Crítica | Juntos e Enrolados – Cacau Protásio estrela comédia clichê com boas piadas

Cacau Protásio está com tudo e não vai abrir mais mão do protagonismo nas telonas. Depois de ser uma das atrizes que mais lançou filmes em 2021 nos cinemas (foram 3 ao total, junto com Larissa Manoela, que também lançou 3, mas no streaming), sendo eles ‘A Sogra Perfeita’, ‘Amarração do Amor’ e, agora, ‘Juntos e Enrolados’ (cuja cabine de imprensa foi realizada ainda 2021), que chega ao público como o primeiro grande filme brasileiro do ano e a responsabilidade de abrir a temporada 2022 de comédias nacionais.

Daiana (Cacau Protásio) é uma respeitada salva-vidas de um clube particular, onde trabalha nas horas vagas, pois, no dia a dia, é uma renomada bombeira, que desperta a paixão do Tenente Marcondes (Marcos Pasquim). Um dia, no clube, ela se vê na urgência de salvar a vida do coitado do Júlio (Rafael Portugal), um bombeiro hidráulico contratado autonomamente pelo clube para fazer melhorias no espaço e que, espertamente, resolveu dar um mergulho na piscina e se afogou. Mas, do afogamento, surge o amor, e Daiana e Júlio se apaixonam perdidamente. A parceria dos dois vai muito bem, enquanto os dois dão duro para juntar dinheiro para realizar a sonhada festa de casamento. Porém, o amor entre eles será colocado a teste em plena festa de casamento. Será que o amor a tudo perdoa?

Com aproximadamente uma hora e meia de duração, ‘Juntos e Enrolados’ é bem o tipo de comédia que agrada ao público geral, com personagens bem parecidos com o cidadão brasileiro, o trabalhador que luta diariamente para conquistar seus sonhos. Essa aproximação identitária com o público é certamente um grande acerto do longa, pois consegue fazer com que o espectador geral se conecte ao mundo dos personagens e se solidarize com as situações enfrentadas por eles, especialmente aquelas vividas pelo casal protagonista, afinal, quem nunca teve que poupar cada moedinha do salário para conseguir adquirir um bem?

O roteiro de Rodrigo Goulart, Sabrina Garcia e Cláudio Torres Gonzaga é fácil de adivinhar, calcado muito mais no poder interpretativo dos protagonistas do que em criar situações de reviravoltas que agitem o enredo. E é aí que entra toda a experiência de Cacau Protásio, cuja voz e talento se expandem na telona e conquistam os holofotes em todas as cenas em que aparece, até mesmo nos momentos de tristeza do longa. Sua química natural com Evelyn Castro (que faz a cerimonialista, melhor amiga da noiva) cria situações hilárias que entretêm o espectador mais até do que as com seu par, Rafael Portugal. Sinal de que os ventos do humor estão soprando favoráveis às mulheres comediantes.

Eduardo Vaisman e Rodrigo Van Der Put fazem de seu ‘Juntos e Enrolados’ a clássica comédia das férias de verão no cinema brasileiro, recheadas de situações que o povo rapidamente se identifica e com um elenco que há anos vem consolidando as novas faces do humor nacional – com direito a música inédita e temática do próprio Rafael Portugal no pós-crédito. Uma pena, entretanto, que dada as indevidas polêmicas, todo o núcleo da história passada no corpo de bombeiros tenha sido reduzido; do contrário, o personagem Tenente Marcondes teria feito mais sentido e, provavelmente, teria incluído mais situações cômicas à trama.