sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Johnny English 3.0 – Uma comédia à moda antiga

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O Espião Bissexto

Franquias do cinema costumam lançar seus exemplares com um curto tempo de hiato entre eles – o recomendável sempre foi de 3 em 3 anos para não saturar o público. Nos tempos acelerados de hoje, grandes séries cinematográficas, como Star Wars, os filmes da Marvel e Velozes e Furiosos, às vezes não chegam sequer a intercalar seus capítulos anualmente. Seguindo na extrema contramão desta tendência, a franquia Johnny English pode ser considerada uma série relutante do cinema.

Capitalizando em cima do carisma e humor clássico de Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean, a Universal confeccionava o primeiro Johnny English (2003), sátira aos filmes de espiões, mais comportado e dono de um humor (quase sempre) mais sofisticado e físico, tirado de situações, do que seu concorrente Austin Powers, por exemplo- cujo encerramento da “trilogia” chegava justamente no ano anterior ao lançamento do “rival”. Ao contrário do colega do serviço secreto de sua majestade, vivido por Mike Myers, o personagem de Atkinson só voltaria numa sequência oito anos depois, com O Retorno de Johnny English (2011).



Mais sete anos e temos esta terceira parte, Johnny English 3.0 – que traz o protagonista de volta à sua rotina humorística já muito conhecida. Assim como ocorre nos filmes de James Bond, a cada nova aventura, English troca de vilão de English Girl e também de comandante do barco. Aqui não é diferente, e na direção, substituindo Peter Howitt (Um Álibi Perfeito) e Oliver Parker (O Exército do Papai), temos David Kerr (da cultuada série Inside Nº 9).

Não existe muito que distinga o novo exemplar dos demais, a não ser o fato de que nesta terceira vez, a fórmula parece ter perdido o gás – se é que alguma vez já o teve. O humor de Atkinson combina com o longa, e pode ser dito que o filme é moldado em cima disso. Ou seja, se você já passou dos trinta, é capaz de se divertir com as tiradas “Beanescas” do protagonista. Mas esteja avisado, Johnny English 3.0 é ingênuo e inocente, soando como aquele tipo de produção deslocada de seu tempo, funcionando numa bolha saída direto da década de 1990.

Até mesmo a ameaça, embora tenha respaldo no mundo tecnológico cada vez mais avençado, recai no teor datado – já que esquemas relacionados à computação e informática eram tema de alguns filmes de 007 da década de 1980, por exemplo. A evolução ocorre fora das telas, com o avanço do mundo moderno, mas dentro do roteiro a situação ainda se encontra estagnada. E sobram humor pastelão e gags recicladas.

Johnny English não é nada de novo ou sequer especial. Recria exatamente os mesmos dispositivos utilizados em todo e qualquer filme do gênero, desde o superior durão que não acredita no potencial do herói – papel da veteraníssima premiada Emma Thompson -, até a bela e sedutora femme fatale, que vive para se mostrar uma agente dupla – interpretada por uma verdadeira Bond Girl, Olga Kurylenko (de 007 Quantum of Solace).

Bom, e apesar de ter “batido” tanto no filme até agora, preciso ressurgir em sua defesa. Sim, Johnny English 3.0 é datado, pouco criativo e nada inovador. No entanto, é exatamente o tipo de filme calmo, dono de humor seguro e impulsionado pela comicidade inerente de seu protagonista, cada vez mais raro. Atkinson é um dos grandes do humor e apenas sua presença é suficiente para nos fazer abrir um sorriso. E sim, algumas cenas são dignas de risadas e até gargalhadas. Mesmo que não seja em abundância.

A forma para se avaliar uma comédia é simples: ou é engraçada ou não é. E os convido a resistir à cena na qual o agente testa a imersão da realidade virtual de “verdade”. Uma sequência longa e inspirada, cuja insanidade é histérica.

Johnny English 3.0 é, como diria certo grande crítico do passado, chiclete para o cérebro. A indústria dos chicletes vai muito bem, obrigado.

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Franquias do cinema costumam lançar seus exemplares com um curto tempo de hiato entre eles – o recomendável sempre foi de 3 em 3 anos para não saturar o público. Nos tempos acelerados de hoje, grandes séries cinematográficas, como Star Wars, os filmes da Marvel e Velozes e Furiosos, às vezes não chegam sequer a intercalar seus capítulos anualmente. Seguindo na extrema contramão desta tendência, a franquia Johnny English pode ser considerada uma série relutante do cinema.

Capitalizando em cima do carisma e humor clássico de Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean, a Universal confeccionava o primeiro Johnny English (2003), sátira aos filmes de espiões, mais comportado e dono de um humor (quase sempre) mais sofisticado e físico, tirado de situações, do que seu concorrente Austin Powers, por exemplo- cujo encerramento da “trilogia” chegava justamente no ano anterior ao lançamento do “rival”. Ao contrário do colega do serviço secreto de sua majestade, vivido por Mike Myers, o personagem de Atkinson só voltaria numa sequência oito anos depois, com O Retorno de Johnny English (2011).

Mais sete anos e temos esta terceira parte, Johnny English 3.0 – que traz o protagonista de volta à sua rotina humorística já muito conhecida. Assim como ocorre nos filmes de James Bond, a cada nova aventura, English troca de vilão de English Girl e também de comandante do barco. Aqui não é diferente, e na direção, substituindo Peter Howitt (Um Álibi Perfeito) e Oliver Parker (O Exército do Papai), temos David Kerr (da cultuada série Inside Nº 9).

Não existe muito que distinga o novo exemplar dos demais, a não ser o fato de que nesta terceira vez, a fórmula parece ter perdido o gás – se é que alguma vez já o teve. O humor de Atkinson combina com o longa, e pode ser dito que o filme é moldado em cima disso. Ou seja, se você já passou dos trinta, é capaz de se divertir com as tiradas “Beanescas” do protagonista. Mas esteja avisado, Johnny English 3.0 é ingênuo e inocente, soando como aquele tipo de produção deslocada de seu tempo, funcionando numa bolha saída direto da década de 1990.

Até mesmo a ameaça, embora tenha respaldo no mundo tecnológico cada vez mais avençado, recai no teor datado – já que esquemas relacionados à computação e informática eram tema de alguns filmes de 007 da década de 1980, por exemplo. A evolução ocorre fora das telas, com o avanço do mundo moderno, mas dentro do roteiro a situação ainda se encontra estagnada. E sobram humor pastelão e gags recicladas.

Johnny English não é nada de novo ou sequer especial. Recria exatamente os mesmos dispositivos utilizados em todo e qualquer filme do gênero, desde o superior durão que não acredita no potencial do herói – papel da veteraníssima premiada Emma Thompson -, até a bela e sedutora femme fatale, que vive para se mostrar uma agente dupla – interpretada por uma verdadeira Bond Girl, Olga Kurylenko (de 007 Quantum of Solace).

Bom, e apesar de ter “batido” tanto no filme até agora, preciso ressurgir em sua defesa. Sim, Johnny English 3.0 é datado, pouco criativo e nada inovador. No entanto, é exatamente o tipo de filme calmo, dono de humor seguro e impulsionado pela comicidade inerente de seu protagonista, cada vez mais raro. Atkinson é um dos grandes do humor e apenas sua presença é suficiente para nos fazer abrir um sorriso. E sim, algumas cenas são dignas de risadas e até gargalhadas. Mesmo que não seja em abundância.

A forma para se avaliar uma comédia é simples: ou é engraçada ou não é. E os convido a resistir à cena na qual o agente testa a imersão da realidade virtual de “verdade”. Uma sequência longa e inspirada, cuja insanidade é histérica.

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