quarta-feira, agosto 20, 2025
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    Crítica | ‘Jurassic World: Recomeço’ tem erros óbvios, mas vale a pena pela NOSTALGIA e pela aventura

    A franquia ‘Jurassic Park’ teve seu início em 1993 e, em pouco tempo, tornou-se uma das mais populares do circuito de ficção científica e aventura – sagrando-se um clássico instantâneo da sétima arte e da carreira de Steven Spielberg. Desde então, o sucesso do longa-metragem rendeu duas sequências diretas e uma saga derivada intitulada ‘Jurassic World’, arrecadando milhões de dólares ao redor do mundo. Entretanto, é inegável que algumas incursões falharam em trazer algo novo a esse incrível universo, como ‘Domínio’, que apostou fichas nos personagens-legado, mas falhou em nos convencer com uma narrativa pretensiosa demais para ser levada a sério.

    Não demorou muito até que Spielberg e sua companhia, a Amblin Entertainment, resolvesse revitalizar a saga mais uma vez – com o eventual anúncio de ‘Jurassic World: Recomeço’. O quarto capítulo do spin-off e a sétima entrada no geral pega páginas emprestadas das primeiras iterações e remodela os conhecidos tropos de filmes de aventura e ação para a contemporaneidade – e com o claro objetivo de honrar um memorável legado. E, apesar dos claros deslizes que aparecem na estrutura do projeto, o resultado é aprazível o suficiente para nos envolver em uma divertida e despojada história que sabe de seus limites e tem plena consciência de que não irá “reinventar a roda”.

    A trama não funciona como sequência direta dos eventos de ‘Domínio’, e sim nos apresenta a uma ramificação que explora o segundo declínio dos dinossauros: incapazes de se adaptarem a condições climáticas e ambientais totalmente diferentes da época em que caminhavam pelo planeta, boa parte desses gigantescos animais morreu, com os sobreviventes migrando para os trópicos para sobreviverem. Isolados do mundo, eles se tornam alvo de uma indústria farmacêutica bilionária comandada pelo ambicioso Martin Krebs (Rupert Friend), que contrata os serviços da agente de operações especiais Zora Bennett (Scarlett Johansson) e do paleontólogo Henry Loomis (Jonathan Bailey) para conseguir três amostras de dinossauros que servirão de base para a criação de um medicamento revolucionário.

    Acompanhados das habilidades inegáveis de navegação e exploração de Duncan Kincaid (Mahershala Ali), colega de longa data de Zora, eles viajam para esse perigoso lugar e se veem em meio a cenários mortais, lutando para sobreviver. E, como podemos perceber a partir dessa breve premissa, o resgate saudosista das icônicas narrativas de aventura dos anos 1990 que não tem nada além do mais puro desejo de nos entregar entretenimento – e que, mesmo com deslizes óbvios, cumpre com o prometido.

    O primeiro ponto de análise vem com o elenco, que parece ter sido escolhido a dedo para interpretar arquétipos seminais de obras similares: Johansson, conhecida por seu papel como Viúva Negra no Universo Cinemático Marvel, já é uma veterana de produções aventurescas e se diverte ao encarnar Zora, singrando entre o drama e a comédia e o instinto de sobrevivência que a levará ao extremo para garantir que todos saiam vivos. Bailey, recém-saído de um estrelato gigantesco por ‘Bridgerton’ e ‘Wicked’, transmuta-se no divertido e apaixonado Henry, arrastado para uma jornada inesperada e percebendo que há mais para ser vida além dos fósseis empoeirados de um museu. E Ali, trazendo todo seu conhecendo carisma, desfruta de uma química ótima ao lado de Johansson e Bailey.

    Friend, encarnando o “antagonista” da narrativa, faz um bom trabalho, mas a construção de seu personagem não tem muita relevância palpável – jogando-o para escanteio e desperdiçando sua presença magnética em escolhas controversas. E, completando esse time, temos a presença de um núcleo secundário formado por Manuel Garcia-Rulfo como Reuben Delgado, um versátil marinheiro que foi alvo de um naufrágio perto da ilha dos dinossauros ao lado das filhas Teresa (Luna Blaise) e Isabella (Audrina Miranda) e do genro, Xavier (David Iacono). A decisão de colocar uma subtrama poderia ter tido efeito reverso ao desejado, mas a convicção com que esse núcleo dá vida aos respectivos personagens resulta num maior número de cenas de tensão que colocam o homem contra a ameaça de uma natureza opressiva.

    Gareth Edwards, responsável pela direção, demonstra conhecer a franquia imortalizada por Spielberg e constrói uma singela carta de amor a esse universo ficcional que continua a encantar espectadores ao redor do mundo. E um dos aspectos mais interessantes a ser analisado pelo realizador é a forma como bebe de títulos semelhantes para trazer uma beleza artística que não víamos há bastante tempo – considerando o mecânico trabalho de câmera de Colin Trevorrow. Trazendo dinamismo e vida de volta à saga, Edwards é guiado pelo nostálgico roteiro assinado por David Koepp, que se apoia em seu conhecido trabalho no universo para construir uma narrativa moldada aos tropos de filmes de assalto.

    Se você esperava encontrar uma trama extremamente original, ‘Jurassic World: Recomeço’ talvez não seja para você. Porém, se conseguiu pegar o sutil indício fornecido pelo título e tem certeza de que está prestes a assistir a mais de duas horas de pura homenagem à essa memorável franquia, garanto que seu tempo na sala de cinema vai valer a pena.

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