domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Hora do Desespero: Naomi Watts é uma mãe em desespero em bom thriller

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2021

Uma vasta extensão de árvores frondosas se entrelaçam como um jardim botânico, tornando tudo aquilo que está ao redor e que é urbano demais em uma distante memória. Em meio ao isolamento da natureza, Naomi Watts vive uma mãe desesperada, que vê sua corrida matinal se transformar em um pesadelo soturno. Sem sinal de telefone, com pouca bateria no celular e informações soltas, ela se vê diante de um dilema que nenhuma mãe deveria viver: Seria meu filho um assassino dentro de sua própria escola?



A Hora do Desespero é um thriller interessante sobre bullying, contado por uma perspectiva diferente. Abordando indiretamente o crônico problema norte-americano de tiroteios nas escolas, o diretor Phillip Noyce e o roteirista Chris Sparling reforçam uma conversa essencial e honesta sobre como um crime dessa natureza é consequência de algo muito mais profundo e enraizado. Salientando a premissa de que um coração ferido é capaz de ferir tantos outros, o filme volta os seus olhos para um ângulo pouco abordado dentro desse subgênero. Com Watts dominando a tela em quase toda a sua totalidade, o cineasta faz do desespero de uma mãe o ponto central da narrativa.

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E ainda que o fundamental debate sobre bullying e cyberbullying sejam deixados um tanto à deriva, A Hora do Desespero não se compromete com a mesma missão do sensacional drama Mass, que mostra as inesgotáveis sequelas que este crime traz para os pais dos filhos afetados. Aqui, no epicentro do tiroteio escolar, um contexto familiar doloroso se mostra como o terreno fértil para mágoas, rancor e ira, levando uma mãe e viúva a ter que lidar com a possibilidade do seu próprio ser o responsável pelo crime. Essa grande dúvida não apenas acompanha Amy, como também a própria audiência – que é levada para uma espiral alucinante de muitos questionamentos e poucas respostas.

Watts leva um pouquinho de nós em sua poderosa performance, como uma mãe que tenta voltar para seu filho, enquanto está cercada por uma mata fechada, onde o caminho de volta para se dissipar cada vez mais. A pé e sem qualquer tecnologia que a auxilie, ela desafia sua mente e seu corpo em uma corrida literal e alucinante. E em meio a uma notável exaustão física, a atriz brilha em tela, prende a nossa atenção e faz desse filme o seu próprio espetáculo visual.

Um thriller que prende a nossa respiração e aguça os nossos sentidos – nos levando para uma experiência bem palpável -, A Hora do Desespero é mais uma preciosidade nascida na quietude da pandemia, que ainda mostra como uma boa história pode ser feita com um pequeno orçamento. A sufocante direção de Philippe nos transporta para a atmosfera de Watts e seu final tocante e inspirador é um sopro de vida, que reitera a necessidade de manter viva as inquietantes conversas sobre bullying dentro das escolas.

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Uma vasta extensão de árvores frondosas se entrelaçam como um jardim botânico, tornando tudo aquilo que está ao redor e que é urbano demais em uma distante memória. Em meio ao isolamento da natureza, Naomi Watts vive uma mãe desesperada, que vê sua corrida matinal se transformar em um pesadelo soturno. Sem sinal de telefone, com pouca bateria no celular e informações soltas, ela se vê diante de um dilema que nenhuma mãe deveria viver: Seria meu filho um assassino dentro de sua própria escola?

A Hora do Desespero é um thriller interessante sobre bullying, contado por uma perspectiva diferente. Abordando indiretamente o crônico problema norte-americano de tiroteios nas escolas, o diretor Phillip Noyce e o roteirista Chris Sparling reforçam uma conversa essencial e honesta sobre como um crime dessa natureza é consequência de algo muito mais profundo e enraizado. Salientando a premissa de que um coração ferido é capaz de ferir tantos outros, o filme volta os seus olhos para um ângulo pouco abordado dentro desse subgênero. Com Watts dominando a tela em quase toda a sua totalidade, o cineasta faz do desespero de uma mãe o ponto central da narrativa.

E ainda que o fundamental debate sobre bullying e cyberbullying sejam deixados um tanto à deriva, A Hora do Desespero não se compromete com a mesma missão do sensacional drama Mass, que mostra as inesgotáveis sequelas que este crime traz para os pais dos filhos afetados. Aqui, no epicentro do tiroteio escolar, um contexto familiar doloroso se mostra como o terreno fértil para mágoas, rancor e ira, levando uma mãe e viúva a ter que lidar com a possibilidade do seu próprio ser o responsável pelo crime. Essa grande dúvida não apenas acompanha Amy, como também a própria audiência – que é levada para uma espiral alucinante de muitos questionamentos e poucas respostas.

Watts leva um pouquinho de nós em sua poderosa performance, como uma mãe que tenta voltar para seu filho, enquanto está cercada por uma mata fechada, onde o caminho de volta para se dissipar cada vez mais. A pé e sem qualquer tecnologia que a auxilie, ela desafia sua mente e seu corpo em uma corrida literal e alucinante. E em meio a uma notável exaustão física, a atriz brilha em tela, prende a nossa atenção e faz desse filme o seu próprio espetáculo visual.

Um thriller que prende a nossa respiração e aguça os nossos sentidos – nos levando para uma experiência bem palpável -, A Hora do Desespero é mais uma preciosidade nascida na quietude da pandemia, que ainda mostra como uma boa história pode ser feita com um pequeno orçamento. A sufocante direção de Philippe nos transporta para a atmosfera de Watts e seu final tocante e inspirador é um sopro de vida, que reitera a necessidade de manter viva as inquietantes conversas sobre bullying dentro das escolas.

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