Lady Gaga é um poderoso nome da música contemporânea – e um dos últimos grandes atos da história do pop. Seguindo o caminho trilhado por Cher, Madonna e Britney Spears, a jovem cantora conquistou fama em 2008 com o lançamento de seu primeiro álbum de estúdio e, desde então, tornou-se um expoente de talento irretocável e inegável, talvez recusando-se mais do que o esperado a dividir os holofotes com outras figuras da indústria fonográfica.
Ao longo de sua carreira, algumas colaborações musicais ganharam aclame universal, como foi o caso de “Telephone”, ao lado de Beyoncé, “The Lady Is a Tramp”, com Tony Bennett, “Hey Girl”, com Florence Welch e, mais recentemente, “Shallow”, música-tema de ‘Nasce Uma Estrela’ performada ao lado de Bradley Cooper. Em 2020, Gaga nos surpreendeu com o anúncio de seu 6º álbum de estúdio e, mais do que isso, com três feats de grande calibre para a esfera atual – sendo a mais chamativa a canção “Rain On Me”, realizada com a vencedora do Grammy Ariana Grande.
O segundo single oficial de ‘Chromatica’, lançado hoje (22), viralizou nas redes sociais e alcançou o patamar de uma das músicas mais aguardadas do ano. E o resultado é uma fantástica e futurista aventura que atravessa praticamente tudo o que Gaga nos entregou desde seu début, voltando-se para os anos 1980 e 1990 com uma mistura vibrante de synth-pop e disco-dance, esbarrando nos espectros do house-pop e do new wave.
A artista mais uma vez prova sua versatilidade ao nos manter inquietos, esperando com ansiedade extrema o que de novo ela tem para nos mostrar – e isso é provado pelo início nada ortodoxo de uma produção que deveria seguir os passos da música predecessora. Tendo início com os acordes melódicos de um violão à la ‘Joanne’, os toques gradativamente transmutam-se em um hino explosivo que nos convida para a pista de dança. O interessante é que, levando em conta o que Gaga vinha nos prometendo, essa arquitetura comercial era de se esperar – mas não do modo como nos foi apresentado.
De certa forma, a track cimenta um retorno glorioso da cantora ao pop, depois de anos investindo em outros lados de sua persona. Aqui, Grande divide os holofotes em uma rendição muito bem delineada, colocando-a em contato com a sonoridade familiar de ‘Dangerous Woman’, explorando vocais impactantes em contraste com uma densa e grave escolha da lead singer. Para além disso, a dupla une-se em um dueto que mantém uma exuberância clássica sem perder as tendências atuais que também vêm sendo abraçadas por outras artistas.
O resultado final é um presente para os little monsters e arianators: “Rain On Me” abusa dos pontos fortes de ambas as partes, que caminham de mãos dadas para uma divertida e deliciosa incursão musical.
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