Kylie Minogue nos deu o primeiro gostinho do que seria ‘Disco’, seu 15º álbum de estúdio de originais e sequência do country-pop ‘Golden’, há algumas semanas. O lead single “Say Something”, em toda sua aura oitentista e seu singelo escopo instrumental. Entretanto, a falta de um refrão mais decifrável e dançante eventualmente não representou o convincente retorno às suas raízes como havia prometido.
Isso é, até agora.
Nesta quinta-feira (24), a princesa do pop australiana nos convidou para as pistas de dança com a perfeição iconográfica de “Magic”, nova canção promocional para a vindoura obra – e, de fato, Minogue encarnou a discoteca clássica dos anos 1970 com uma dançante e narcótica performance. Representando com solidez magnífica o título que escolheu para o próximo CD, só tenho a dizer que a faixa não é apenas um dos pontos altos do ano, mas também de sua carreira. Afinal, temos tudo que mais adoramos nessa icônica artista: sensualidade, vocais irretocáveis, figurinos brilhantes e uma paleta fonográfica que funde dois mundos distintos em um universo escapista e viciante.
Se Gloria Gaynor e Diana Ross se unissem nos dias de hoje para performarem juntas, “Magic” provavelmente teria sido o resultado. A composição melódica nutre de um familiar crescendo que é bastante prático em todos os momentos, entregando exatamente o que precisávamos para uma época tão conturbada. O arranjo do piano com os trompetes e com o minimalismo dos sintetizadores se cruzam em uma exuberante narrativa romântica e uma ode ao carpe diem que não poderia ter explicação mais clara para aqueles que desejam alcançá-lo.
“Viva o hoje” é a frase que resume essa belíssima incursão – e é o mote que rege a atmosfera própria de Kylie Minogue, uma lenda da música que ainda tem muito a nos entregar e que, principalmente agora, vem como uma guinada para levantarmos da nossa apatia e dançar como se não houvesse amanhã.