2 – A Missão (1993) – creio que John Wick seria um forte concorrente ao troféu de “filme com mais mortes”. São muito headshots.

Na parte das referências legais e participações especiais bacanas, temos a volta de Ian McShane, como Winston, o “juiz do jogo”, o rapper Common reprisando o papel do assassino rival Cassian, Lance Reddick como o concierge Charon, mais flashbacks da esposa morta Bridget Moynahan, John Leguizamo como um mecânico, a musa blockbuster do momento Ruby Rose (de xXx: Reativado e Resident Evil 6: O Capítulo Final) como uma matadora muda bem bad ass, Laurence ‘Morfeu’ Fishburne – recobrando a parceria com Keanu ‘Neo’ Reeves, em momentos de pura descontração – e um certo astro de faroestes lendário, que não vale mencionar para não estragar a surpresa.

Em contraponto, no lado negativo, apesar de toda a plasticidade extasiante, o conteúdo pode se tornar repetitivo, a menos que você não se incomode de ver corpos sendo descartados por quase 2 horas. Em comparação com o filme original, Um Novo Dia para Matar perde pela falta de originalidade e de certo frescor. No entanto, a vontade é tanta na continuação, que a energia contagia fazendo desta uma das melhores sequências de tempos recentes, tão boa ou melhor que seu antecessor. E se você adorou os dois filmes e mal espera por um retorno do matador, talvez nem precise sentar para esperar, já que a porta é deixada escancarada aqui, e o falatório em torno da terceira parte toma conta da mídia.

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